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Como escreve: Tony Roberson de Mello Rodrigues, autor de poeta em crise


Tony Roberson de Mello Rodrigues, um talentoso autor brasileiro, retorna à literatura após duas décadas de silêncio com seu livro "Poeta em Crise", lançado em 2023. Nesta obra, Tony compartilha sua jornada pessoal de superação do luto, da ansiedade e da depressão causados pela perda de seu pai. Os poemas presentes no livro não são apenas palavras no papel, mas verdadeiras ferramentas de superação, capazes de elevar a alma e renovar a fé. Através de suas experiências, o autor busca oferecer esperança, alegria e força para todos aqueles que enfrentaram as sombras emocionais. Convidando o leitor a mergulhar na dor invisível por trás de sorrisos inabaláveis, Tony Roberson de Mello Rodrigues traz uma perspectiva única e inspiradora sobre a superação e a resiliência.



1. Quando decidiu que se tornaria um escritor?
Quando paro para pensar quando quis me tornar escritor lembro, por exemplo, do primeiro poema que memorizei quando criança, chamado Autopsicografia, que fiquei muitos anos achando que era do Carlos Drummond de Andrade, e só depois de eu grande é que descobri ser do Fernando Pessoa. Também lembro que comecei a escrever meus poemas num caderninho escolar quando tinha entre 9 e 12 anos, e que esse início foi movido por um amor platônico por uma colega de aula. Ela tinha a caligrafia muito bonita e escrevia uns poemas no caderno dela, aí eu sentava do lado dela, tentava imitar a caligrafia dela e comecei a inventar uns poeminhas também. Aos 14 anos escrevia muitos poemas na máquina de escrever elétrica IBM do serviço onde eu trabalhava como office-boy, na minha cidade natal, acho que ali, com 14 anos, eu ainda não tinha decidido que me tornaria um escritor, mas era como se eu já me sentisse um. E quando as professoras de Português do segundo grau da antiga Escola Técnica Federal de Santa Catarina me disseram que eu escrevia muito bem e que deveria publicar no livro anual da ETFSC, eu escrevi tantos poemas que tivemos que publicar um livro só meu, à parte, além de eu publicar no livro da escola, esse meu primeiro livro foi aos 18 anos, com crônicas, poesias e aforismos, com esse primeiro livro eu me senti mais escritor ainda, mas nunca foi tanto uma questão de decisão do que eu seria, sempre foi mais uma necessidade de escrever e uma questão de me sentir escritor, assim como no período em que fiquei 20 anos sem publicar nada literário (de 2003 a 2023), eu senti como se o meu dom tivesse me abandonado e eu não fosse mais escritor, até que em novembro de 2022, após quase perder minha mãe para um problema grave de saúde, acredito que fiquei num estado muito fragilizado e isso ativou novamente minha antena receptora de inspirações, pois voltei a escrever compulsivamente e, em março de 2023, já tinha material suficiente para lançar um novo livro, que virou "Poeta em crise", lançado em 2023 e relançado em 2024.


2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você chegou a concluí-lo? Já abandonou algum projeto de escrita?
Como eu disse na pergunta anterior, meu primeiro livro foi lançado em 1998 e chama-se "Lágrimas Lapidadas", quando eu tinha 18 anos. Coincidência ou não, foi no mesmo ano em que Saramago ganhou o Prêmio Nobel. Cheguei a concluí-lo sim, mas não o acho o melhor de meus livros até agora, há alguns poemas bacanas nele, mas muita coisa de adolescente sonhador iniciante no mundo das letras. Um projeto de escrita que eu já abandonei foi um romance autobiográfico que comecei a escrever quando estava num período de depressão, entre 2013 e 2015. Suspendi o projeto pelo tema delicado de abordar (o incêndio da nossa casa, em nossa terra natal) e porque por enquanto tenho dificuldade de escrever em prosa, acredito que 90% dos textos que escrevo são poesia e, quando não poesia, ainda assim são textos curtos, escrever um romance me exigiu uma preparação que eu ainda não possuo, mas não desisti desse sonho de escrever pelo menos um romance publicável.



3. Como você escolhe os temas e o enredo dos seus livros?
Como geralmente escrevo e publico livros de poesias, os temas e enredos variam bastante, inclusive a ordem dos poemas nos livros que publico não é muito calculada, mas neste livro mais recente, "Poeta em crise", eu dei preferência para escrever poemas que abordassem minha luta contra a depressão, a ansiedade, a bipolaridade, a volta por cima contra esses desafios, esperando que esses poemas sirvam para incentivar outras pessoas a lutarem contra os mesmos problemas ou ainda a escreverem como uma forma de lutar contra tais desafios.



4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?
Sim, muito, e geralmente são os mesmos autores e mesmos poemas, tudo girando em torno do que já li, como Camões, Fernando Pessoa, Mário Quintana, Augusto dos Anjos, Florbela Espanca, Ferreira Gullar, Cruz e Souza...


5. Existe algum ritual para se escrever um livro? Qual funciona para você?
Quando escrevo poesias, geralmente escrevo muitos sonetos, então gosto muito de ir escrevendo já pensando na sonoridade, na rima, e fazendo escansão enquanto escrevo. Além disso, gosto de escrever no finalzinho da noite ou de madrugada, quando tudo em casa está em silêncio e todos ao meu redor estão dormindo, isso meio que facilita para que minha antena de inspiração capte mais facilmente as ondas que o universo quer me comunicar.


6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?
À venda atualmente tenho alguns exemplares físicos de "verso que te quero povo", de 2003, e alguns exemplares físicos da segunda edição de "Poeta em crise", de 2024. Acredito que o de 2003 não tenha sido o mais complexo, mas o que mais demorou a ser gerado (ainda que a decisão de publicá-lo tenha sido rápida). É um livro feito de poemas que fui publicando em vários lugares e concursos literários ao longo de alguns anos e, quando meu pai faleceu, em 2003, eu estava passando por problemas financeiros e me perguntaram: Por que não publicas um novo livro para levantar um dinheiro? Foi aí que decidi publicar esse livro, que na verdade eu já havia compilado em 2001 e registrado com ISBN, tudo certinho. Mas a compilação demorou alguns anos, então penso que foi o mais complexo nesse sentido.



7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?
Sim, gosto de escrever tudo no papel meio que para comprovar, futuramente, que eu mesmo (e não uma máquina ou outra pessoa) escrevi o que escrevi, mas nem tanto para não me perder, nesse sentido prefiro me organizar usando o Word.



8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como você lida com a ausência de inspiração?
Durante meu processo criativo não pode faltar emoção, tenho que estar com o coração, a memória e o cérebro numa mesma sintonia. Com a ausência de inspiração eu tive que lidar por 20 anos, de 2003 a 2023, nesse período eu simplesmente transferi todo o vácuo do não escrever para a paixão por outra coisa que comecei a fazer em 2000 e exerço até hoje como profissão: a revisão de textos. Corrigir os textos dos outros, nas mais variadas áreas do conhecimento, me ajuda a dividir a atenção e amor que tenho por tudo o que tem a ver com a palavra escrita: se não estou escrevendo ou lendo, estou revisando, e vice-versa.


9. O que podemos esperar para os seus próximos livros?
Quando voltei a escrever compulsivamente em novembro de 2022, achei que tinha produzido material suficiente só para o livro "Poeta em crise", mas depois, ao compilar um material publicado discretamente no Recanto das Letras, percebi que tenho material para mais uns 4 livros de poesias e 1 só de prosas, então para os próximos livros eu arrisco dizer que podem esperar pelo menos 1 livro só de sonetos, 1 de poemas curtos (pois atualmente o público do Instagram quer poemas curtinhos ou microcontos ou frases de efeito) e 1 de pequenas prosas, este último será uma grande conquista para mim, que sou adepto na escrita de muita poesia e na leitura de muitos contos e romances.


10. Como você enxerga a vida dos autores no cenário político atual?
Acho importante um autor escrever com engajamento político, sem precisar ser panfletário. Da minha parte, considero que no meu livro "verso que te quero povo" de 2003 fui bem mais politicamente engajado que em "Poeta em crise", de 2024, mas também considero que é uma fase que estou passando, em que escrevo porque sinto que tenho algo pulsando que precisa ser dito. Dos autores atuais, não tenho acompanhado o cenário político, mas penso que o engajamento político é muito bem-vindo, desde que não separe as vozes dos autores em bolhas, cada uma reivindicando para si a atenção maior dessa ou daquela questão e todos fiquemos isolados em pequenas vozes de luta, quando na verdade é importante que essas vozes encontrem um caminho comum a trilhar.


11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever o primeiro livro?
Comece por imitação, sem se preocupar em ser demasiadamente original. Faça paródias (não plágios) de textos já consagrados. Reescreva histórias mantendo a estrutura e inserindo seu próprio conteúdo. Escreva e rabisque bastante, mas também leia bastante. Basicamente é isso.
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