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Resenha: Olga, de Bernhard Schlink

Foto: Arte digital

APRESENTAÇÃO

Após a perda dos pais, a jovem Olga é criada pela avó num vilarejo prussiano na virada para o século XX. Inteligente e precoce, cativante, mas intransigente, ela luta contra o machismo arraigado na sociedade da época para encontrar seu lugar em um mundo comandado por homens.

Ao se apaixonar por seu vizinho, Herbert, filho de um aristocrata local, a vida de Olga muda irremediavelmente. À medida que o amor entre os dois cresce, as diferentes ambições e realidades de ambos se tornam evidentes. Porém, mesmo quando uma tragédia se impõe, há algo que faz seu amor perdurar.

Desdobrando-se ao longo de décadas e atravessando duas guerras mundiais, passando pela ascensão do nazismo na Alemanha e pelo cenário de vários continentes, acompanhamos em Olga a vida de uma mulher apaixonada, complexa e fascinante que enfrenta as dores do amor, da guerra e da vida sem recuar. Este magnífico romance histórico de Bernhard Schlink é um retrato rico de uma mulher singular e seu mundo

Foto: Arte digital

RESENHA

Olga aprendeu a ler e escrever antes mesmo de ir para a escola, lendo tudo o que encontrava em casa, como os Contos de Fadas dos Grimm. Na escola, ela gostava de aritmética e cantava com entusiasmo, mas achava tedioso o ensino das letras. Em meio à pobreza, sua vida mudou drasticamente quando seus pais adoeceram e faleceram de tifo, sendo levada de volta para a Pomerânia por sua avó paterna. A avó tentou mudar seu nome eslavo para um alemão, mas Olga resistiu. Na nova realidade, Olga demonstrou determinação em aprender mais e fazer mais, mesmo sem recursos como livros ou um piano em casa. Ela importunava professores e membros da comunidade até conseguir acesso a livros e aulas de música, demonstrando sua sede por conhecimento.

Olga sentia-se deslocada pelas crianças na aldeia a rejeitarem, de certa forma, até que ela encontrou entre eles um garoto, Hebert. Os pais de Herbert o batizaram com o nome de guerra Herbert, desejando que ele fosse um "guerreiro" como seu pai, um soldado condecorado. Herbert cresceu orgulhoso de sua família, propriedade e país, apesar da assimetria da fachada de sua casa. Apesar das esperanças de nobreza, a família permaneceu simplesmente Schröder. Eles eram sensatos e prósperos, mas também controladores, determinando as atividades e educação de seus filhos, Herbert e Viktoria. Os irmãos tinham uma relação íntima e arrogância por sua posição privilegiada. Eles se aproximaram de Olga, uma menina curiosa, revelando sua solidão. Viktoria é teimosa e convence seus pais a enviá-la para uma escola de aperfeiçoamento feminino, enquanto Olga luta para continuar sua educação, mas é intimidada pela escola. Herbert está destinado a assumir a propriedade da família, mas prefere se envolver em atividades ao ar livre. No entanto, ele sonha em correr com o sol durante um dia sem fim.

Com o passar dos anos, Olga se torna professora e Herbert, soldado. Herbert, sempre inquieto, decide partir para a África Oriental Alemã e depois para diversos outros lugares ao redor do mundo, até que decide se aventurar rumo ao Pólo Norte, uma jornada que culminará em tragédia. Enquanto isso, Olga segue sua vida à deriva, atravessando a primeira metade do século XX e, após a Segunda Guerra Mundial, tornando-se governanta e desenvolvendo uma amizade com um jovem chamado Ferdinand. É Ferdinand quem retoma a narrativa nos anos 1970, mergulhando no passado de Olga e revelando uma perspectiva completamente nova sobre sua vida, antes desconhecida.

Quando finalmente Herbert retorna, ele decide visitar Olga em uma fazenda pertencente a amigos, onde ela agora mora e ensina. Mas sua visita é breve, pois em breve ele estará novamente ausente, viajando para a Argentina, Brasil, Península de Kola, Sibéria e Península de Kamchatka, antes de decidir que "o futuro da Alemanha está no Ártico".

Ao longo de todos esses anos, Olga e Herbert se mantiveram em contato através de cartas. Em 1911, com a aproximação da Primeira Guerra Mundial, eles sabem que suas vidas serão drasticamente alteradas. Fronteiras serão redesenhadas e destinos mudarão. Mesmo sem receber notícias de Herbert por um tempo, Olga continua a escrever para ele. Em 1951, ela finalmente conclui que Herbert faz parte de uma geração que está desaparecendo e que ele provavelmente está morto.

Neste ponto, percebemos que Olga se tornou a personagem mais cativante, com sua vida simples em contraste com a aventura de Herbert em meio às guerras. Schlink habilmente destaca a complexidade de suas personalidades e a profundidade de seus relacionamentos, mostrando como Olga se destaca como uma personagem muito mais intrigante do que Herbert.

Com uma narrativa envolvente e detalhada, Bernhard Schlink nos presenteia com um retrato fascinante de uma mulher única e extraordinária. Olga é uma personagem que nos conquista desde o início, com sua determinação, inteligência e coragem diante das adversidades que a vida lhe impõe. O autor constrói uma trama rica em detalhes históricos e contextos sociais, levando o leitor a viajar através do tempo e das diferentes realidades que Olga enfrenta ao longo de sua vida. A relação entre Olga e Herbert é intensa e complexa, marcada por desencontros, tragédias e, acima de tudo, pelo amor que transcende todas as barreiras.
A forma como Schlink aborda temas como machismo, guerra, amor e amizade mostra sua habilidade em mergulhar nas profundezas da alma humana e trazer à tona reflexões importantes sobre a condição humana. A escrita do autor é envolvente e emocionante, fazendo com que o leitor se conecte emocionalmente com os personagens e torça por seus destinos.
"Olga" é, sem dúvida, um livro que merece ser lido e apreciado por quem busca uma leitura instigante, emocionante e enriquecedora. Uma verdadeira obra-prima que nos faz refletir sobre a força e a resiliência da mulher diante das adversidades da vida. Bernhard Schlink mais uma vez se consolida como um dos grandes nomes da literatura contemporânea, e "Olga" é mais uma prova de seu talento e sensibilidade.
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