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Crítica: Minions, 2015

SINOPSE
Livre

Seres amarelos milenares, os minions têm uma missão: servir os maiores vilões. Em depressão desde a morte de seu antigo mestre, eles tentam encontrar um novo chefe. Três voluntários, Kevin, Stuart e Bob, vão até uma convenção de vilões nos Estados Unidos e lá se encantam com Scarlet Overkill (Sandra Bullock), que ambiciona ser a primeira mulher a dominar o mundo.

CRÍTICA

Em 2010, a Illumination Entertainment lançou seu primeiro filme animado, "Meu Malvado Favorito", sobre um gênio do mal chamado Gru que estava lutando para se manter no topo do negócio de vilões, com a ajuda de seus ajudantes em tamanho pequeno conhecidos como minions. Aquele filme arrecadou mais de $250 milhões apenas nos EUA (quase quádruplo do que custou), então, naturalmente, houve uma sequência. Em 2013, "Meu Malvado Favorito 2" arrecadou mais de $368 milhões localmente e foi avaliado pelo público como ainda melhor que o original. Os minions foram uma das grandes razões para isso. Eles foram um sucesso no primeiro filme e tiveram um papel maior no segundo filme, que teve um desempenho ainda melhor que o primeiro, então, naturalmente, eles ganharam um filme próprio.

Os minions são criaturas amarelas em formato de pílula e do tamanho de crianças cujo único propósito na vida é servir um mestre do mal. Alguns são um pouco mais altos que os outros, têm estilos de cabelo (escassos) levemente diferentes, alguns têm dois olhos e outros apenas um, mas todos usam óculos de proteção e falam em uma espécie de balbucio infantil que combina inglês, espanhol, francês e possivelmente pedaços de algumas outras línguas também (é um pouco difícil de identificar). Ah, e mais uma coisa - eles são simplesmente e completamente ADORÁVEIS! Apesar de suas inclinações maléficas, eles são inocentes simples e de mentalidade infantil que apenas querem se divertir e realizar seu potencial como ajudantes. E eles estão bem no centro de "Minions" (PG, 1:31).

Essa sequência dos filmes "Meu Malvado Favorito" é realmente um spin-off e também uma prequela, que nos leva de volta ao início da história dos minions - ATÉ o começo mesmo. Nós vemos como os minions surgiram e, através de uma série curta de vinhetas, nós observamos suas bem-intencionadas, porém hilariantemente fracassadas tentativas de servir uma grande variedade de mestres mal-humorados ao longo da história. Finalmente, eles são expulsos para o exílio em uma caverna de gelo na Antártida. Eles constroem uma civilização e fazem o seu melhor para se divertirem, mas sem um mestre para servirem, eles ficam insuportavelmente entediados. Então, em 1968, Kevin (dublado pelo co-diretor Pierre Coffin, que faz todas as vozes dos minions), um minion alto, informa à sua tribo que ele vai em uma busca para encontrar um novo mestre para eles. Com apenas o minion extremamente infantil (até os padrões dos minions) chamado Bob e um "voluntário" chamado Stuart para ajudar, Kevin começa sua jornada.

Os três minions acabam na Villain Con, uma convenção secreta de super vilões e seus fãs, onde os minions conhecem e são contratados por Scarlet Overkill (Sandra Bullock), a primeira super vilã feminina. Scarlet está levando seu típico sonho infantil de ser uma princesa um pouco a sério demais. Ela quer que seus recém-contratados ajudantes roubem as joias da coroa britânica para que ela possa se tornar a Rainha da Inglaterra. O marido de Scarlet, Herb (John Hamm), fornece a Kevin, Stuart e Bob uma variedade de suas invenções do mal e eles embarcam em sua missão. Claro, sendo minions, nada sai como planejado, uma coisa leva a outra, Scarlet sente que os minions a traíram e ela sai em busca de vingança contra Kevin, Stuart e Bob, enquanto ainda tenta alcançar seu objetivo. Enquanto isso, o resto dos minions recebe a notícia de que Kevin encontrou um novo mestre para eles no Reino Unido e toda a tribo está trabalhando para chegar lá o mais rápido possível.

"Minions" tem um público-alvo um pouco diferente dos filmes "Meu Malvado Favorito" e parece ser um pouco demais da mesma coisa. Não me entenda mal - EU AMO os minions, mas o humor deles pode se tornar cansativo. Mesmo a fofura poderosa dos minions não consegue sustentar um filme inteiro. Além disso, enquanto os filmes "Meu Malvado Favorito" pareciam agradar quase igualmente crianças, adolescentes e adultos, o spin-off dos minions é mais voltado para crianças. A animação, dublagem e história são tão boas quanto nos filmes anteriores em que os minions apareceram, mas o humor deste filme é um pouco mais rasteiro. Os adultos vão gostar da trilha sonora e há muitos momentos fofos, inteligentes e engraçados. "Minions" funciona bem como um filme para toda a família, mas acho que os pequenos amarelinhos deveriam continuar sendo divertidos ajudantes malvados. É o que eles fazem melhor. "B+"

10 filmes sobre vampiros (além conde Drácula)

Se há um tema que cativa e instiga a imaginação do público há séculos, são os vampiros. Desde o icônico Drácula, criado por Bram Stoker, essas criaturas míticas fascinam a todos com seu poder de sedução e imortalidade. Porém, além do conde transilvano mais famoso de todos, há uma gama de filmes que exploram o universo dos vampiros de maneiras surpreendentes e inovadoras. Com os avanços da tecnologia cinematográfica e uma crescente diversidade de temas e abordagens, o mundo dos filmes sobre vampiros foi além do óbvio e nos presenteou com obras cinematográficas que vão muito além das histórias corriqueiras do Conde Drácula. 

1. Nosferatu

Em mais uma adaptação do clássico Nosferatu, filme mudo de 1922, seguimos o vampiro Conde Orlok - Inspirado em “Drácula” - que quer comprar uma casa na Alemanha, mas acaba se apaixonando pela esposa do corretor de imóveis.

2. Buffy

Buffy Summers (Sarah Michelle Gellar), uma adolescente de 15 anos, descobre logo cedo que não é uma garota comum. Ela é uma Caça-Vampiros, uma das escolhidas para lutar contra o mal e proteger o mundo de monstros. Com os amigos Willow (Alyson Hannigan) e Xander (Nicholas Brendon), e seu Guardião Giles (Anthony Head), ela vai enfrentar os perigos dos vampiros e demônios enquanto tenta sobreviver ao Ensino Médio. 

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3. Renfield: Dando o Sangue Pelo Chefe

Não recomendado para menores de 18 anos

Renfield - Dando Sangue Pelo Chefe é um filme de comédia, terror e fantasia sombria, que conta a história de Renfield (Nicholas Hoult), o leal capanga do temido Conde Drácula (Nicolas Cage). Renfield se dedica totalmente a servir o Conde e obedece prontamente todas as suas ordens, incluindo encontrar as presas perfeitas para que o vampiro possa continuar vivendo por toda a eternidade. Porém, após tantos séculos de servidão, Renfield finalmente tem um momento de lucidez e decide que quer deixar seu posto para começar uma nova vida longe do “chefe” - vontade que se intensifica ainda mais quando ele acaba se apaixonando.

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4. Dupla Jornada

Não recomendado para menores de 16 anos

Em Dupla Jornada, um pai trabalhador só quer proporcionar uma boa vida para sua filha de 8 anos de idade. Mas seu trabalho comum de limpeza de piscinas em San Fernando Valley é apenas uma fachada, para sua verdadeira fonte de renda: caçar e matar vampiros.

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5. HollyBlood

Desesperado para conquistar uma garota, um adolescente tímido decide se passar por um vampiro. Mas um imortal de verdade está à espreita.

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6. Morbius

Não recomendado para menores de 14 anos

Baseado no personagem de mesmo nome da Marvel Comics, Michael Morbius (Jared Letto) sempre sofreu com uma condição rara em seu sangue que o faz andar de bengala e desde criança ser excluído por outros, mas sua vida solitária foi preenchida por livros. Após se formar na faculdade, Doutor Morbius é renomado na área de biomedicina e tenta achar uma cura para sua rara condição, afim de não apenas se ajudar, mas ajudar outras pessoas que também sofrem como ele. Experimentando com o DNA de morcegos, Morbius espera achar a cura e se usa como teste para o soro. Usando o DNA que isolou e uma mistura de eletrochoque, a cura foi um sucesso temporário, mas os efeitos colaterais acabaram transformando-o em um pseudo-vampiro e que agora precisa sobreviver como um. Apesar de ganhar capacidades iguais a de um morcego, Morbius precisa de sangue humano para sobreviver, os efeitos colaterais também o fez mudar fisicamente, ganhando presas e uma pele pálida. Além disso, a cada pessoa que ele morde, ela também vira um ser igual a ele.

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7. Dez Minutos Para a Meia-Noite

Não recomendado para menores de 14 anos

Devido a uma forte tempestade, uma apresentadora veterana fica presa em uma estação de rádio. Depois de ser mordida por um morcego, ela passa a aterrorizar os seus colegas de trabalho enquanto lentamente se transforma em uma vampira.

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8. V para Vingança

Emma e Scarlett vão atrás de sua irmã, após ela ser sequestrada por um grupo de vampiros. Depois do resgate, elas juram vingança aos que fizeram mal a sua família.

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9. Entrevista com o Vampiro

Um jornalista biógrafo entrevista um jovem que afirma ser vampiro. Louis de Pointe du Lac, um homem que perdeu tudo, narra suas experiências dos últimos 200 anos e reconta seu encontro com Lestat de Lioncourt, uma criatura da noite.

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10. Blade Trinity

A guerra entre humanos e vampiros continua, mas a melhor esperança dos humanos, o meio-vampiro Blade, foi acusado de vários assassinatos e, agora, a opinião pública está contra ele. O responsável pela publicidade negativa de Blade é Danica Talos, que está determinada a vencer. Agora Blade precisa aliar-se aos caçadores de vampiros para salvar a humanidade.

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Crítica: Que horas ela volta?, 2015

SINOPSE

Não recomendado para menores de 12 anos

A pernambucana Val (Regina Casé) se mudou para São Paulo a fim de dar melhores condições de vida para sua filha Jéssica. Com muito receio, ela deixou a menina no interior de Pernambuco para ser babá de Fabinho, morando integralmente na casa de seus patrões. Treze anos depois, quando o menino (Michel Joelsas) vai prestar vestibular, Jéssica (Camila Márdila) lhe telefona, pedindo ajuda para ir à São Paulo, no intuito de prestar a mesma prova. Os chefes de Val recebem a menina de braços abertos, só que quando ela deixa de seguir certo protocolo, circulando livremente, como não deveria, a situação se complica.

CRÍTICA

Em um momento em que o cenário político brasileiro é contestado por cidadãos e representantes eleitos, o filme "Que Horas Ela Volta?", dirigido por Anna Muylaert, surge como uma obra exemplar ao discutir um Brasil dividido. Através de uma mistura de drama e comédia, o filme aborda as questões que confrontam o Nordeste e o Sudeste, os ricos e os pobres, o Brasil segregacionista e a ideia de união nacional.

A protagonista Val, interpretada por Regina Casé, é uma empregada doméstica de Recife que vive há mais de uma década em São Paulo, na casa de seus patrões. Apesar de ser considerada "quase da família" e de ter criado os filhos dos patrões como se fossem seus, ela ainda é segregada, fazendo suas refeições em uma mesa separada e dormindo no quartinho dos fundos, nunca tendo tido acesso à grande piscina onde os outros se divertem. A escolha de retratar uma empregada doméstica ilustra a condescendência de uma elite que acredita ser superior, como já discutido pelos sociólogos Michel Pinçon e Monique Pinçon-Charlot.

Anna Muylaert sempre soube brincar com as diferenças sociais, especialmente destacando a classe média. Às vezes, seu humor peculiar e absurdo funciona bem, como em "Durval Discos" e "É Proibido Fumar", enquanto outras vezes ela força um pouco a mão na caricatura, como em "Chamada a Cobrar". "Que Horas Ela Volta?", com um cunho mais dramático e uma narrativa mais convencional que seus filmes anteriores, é sua melhor obra até agora, a mais doce e comovente, evitando cair no maniqueísmo que o confronto entre opostos poderia resultar.

A chegada de Jéssica (Camila Márdila), filha de Val, à casa dos patrões para se preparar para o vestibular, é o elemento que implode a dinâmica familiar. Jéssica é uma garota questionadora que funciona como um elemento subversivo, evidenciando a artificialidade daquela estrutura que parecia natural tanto para a família como para Val. Assim como o visitante de "Teorema", ela chega com um passado misterioso, seduzindo o pai e o filho, questionando a autoridade da patroa e desestabilizando sua própria mãe.

A representação é equilibrada graças ao excelente trabalho do elenco. Regina Casé desconstrói seus gestos corporais amplos e adota uma feição mais simples e lenta, uma mulher que desempenha as mesmas tarefas há décadas. O humor de suas falas é irônico, mas simples e cotidiano, o que leva sua personagem e o filme para um tom bem-vindo de crônica social. Camila Márdila também tem uma atuação excepcional, navegando pelo terreno desconhecido daquela casa e sutilmente ganhando espaço como uma estrategista. Karine Teles e Lourenço Mutarelli cumprem bem o papel do casal rico e supostamente descolado, apesar de estarem presos às convenções sociais.

O roteiro talvez insista um pouco demais em certos símbolos, como o sorvete e as xícaras de café, mas isso se justifica pela intenção de transformar um único lar em um exemplo de milhares de outros lares em situações semelhantes. Por isso, pequenos detalhes ganham uma importância maior do que teriam normalmente. A atitude de Carlos em relação a Jéssica também pode surpreender, mas encaixa-se nos pequenos surrealismos que Muylaert gosta de inserir em suas histórias, como uma assinatura pessoal. No entanto, esses aspectos não alteram o ritmo agradável da história, que levou a plateia ao riso no Festival de Berlim e conquistou o público em Sundance.

É possível que o público brasileiro se identifique com o filme. Muitas pessoas irão enxergar em tela suas próprias famílias ou famílias de pessoas que conhecem. Comédias de cunho social são raras no cinema brasileiro, especialmente com a qualidade e profundidade de "Que Horas Ela Volta?". É preciso torcer para que esta obra represente aquele segmento do mercado tão necessário e tão carente em nossa cinematografia: os "filmes do meio", entre pequenos filmes de arte e grandes produções da comédia popular.

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Crítica: O ano em que meus pais saíram de férias, 2006

SINOPSE

1970. Mauro (Michel Joelsas) é um garoto mineiro de 12 anos, que adora futebol e jogo de botão. Um dia, sua vida muda completamente, já que seus pais saem de férias de forma inesperada e sem motivo aparente para ele. Na verdade, os pais de Mauro foram obrigados a fugir da perseguição política, tendo que deixá-lo com o avô paterno (Paulo Autran). Porém o avô enfrenta problemas, o que faz com que Mauro tena quhe ficar com Shlomo (Germano Haiut), um velho judeu solitário que é vizinho do avô de Mauro. 

CRÍTICA

A crítica com relação ao filme "O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias" encontra-se muito bem desenvolvida e formulada, ressaltando aspectos únicos da obra. O título escolhido pelo diretor Cao Hamburger, que contempla as duas dimensões da história vivida pelo menino Mauro, é bastante adequado para transmitir toda a essência do enredo. 

Ao contrário de outras produções cinematográficas que abordam ditaduras, este filme brasileiro apresenta um tom distinto em relação à investigação e denúncia das brutalidades do regime ou à celebração burlesca da vida em condições extremas. O longa-metragem é, indubitavelmente, triste, não permitindo ao espectador sequer rir durante seus momentos mais leves. A paleta de cores em tons dessaturados, escolhida pela cinematografia de Adriano Goldman, confere uma melancolia que percorre o filme do começo ao fim. 

A tristeza generalizada que permeava o Brasil naquela época é mostrada episodicamente, principalmente através de subtextos presentes em palavras de ordem escritas em muros e em galopes de cavalos da polícia militar pelas ruas. Assim, o filme não se foca apenas na militância política, mas também na tristeza que envolvia o país como um todo naquele momento histórico.

A escolha do roteiro em trabalhar a vida de um menino em estado de quase-abandono, sem culpabilizar os pais, é pertinente, já que reflete o abandono que a nação como um todo experimentava naquele período turbulento. Embora possa ser considerada um tanto óbvia e genérica, a construção da relação entre Mauro e Shlomo contribui para o desenvolvimento do protagonista, que, mesmo inserido em uma realidade terrível, encontra maneiras de crescer e estabelecer relações, explorar sua sexualidade e celebrar pequenas alegrias, como a vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1970.

Ao observar os momentos de Mauro assistindo às partidas de futebol, jogando botão com os amigos e interagindo em almoços na vizinhança, percebe-se que é possível vivenciar momentos felizes e plenos mesmo em uma realidade opressora. O futebol, representado como elemento agregador, desempenha um papel central na trama. Em um país dividido pela política, qualquer elemento que una as pessoas e as faça torcer e vibrar em uníssono merece destaque. Portanto, o filme se revela essencialmente disruptivo em relação ao cenário político conturbado ao redor.

Em resumo, o filme de Cao Hamburger recusa o tom melodramático usualmente adotado em obras com temáticas semelhantes, mas também não nega a melancolia presente na vivência da época. Ele demonstra que a vida nem sempre é bela, mas que também pode apresentar momentos de felicidade em certas circunstâncias e em doses controladas. Por fim, o filme faz uma sentença importante ao afirmar que a vida consegue subsistir mesmo nos piores cenários, contrariando todas as expectativas.

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Crítica: O som ao redor, 2012

SINOPSE
Não recomendado para menores de 16 anos

A presença de uma milícia em uma rua de classe média na zona sul do Recife muda a vida dos moradores do local. Ao mesmo tempo em que alguns comemoram a tranquilidade trazida pela segurança privada, outros passam por momentos de extrema tensão. Ao mesmo tempo, casada e mãe de duas crianças, Bia (Maeve Jinkings) tenta encontrar um modo de lidar com o barulhento cachorro de seu vizinho.

CRÍTICA

"O som aniquila a grande beleza do silêncio", disse Charles Chaplin. Grande nome do cinema mudo, o ator e diretor resistiu por muitos anos a aderir à técnica da fala, por achar que algo se perdia na experiência de assistir a um filme. Se estivesse vivo, o eterno Carlito provavelmente estaria ainda mais preocupado com a situação do cinema nos dias de hoje. Desde os anos 80, principalmente depois da criação da MTV, nos deparamos com produções cada vez mais barulhentas e equivocadas do ponto de vista sonoro. Alguns diretores, como o brasileiro Eduardo Coutinho, ainda procuram reforçar a importância do silêncio, mas estão cada vez mais isolados nesse mundo de Michael Bays. Felizmente, "O Som ao Redor" surge carregando essa bandeira, mesmo que não intencionalmente. O filme fala de forma sutil e utiliza o som de uma forma pouco vista no cinema mundial.

Aqueles que acompanham o cenário de curtas-metragens no Brasil já tinham voltado seus olhos para Pernambuco há alguns anos. O crítico e jornalista Kleber Mendonça Filho vem desde o início dos anos 2000 produzindo curtas muito interessantes, sempre com algo a dizer. Foi assim com "Vinil Verde" (2004), "Eletrodoméstica" (2005) e, principalmente, "Recife Frio" (2009), que arrebatou prêmios pelo mundo inteiro e chegou a ser lançado comercialmente em DVD, algo raro no formato. Ele estreou em longas com o ótimo documentário "Crítico" (2008), mas só agora se arrisca no cinema de ficção. Com "O Som ao Redor", o diretor comprova que é um profissional a ser observado no cinema brasileiro.

Diante de uma onda de violência, os moradores de uma pacata rua na zona sul do Recife decidem contratar o serviço de seguranças particulares para vigiarem as redondezas. Liderados por Clodoaldo, os vigilantes assumem uma posição importante na região, caindo nas graças até mesmo do misterioso Francisco, uma espécie de coronel dos dias de hoje, com inúmeros imóveis na área e exercendo muita influência no bairro. Essa é a premissa principal da produção, mas a verdade é que o filme é muito mais do que isso. Mendonça Filho retrata de uma forma pouco vista a classe média brasileira, destacando personagens que se revoltam, mas não perdem tempo tomando atitudes contra o que lhes causa revolta. Isso fica evidente na ótima sequência da reunião de condomínio, em que um morador se diz contra uma demissão para logo em seguida abandonar a reunião por causa de outros compromissos.

Ao registrar a rotina de inúmeras casas, o diretor também estuda a relação entre patrão e empregado. É curioso notar como essa relação varia de personagem para personagem. Temos a dona de casa que não precisa de empregada, mas que sofre com a solidão nos momentos em que o marido e os filhos estão fora. Temos o homem bonito que conhece a empregada há vários anos e a trata como se fosse de casa. E temos ainda a mulher abastada que trata mal os funcionários. A dinâmica entre essas situações é feita de forma natural, favorecida pelo ótimo desempenho de todo o elenco. Irandhir Santos, mais uma vez, mostra que é um dos melhores atores do Brasil, mas ele não está sozinho. Gustavo Jahn faz um ótimo trabalho como João, neto de Francisco, enquanto Maeve Jinkings rouba a cena como Bia, conquistando e entretendo o público em sua rotina de ódio pelo cachorro vizinho.

Assim como a história, o título "O Som ao Redor" também diz muito. Não se trata de uma obra sobre crimes elaborados ou sobre relacionamentos individuais. É um filme sobre o que está ao nosso redor, sobre ruas cada vez mais vazias e muros cada vez mais altos. Sobre câmeras de segurança, cachorros e, principalmente, pânico. Não o pânico produzido por um grande susto, mas sim aquele que existe diante da certeza permanente de que algo ruim pode acontecer. E no mundo de hoje, isso está na mente de adultos e crianças, como mostrado no longa. Além de dirigir e escrever o roteiro, Kleber Mendonça Filho também foi responsável pela montagem (ao lado de João Maria) e pelo desenho de som (ao lado de Simone Dourado). Os quatro trabalhos estão totalmente ligados nessa produção. Direção, roteiro e montagem sempre caminharam juntos no cinema, mas aqui o trabalho de som também é um elemento chave na produção. Os efeitos sonoros, trilha sonora e design sonoro são ótimos, mas os elementos que roubam a cena são a captação e a mixagem. A forma como vários sons são inseridos em meio aos poucos diálogos é merecedora de aplausos.

"O Som ao Redor" não é um filme que precisa gritar para ser ouvido, não precisa de grandes cenas dramáticas para chegar ao seu objetivo ou mesmo para contar uma história. Evolui um relacionamento amoroso para depois dizer que ele terminou sem mostrar o fim ao espectador, que, surpreendentemente, ainda se dará por satisfeito. Afinal, está claro desde o início que a vida dos personagens não é o foco da trama, mas sim a rotina de uma comunidade.

Bonito, divertido, assustador e cativante. "O Som ao Redor" é um dos melhores filmes brasileiros dos últimos tempos. Talvez o mais impressionante desde "Cidade de Deus". Celebra o cinema de gênero de John Carpenter ao mesmo tempo em que investe em um tom mais realista. Passado no Recife, no bairro em que o próprio diretor vive, também poderia se passar em qualquer grande cidade do mundo, onde as relações sociais estão cada vez mais marcadas pela paranoia e pela impessoalidade. Não deixe de assistir e escutar esse longa.

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Crítica: Aquarius, 2016


SINOPSE
Não recomendado para menores de 16 anos

Clara (Sonia Braga) tem 65 anos, é jornalista aposentada, viúva e mãe de três adultos. Ela mora em um apartamento localizado na Av. Boa Viagem, no Recife, onde criou seus filhos e viveu boa parte de sua vida. Interessada em construir um novo prédio no espaço, os responsáveis por uma construtora conseguiram adquirir quase todos os apartamentos do prédio, menos o dela. Por mais que tenha deixado bem claro que não pretende vendê-lo, Clara sofre todo tipo de assédio e ameaça para que mude de ideia.

CRÍTICA

"Aquarius", dirigido por Kleber Mendonça Filho, é um drama brasileiro de 2016 que conta a história de Clara, uma mulher de 65 anos que se recusa a vender seu apartamento para uma construtora que pretende demolir o edifício e construir um novo empreendimento no local. O filme retrata a luta de Clara contra a pressão e corrupção do mercado imobiliário, enquanto reflete sobre temas como memória, resistência e identidade. A trama de "Aquarius" é cativante e envolvente. A história é bem desenvolvida, com um ritmo adequado que permite ao espectador se envolver emocionalmente com os personagens. O filme aborda questões relevantes da sociedade contemporânea, como a especulação imobiliária, a preservação do patrimônio cultural e a resistência dos indivíduos frente ao poder corporativo.

As atuações em "Aquarius" são convincentes e emocionantes. Sonia Braga entrega uma performance excepcional como Clara, transmitindo toda a complexidade e força de sua personagem de forma brilhante. O elenco coletivo também se destaca, com atores e atrizes talentosos que trazem vida aos demais personagens da trama.

Do ponto de vista técnico, o filme é impecável. A direção de Kleber Mendonça Filho é precisa e hábil, conduzindo a história de forma inteligente e sensível. O roteiro é bem estruturado e as cenas são cuidadosamente planejadas e executadas. A cinematografia é deslumbrante, captando os detalhes da vida cotidiana e da arquitetura da cidade de Recife com maestria. A trilha sonora complementa perfeitamente a atmosfera do filme, enquanto a edição, figurino e design de produção são impecáveis. Em relação à análise estilística, "Aquarius" reflete o estilo autoral de Kleber Mendonça Filho. O diretor utiliza uma abordagem realista e íntima para retratar a vida de Clara, criando uma conexão emocional com o espectador. As escolhas estéticas, como a fotografia detalhada e os enquadramentos cuidadosamente selecionados, contribuem para a experiência de assistir ao filme, tornando-o visualmente deslumbrante e impactante.

Em termos de conteúdo, "Aquarius" aborda questões sociais e políticas relevantes, como a preservação da memória e o enfrentamento do poder corporativo. O filme provoca reflexão sobre o valor das lembranças individuais e coletivas, além de destacar a importância da resistência e da luta pelos direitos e pela justiça. Em comparação com outros filmes do mesmo gênero, "Aquarius" se destaca pela sua abordagem única e pelo retrato verossímil de uma batalha pessoal em meio a questões sociais mais amplas. O filme traz uma visão autêntica da cultura brasileira e oferece uma experiência cinematográfica rica e significativa.

Em minha opinião pessoal, "Aquarius" é um filme brilhante que merece ser visto. É uma obra de arte emocionante, que nos envolve e nos faz refletir sobre temas importantes da sociedade contemporânea. As atuações, a direção e os aspectos técnicos são de alta qualidade e contribuem para uma experiência cinematográfica excepcional. Recomendo fortemente a visualização de "Aquarius" para todos os amantes do cinema e para aqueles que buscam filmes que promovam reflexão e engajamento.

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Crítica: O pagador de promessas, 1962

SINOPSE

Zé do Burro (Leonardo Villar) e sua mulher Rosa (Glória Menezes) vivem em uma pequena propriedade a 42 quilômetros de Salvador. Um dia, o burro de estimação de Zé é atingido por um raio e ele acaba indo a um terreiro de candomblé, onde faz uma promessa a Santa Bárbara para salvar o animal. Com o restabelecimento do bicho, Zé põe-se a cumprir a promessa e doa metade de seu sítio, para depois começar uma caminhada rumo a Salvador, carregando nas costas uma imensa cruz de madeira. Mas a via crucis de Zé ainda se torna mais angustiante ao ver sua mulher se engraçar com o cafetão Bonitão (Geraldo Del Rey) e ao encontrar a resistência ferrenha do padre Olavo (Dionísio Azevedo) a negar-lhe a entrada em sua igreja, pela razão de Zé haver feito sua promessa em um terreiro de macumba.

CRÍTICA

"O Pagador de Promessas", filme dirigido por Anselmo Duarte e lançado em 1962, é uma obra-prima do cinema brasileiro que merece ser celebrada por sua trama envolvente, atuações brilhantes, aspectos técnicos impecáveis, estilo marcante e conteúdo reflexivo.

A história do filme gira em torno de Zé do Burro, um homem simples e devoto que faz uma promessa para salvar seu burro, que se machuca durante uma tempestade. Ao cumprir sua promessa e entregar a Cruz de Caravaca à Igreja de Santa Bárbara, Zé entra em conflito com a igreja e com outras pessoas que não aceitam seu ato de fé, resultando em uma série de obstáculos e consequências trágicas.

A trama apresentada no filme é cativante e bem desenvolvida, capturando a atenção do espectador do começo ao fim. O enredo é repleto de tensão e conflitos, explorando temas como fanatismo religioso, intolerância, poder e ética. Além disso, a narrativa é habilmente construída, alternando entre momentos de suspense, emoção e reflexão, mantendo o público sempre envolvido.

As atuações do elenco são uma das grandes qualidades do filme. Leonardo Villar, no papel de Zé do Burro, entrega uma performance convincente e emocionante, transmitindo com maestria a devoção e o sofrimento de seu personagem. Também é digno de destaque a atuação de Glória Menezes, interpretando a esposa de Zé, que traz momentos de força e vulnerabilidade.

Em termos técnicos, "O Pagador de Promessas" é impecável. A direção de Anselmo Duarte é precisa e habilidosa, conseguindo extrair o máximo do elenco e das locações. O roteiro é consistente e bem estruturado, explorando as dimensões emocionais e políticas da trama. A cinematografia é belíssima, com composições de quadro cuidadosas e uso eficiente da luz e da sombra. A trilha sonora, composta por Gabriel Migliori, complementa perfeitamente o clima do filme, adicionando emoção e tensão nas cenas.

A estilística do diretor Anselmo Duarte é marcante e se reflete em todo o filme. Ele faz uso de planos sequências longos, diálogos intensos e momentos de silêncio, contribuindo para a experiência única de assistir a "O Pagador de Promessas". As escolhas estéticas são autênticas e servem para reforçar a mensagem do filme, tornando-o inesquecível.

No que diz respeito ao conteúdo, "O Pagador de Promessas" levanta questões relevantes sobre o papel da religião na sociedade, discutindo a intolerância religiosa e os conflitos entre fé e poder institucionalizado. O filme provoca reflexões profundas sobre esses temas, convidando o espectador a questionar suas próprias crenças e valores. Além disso, a obra possui um impacto sociocultural significativo, sendo considerada um marco do Cinema Novo brasileiro e um divisor de águas na história do cinema nacional.

Ao comparar "O Pagador de Promessas" com outros filmes do mesmo contexto, é possível perceber a sua importância e relevância. O filme se destaca por sua originalidade e coragem ao abordar questões tão sensíveis de forma crítica e profunda. Sua influência pode ser sentida em outras produções brasileiras que exploram questões sociais e políticas de maneira similar.

Em minha opinião, "O Pagador de Promessas" é uma obra-prima do cinema brasileiro que merece ser valorizada e apreciada. Seu enredo envolvente, atuações impressionantes, aspectos técnicos impecáveis, estilo marcante e conteúdo reflexivo fazem dele um filme indispensável para qualquer amante do cinema. Recomendo fortemente a sua visualização, pois sua mensagem inspiradora e sua qualidade artística o tornam um clássico atemporal.

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Crítica: O auto da compadecida, 2000


SINOPSE
Não recomendado para menores de 12 anos

As aventuras dos nordestinos João Grilo (Matheus Natchergaele), um sertanejo pobre e mentiroso, e Chicó (Selton Mello), o mais covarde dos homens. Ambos lutam pelo pão de cada dia e atravessam por vários episódios enganando a todos do pequeno vilarejo de Taperoá, no sertão da Paraíba. A salvação da dupla acontece com a aparição da Nossa Senhora (Fernanda Montenegro). Adaptação da obra de Ariano Suassuna.

CRÍTICA

"O Auto da Compadecida", filme de 2000 baseado na peça teatral de Ariano Suassuna, é uma comédia dramática que se passa em uma pequena cidade do Nordeste do Brasil. A história gira em torno de dois amigos, Chicó e João Grilo, que se envolvem em diversas confusões enquanto tentam sobreviver e escapar da justiça local. A narrativa é repleta de elementos populares da cultura nordestina, como o humor regional e a religiosidade. 

A trama do filme é cativante e envolvente desde o início. A história é bem desenvolvida, alternando momentos de humor irreverente com um tom mais reflexivo sobre a vida e a morte. As situações vividas pelos personagens principais são engraçadas e ao mesmo tempo trazem questões importantes sobre a moral e o caráter humano. A narrativa é fluida e prende a atenção do espectador até o desfecho, que é inesperado e emocionante.

As atuações no filme são de primeira qualidade. Matheus Nachtergaele, no papel de João Grilo, entrega uma performance excepcional, com uma interpretação convincente e emocionante. Selton Mello, interpretando Chicó, também se destaca com uma atuação bastante natural e carismática. O elenco como um todo apresenta uma ótima química e entrega performances coletivas de alto nível.

A direção de Guel Arraes é muito competente, conseguindo equilibrar com maestria o humor e o drama presentes na história. O roteiro, escrito em parceria com Adriana Falcão e Jorge Furtado, é bem estruturado e utiliza recursos narrativos inteligentes. A cinematografia do filme é bela, retratando a paisagem nordestina de maneira autêntica e cativante. A trilha sonora, composta por Tom Zé, é empolgante e contribui para a atmosfera única do filme. A edição é ágil e consegue manter o ritmo da história.

No que diz respeito à análise estilística, "O Auto da Compadecida" é um filme marcante. A direção de Guel Arraes apresenta uma estética única, com fotografias e enquadramentos que valorizam a cultura nordestina. As escolhas estéticas e autorais do diretor contribuem para uma experiência visual e emocional impactante.

O conteúdo do filme aborda diversos temas relevantes, como a desigualdade social, a moralidade e a religiosidade. "O Auto da Compadecida" provoca reflexões sobre o valor da vida, a busca pela justiça e a importância da solidariedade. Além disso, o filme possui um forte impacto sociocultural ao retratar a cultura nordestina com respeito e autenticidade.

Em comparação com outros filmes do mesmo gênero, "O Auto da Compadecida" se destaca pela sua originalidade e pela forma como retrata a cultura e as tradições do Nordeste brasileiro. O filme consegue mesclar com maestria elementos de comédia e drama, resultando em uma obra única.

Em minha opinião, "O Auto da Compadecida" é um filme que merece ser amplamente assistido. As atuações são brilhantes, a história é envolvente e bem desenvolvida, os aspectos técnicos são excelentes e o filme transmite mensagens relevantes. É uma obra que consegue entreter e fazer refletir ao mesmo tempo, e com certeza recomendaria sua visualização.

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Crítica: Tropa de elite, 2007

SINOPSE
Não recomendado para menores de 16 anos

Em Tropa de Elite, o dia-a-dia do grupo de policiais e de um capitão do BOPE (Wagner Moura), que quer deixar a corporação e tenta encontrar um substituto para seu posto. Paralelamente dois amigos de infância se tornam policiais e se destacam pela honestidade e honra ao realizar suas funções, se indignando com a corrupção existente no batalhão em que atuam.

CRÍTICA

Tropa de Elite, dirigido por José Padilha e lançado em 2007, é um filme brasileiro que se passa no Rio de Janeiro e retrata a rotina de um grupo de policiais de elite, conhecido como "Batalhão de Operações Policiais Especiais" (BOPE), que enfrenta a violência e o crime organizado na cidade. A trama do filme gira em torno do Capitão Nascimento, interpretado por Wagner Moura, um policial do BOPE que está prestes a se tornar pai e está cansado da corrupção e impunidade que permeiam o sistema policial. Ele busca um substituto para seu cargo enquanto tenta prender o chefe do tráfico de drogas no Rio de Janeiro, o traficante "Baiano", e lida com a pressão da mídia e o dilema moral entre seguir a lei ou agir fora dela para fazer justiça.

A narrativa de Tropa de Elite é extremamente cativante e envolvente. A trama é bem desenvolvida, com reviravoltas interessantes que mantêm o espectador preso à história. O roteiro é inteligente e habilmente construído, mostrando a complexidade dos problemas enfrentados pela polícia e os dilemas éticos que eles precisam enfrentar.

As atuações no filme são incríveis. Wagner Moura entrega uma performance poderosa como o Capitão Nascimento, transmitindo a intensidade e a angústia de seu personagem de forma convincente. O elenco coadjuvante também é excepcional, com destaque para André Ramiro, que interpreta o policial Matias, e Fernanda Machado, no papel de Maria, a esposa de Nascimento. As atuações são emocionantes e bem executadas, contribuindo para a imersão do público na trama. Do ponto de vista técnico, Tropa de Elite é excelente. A direção de José Padilha é habilidosa, capturando a violência e a tensão das cenas de ação de forma realista. A cinematografia é impactante e a trilha sonora intensifica ainda mais o clima do filme. A edição é eficaz, mantendo um ritmo acelerado que mantém o espectador envolvido. O figurino e o design de produção são autênticos, retratando de forma realista o universo retratado.

A análise estilística de Tropa de Elite revela a visão de José Padilha sobre a violência e a corrupção existentes no Rio de Janeiro. O filme adota um estilo realista, com cenas brutas e sem filtros, que mostram a violência de forma impactante. Padilha faz escolhas estéticas que enriquecem a experiência de assistir ao filme, transmitindo uma sensação de tensão e urgência. No que diz respeito ao conteúdo, Tropa de Elite aborda questões sociais e políticas relevantes. O filme mostra a violência urbana, a corrupção policial e a falta de opções para a população de baixa renda, levantando reflexões sobre o sistema de segurança pública e a desigualdade social. O filme provoca questionamentos sobre a eficácia das políticas de combate ao crime e os limites da lei na busca pela justiça.

Ao comparar Tropa de Elite com outros filmes do mesmo gênero, o filme se destaca pela sua abordagem realista e crua do tema da violência urbana. Ele se diferencia por sua narrativa complexa e pela coragem de expor os problemas do sistema policial brasileiro. O filme também se destaca pela qualidade das atuações e pela sua capacidade de capturar a atenção do espectador. Levando em consideração todos os elementos analisados, Tropa de Elite é um filme que não deve ser ignorado. Sua narrativa envolvente, atuações excepcionais, técnica impecável e temas relevantes o tornam uma obra-prima do cinema brasileiro. O filme é recomendado para aqueles que buscam um retrato impactante e realista da realidade brasileira, mas é importante ressaltar que algumas cenas podem ser perturbadoras para alguns espectadores.

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Crítica: O quatrilho, 1995


SINOPSE

Rio Grande do Sul, 1910. Em uma comunidade rural composta por imigrantes italianos, dois casais muito amigos se unem para poder sobreviver e decidem morar na mesma casa. Mas o tempo faz com que a esposa (Patricia Pillar) de um (Alexandre Paternost) se interesse pelo marido (Bruno Campos) da outra (Glória Pires), sendo correspondida. Após algum tempo, os dois amantes decidem fugir e recomeçar outra vida, deixando para trás seus parceiros, que viverão uma experiência dramática e constrangedora, mas nem por isto desprovida de romance.

CRÍTICA

"O Quatrilho" é um filme de 1995 dirigido por Fábio Barreto, baseado no livro homônimo de José Clemente Pozenato. A trama se passa na década de 1910, no Rio Grande do Sul, e conta a história de dois casais de imigrantes italianos que decidem dividir a mesma casa para economizar recursos. Porém, essa convivência compartilhada confronta valores e emoções, levando a consequências inesperadas. A narrativa do filme é cativante e bem desenvolvida, levando o espectador a se envolver com os personagens e sua jornada. A história aborda temas como amor, traição, tradições culturais e as consequências de nossas escolhas. A trama mostra de forma realista as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes, tanto no Brasil quanto em suas origens, e como essa experiência molda suas identidades.

As atuações do elenco são convincentes e emocionantes. O quarteto principal formado por Glória Pires, Patrícia Pillar, Bruno Campos e Alexandre Paternost é especialmente forte, trazendo veracidade e profundidade aos seus personagens. A química entre eles é notável, tornando as relações entre os casais críveis e emocionalmente envolventes. Em termos técnicos, o filme se destaca pela direção de Fábio Barreto, que conduz a narrativa de forma sensível e habilidosa. A cinematografia e o design de produção retratam com precisão a atmosfera da época, contribuindo para a imersão do espectador na história. A trilha sonora, composta por Antônio Pinto, complementa a narrativa de maneira emocionalmente ancorada, realçando as emoções e a profundidade dos personagens.

O estilo de Fábio Barreto é evidente em "O Quatrilho", explorando temas universais e se aprofundando nas complexidades dos relacionamentos humanos. As escolhas estéticas e autorais do diretor contribuem para uma experiência cinematográfica cativante e impactante. Refletindo sobre o conteúdo do filme, é possível notar a abordagem sensível e profunda de questões relacionadas ao amor, lealdade, moralidade e sexualidade. Através da história dos personagens, o filme nos faz refletir sobre as consequências de nossas ações e a importância de enfrentar as consequências de nossas escolhas.

Em comparação com outros filmes do mesmo gênero ou contexto histórico, "O Quatrilho" se destaca pela qualidade de sua narrativa e atuações. Ele aborda temas universais de forma delicada e emocionalmente impactante, deixando uma marca duradoura no espectador. Em minha opinião pessoal, "O Quatrilho" é um filme emocionante e envolvente que vale a pena ser assistido. Sua história cativante, atuações convincentes e aspectos técnicos bem executados fazem dele uma obra de arte cinematográfica de alta qualidade. Recomendo sua visualização para aqueles que apreciam narrativas profundas e emocionalmente impactantes.

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Crítica: Cidade de Deus, 2002

SINOPSE
Não recomendado para menores de 16 anos

Dadinho (Douglas Silva) e Buscapé são grandes amigos, que cresceram juntos imersos em um universo de muita violência. Na Cidade de Deus, favela carioca conhecida por ser um dos locais mais violentos do Rio de Janeiro, os caminhos das duas crianças divergem, quando um se esforça para se tornar um fotógrafo e o outro o chefe do tráfico. Buscapé (Alexandre Rodrigues) é um jovem pobre, negro e muito sensível, que vive amedrontado com a possibilidade de se tornar um bandido, e acaba sendo salvo de seu destino por causa de seu talento como fotógrafo, o qual permite que siga carreira na profissão. É através de seu olhar atrás da câmera que Buscapé analisa o dia-a-dia da favela onde vive, enquanto Dadinho, agora Zé Pequeno (Leandro Firmino), se torna o temido chefe do tráfico da região, continuando com o legado de violência que remonta a décadas anteriores - e parece ser infinita. Considerado um dos melhores filmes da história do cinema brasileiro.

CRÍTICA

torne o texto único: "Cidade de Deus" (2002), dirigido por Fernando Meirelles e co-dirigido por Kátia Lund, é uma obra-prima do cinema brasileiro que narra a história do crescimento e desenvolvimento do crime na favela carioca que dá nome ao filme. A trama apresenta uma abordagem não linear, mostrando diferentes personagens e suas histórias entrelaçadas ao longo de décadas.

A narrativa de "Cidade de Deus" é cativante e envolvente desde o primeiro momento. A história é bem desenvolvida, permitindo ao espectador mergulhar no universo retratado de forma crua e realista. A maneira como os eventos são apresentados faz com que o público crie empatia pelos personagens e se envolva emocionalmente com suas jornadas.

As atuações em "Cidade de Deus" são de excelente qualidade. O elenco é composto não apenas por atores profissionais, mas também por moradores reais da comunidade, o que confere autenticidade e veracidade às performances. Destacam-se as atuações de Alexandre Rodrigues como Buscapé, personagem principal, e de Leandro Firmino como o impiedoso Zé Pequeno. As performances individuais e coletivas são convincentes, emocionantes e feitas com maestria.

Os aspectos técnicos de "Cidade de Deus" são impecáveis. A direção de Meirelles e Lund é precisa e habilidosa, conduzindo a narrativa de forma dinâmica e impactante. O roteiro, escrito por Bráulio Mantovani, é bem estruturado e consegue combinar momentos de tensão, ação e drama com maestria. A cinematografia de César Charlone é uma das mais marcantes do cinema brasileiro, utilizando planos sequência e enquadramentos criativos para intensificar a experiência visual.

A trilha sonora de Antonio Pinto e Ed Cortês é outro ponto alto do filme, criando uma atmosfera única que dialoga com a história e o ambiente retratado. A edição, o figurino e o design de produção são igualmente competentes, reforçando a imersão na realidade das favelas cariocas.

A análise estilística de "Cidade de Deus" revela um diretor com uma visão autoral bem definida. Meirelles utiliza de recursos estéticos que enfatizam a violência e o contraste social, mesclando uma estética crua e explosiva com momentos de beleza visual. Essas escolhas estilísticas fortalecem o impacto emocional do filme e permitem que ele se destaque na indústria cinematográfica mundial.

Refletindo sobre o conteúdo, "Cidade de Deus" aborda questões profundas e relevantes como pobreza, violência, desigualdade social e as influências negativas do ambiente na vida dos jovens. O filme provoca reflexão sobre a responsabilidade social e o papel do Estado na prevenção da violência e no investimento em educação e oportunidades para os jovens das comunidades marginalizadas.

Ao comparar "Cidade de Deus" com outros filmes do mesmo contexto e gênero, fica claro o seu valor e relevância. Mesmo sendo lançado há quase duas décadas, o longa-metragem ainda é uma das obras mais aclamadas do cinema brasileiro e é amplamente reconhecido internacionalmente. Sua narrativa original, atuações marcantes e abordagem social o tornam uma referência no cinema mundial.

Em minha opinião, "Cidade de Deus" é um filme que merece ser visto por todos. Seu impacto emocional, seus temas relevantes e sua qualidade técnica o tornam uma obra-prima do cinema brasileiro. A forte representação da realidade das favelas cariocas e o retrato contundente da violência tornam o filme um verdadeiro soco no estômago, mas também uma mensagem de esperança e resiliência. Recomendo fortemente a sua visualização.

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Crítica: Aquaman 2: O reino perdido

Imagem: Divulgação

SINOPSE

Não recomendado para menores de 10 anos

Aquaman 2 é a sequência do filme Aquaman de 2018, que acompanha Arthur Curry (Jason Momoa), o filho do humano Tom Curry (Temuera Morrison) com a atlante Atlanna (Nicole Kidman). Ele cresce com a vivência de um humano e as capacidades metahumanas de um atlante. Nesta sequência, depois de não conseguir derrotar o rei dos mares pela primeira vez, Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) utiliza o poder do mítico Tridente Negro para liberar uma força antiga e maligna. Na tentativa de proteger Atlântida e o resto do mundo, Aquaman deve forjar uma aliança incômoda com um aliado improvável e deixar as diferenças de lado para evitar uma devastação irreversível.

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CRÍTICA

Encerrar grandes franquias não é uma tarefa fácil, especialmente quando se trata de uma conclusão dupla. James Wan é o responsável por concluir a existência do antigo Universo Cinematográfico Estendido da DC, conhecido popularmente como Snyderverso. Com Aquaman 2: O Reino Perdido chegando aos cinemas em todo o mundo, Jason Momoa se junta ao diretor para fechar uma era amada e controversa dos filmes de heróis.

Cinco anos após seu filme solo, Momoa retorna como Arthur Curry, o herói dos mares, que tenta conciliar sua vida como Rei de Atlântida com suas responsabilidades como pai e marido em terra firme. Enquanto isso, Arraia Negra segue em busca de vingança, buscando o poder do Tridente Negro e sua força maligna ancestral. Para derrotá-lo, Aquaman se alia a seu irmão Orm, o ex-Rei da Atlântida, que está preso. Juntos, eles precisam superar suas diferenças para proteger seu reino, salvar a família de Aquaman e evitar uma destruição irreversível.

Embora a estrutura da aventura seja semelhante à primeira, há erros e acertos repetidos. A comédia é um pouco mais fraca, o que pode parecer estranho em uma sala de cinema, mas a jornada do herói se encaixa perfeitamente nesse novo contexto. Aquaman passa por conflitos, conquista uma força inesperada e se torna uma versão melhor de si mesmo. O diálogo entre a superfície e Atlântida não é explorado profundamente, com cada grupo vendo o outro como uma ameaça. Wan dá foco às pequenas dinâmicas da narrativa e aos personagens.

Aquaman e Orm trabalham juntos para salvar o planeta, enquanto Arraia Negra lida com o poder do Tridente Negro. A população de Atlântida enfrenta as mudanças climáticas e a possibilidade de revelar sua existência para o mundo. O filme apresenta um reino submerso colorido e vibrante, mostrando rotinas dos civis e a diversidade da sociedade. James Wan traz seu toque de horror em momentos-chave, lembrando seu trabalho em franquias como Invocação do Mal e Jogos Mortais.

O filme também faz homenagens a outras franquias, como Star Wars e O Senhor dos Anéis. Wan utiliza uma estrutura semelhante à de Tolkien para explicar o Reino Perdido, adicionando uma crônica fabular ao filme. Essas referências são um lembrete do potencial de um spin-off sombrio de Aquaman com criaturas bizarras com raízes lovecraftianas.

Como seu último filme nesse universo, James Wan aproveita a liberdade para fazer referências e homenagens, mostrando sua familiaridade com os estúdios Warner Bros. e sua adaptação da obra de J. R. R. Tolkien. No geral, Aquaman 2: O Reino Perdido é uma experiência colorida, vibrante e cheia de ação que fecha essa era do universo cinematográfico da DC de forma satisfatória.

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