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Avaliação da produção textual no ensino médio, por Irandé Antunes

Este trabalho é uma resenha do artigo “Avaliação da produção textual no ensino médio” retirado do livro português no ensino médio e formação do professor (2006) autoria do artigo pertence à Irandé Antunes doutora em linguística, pela universidade clássica de Lisboa, atualmente docente aposentada na universidade do Ceará. È escritora de vários livros na área da linguagem além de escreve artigos em revistas especializadas.


Na introdução desse artigo Irandé Antunes nos convidar á refletir sobre as concepções, objetivos e procedimentos que são adotados para avaliar os textos produzidos pelos alunos quando assumimos a tarefa de avalia-los. E que os itens quem dizem a respeito á avaliação de um modo geral e á avaliação dos textos escritos devem ser incluso nessa reflexão.
A autora divide o item 1 em subitens para abordar sobre a avaliação de um modo geral, no subitem 1.1 ela fala sobre quem avalia e declara que a avaliação tem ficado a cargo do professor que o aluno é apenas um mero espectador do estado de aprendiz. Ela destaca que o estudante deve participar da avaliação, ainda defende a autoavaliação no qual o aluno deve ter um olhar critico para seu desempenho sendo capaz de julgar a sua propriedade e adequação.
Antunes propõe a avaliação horizontal, no qual os alunos deveriam avaliar uns aos outros oportunizando um olhar avaliador do que pode ser melhorado, e estimularia a abertura á aprendizagem social.
No subitem 1.2 Antunes aponta que o foco da avaliação está no erro, sendo assim perdida a oportunidade de apreciarem o que foi aprendido, os professores apenas sinalizam o erro, ou fazem somente observações como seu texto esta sem coerência sem contribuir para evolução do aluno. A autora sugeri que a avaliação esteja voltada para a analise e reflexão, na qual possam acontecer melhorias sem a fixação no erro.
Subitem 1.3 A autora afirma que avaliação não pode simplesmente se reduzir a um momento pontual, que se esgota na resolução de questões e termina com a nota e tudo volta a ser como antes.
No item 2 Antunes propõe que avaliação poderia ser feita em conjunto professor aluno, que se converteria em um momento de reflexão, dessa forma analisando o que poderia ser melhorado sem o foco erro. Possibilitando que aluno e professor estabeleçam um dialogo cooperativo entre quem ensina e aprende.
Item 3 a autora fala sobre os parâmetros de avaliação do texto escrito no qual os professores devem dá ênfase na totalidade e não no erro, o aluno necessita ter o domínio do léxico que é muito importante nas escolhas das palavras que vão inserir em um determinado contexto, pois deve haver coerência . Antunes fala que não só a gramática deve ser levada em consideração, mas também os elementos linguísticos, os elementos de textualização, esses elementos são constituídos de coesão, coerência, informatividade, intertextualidade.
As repercussões dos parâmetros de avaliações são comentadas no item 4, a autora primeiramente fala sobre as repercussões para o professor que poderiam ser uma avaliação de totalidade, no qual os erros deveriam servi como indicativo para sabe o que deveria ser melhorado, alem de uma avaliação responsável e significativa o qual o objetivo maior seria uma avaliação que permitiria aluno e professor visualizarem as condições de aprendizagem em curso para realizarem as mudanças necessárias. Para os alunos representariam o crescimento em direção á autonomia se tornando sujeito e juiz de suas escolhas.
Antunes comenta as repercussões para a escola no item 5 e aponta que deveria sofrer mudanças para acolher os parâmetros de avaliação sugeridos que implicaria também na mudança de ensino. Para a autora o a falta de condição dever ser prioridade o trabalho com produção do texto não tem que ser apenas uma eventualidade deixada em segundo plano.
No item 6 faz suas considerações finais , o qual o compromisso do professor não é apenas corrigir mesmo quando estão avaliando o maior compromisso é ensinar, facilitando e promovendo a aprendizagem do aluno. Estimulando sua vontade natural de aprender, demonstrando que mesmo sendo professores continuam aprendendo.
O artigo de Antunes é de suma importância a partir do momento que nos proporciona uma reflexão sobre a avaliação de produção textual no ensino médio, que essa produção deve ser vista como uma construção do saber, e não apenas para apontar os erros existentes. O compromisso do professor é usar o erro do aluno para direciona-lo para o caminho do aprendizado promovendo o aperfeiçoamento.

[RESENHA] Aula de Português: Encontro e interação, de Irandé Antunes



O livro Aula de português: encontro e interação traz uma reflexão em torno das aulas de Português, sobre a leitura, a escrita e a reflexão da língua. Já no início do livro. A autora, Irandé Antunes, faz uma critica aos professores que ensinam gramática de forma descontextualizada, ou seja, trabalham a língua com frases soltas, isoladas.

Segundo, Irandé Antunes, a gramática deveria ser trabalhada com textos, dessa forma, os alunos teriam um entendimento maior da linguagem.
Mais que a classificação, é preciso saber a função

Mais que a classificação, é preciso saber a função

Apenas encontrar substantivos e pronomes em um conto não é suficiente para ampliar o conhecimento da gramática, segundo Irandé Antunes, da Universidade Estadual do Ceará. "É preciso ir além das definições para descobrir, por exemplo, a função deles na introdução e na manutenção do tema ou do enredo", ela defende." Saber que é indeterminado o sujeito de uma frase é muito pouco. O importante é compreender por quê, com que propósito discursivo, se preferiu deixá-lo assim."Portanto, diz Irandé, é necessário ir além da nomenclatura, das classificações, da simples análise sintática de frases soltas para ver como as unidades da língua funcionam na construção dos textos e que efeitos seus usos podem provocar na constituição do discurso.
Irandé Antunes vai além: segundo ela, boa parte dos equívocos que se cometem em classe poderia ser evitada ao fazer a distinção entre o que são e o que não são regras gramaticais. Estas, segundo entende, são as regularidades, as normas que ajudam a entender como usar e combinar as unidades da língua para produzir determinado efeito comunicativo. Nesse grupo, ela lista: a descrição de como empregar pronomes ou de como expressar exatamente o que se quer pelo uso da palavra adequada, no lugar certo, na posição certa ou como usar flexões verbais para indicar determinadas intenções, entre outras.

Outra ressalva a fazer é a versão dos alunos para com a disciplina de português, e também, a dificuldade de alguns professores de português.

Assim, nessa obra, Aula de português, a linguista Irandé Antunes foca seu trabalho em quatro campos: da oralidade, da escrita, da leitura e o da gramática.

O TRABALHO COM A ORALIDADE

Para Irandé Antunes, os professores não trabalham com a fala em sala de aula, e muitas vezes têm uma concepção equivocada, pois colocam a fala como lugar privilegiado para a violação das regras gramaticais. De acordo, com essa visão tudo “que é erro” acontece na fala e tudo é permitido. Temos que atentar ao fato que devemos falar conforme o ambiente. Assim, o professor deve ensinar ao aluno a oralidade informal e, também, os padrões gerais da conversação, se abordar a realização dos gêneros orais da comunicação pública.

TRABALHANDO COM A ESCRITA

Muitas vezes, o que é feito na escola é para desestimular o aluno a escrever. Às vezes o professor pede para o aluno escrever, de forma improvisada, sem planejamento e sem revisão. O aluno escreve, o professor corrige, e muitas vezes avaliando somente: a ortografia, a pontuação, etc. e se corrigir, pode acontecer de não devolver o texto.

Isso se chegar a pedir para escrever, pois, às vezes, o que é feito são apenas frases isoladas, descontextualizadas, para verificar apenas: fixação nos exercícios de separação de sílabas, de reconhecimento de dígrafos, e encontro vocálicos e consonantais e outros inteiramente adiáveis.

O TRABALHO COM A LEITURA

O que podemos observar que alguns professores não importam com a leitura, pois acham que irá atrapalhar o desenvolvimento de suas aulas, ou seja, se for exercitar a leitura, ler livros em sala de aula não irá dar tempo para a gramática, porque a gramática é que deve ser privilegiada.

E a leitura torna-se uma atividade obrigatória tirando todo o seu prazer.

Assim, diz Antunes: “Enquanto o professor de português fica apenas analisando se o sujeito é determinado ou indeterminado, por exemplo, os alunos ficam privados de tomar consciência de que ou eles se determinam a assumir o destino de suas vidas ou acabam todos, na verdade, sujeitos inexistentes”. (ALMEIDA, 1997:16, citado por ANTUNES, 2003:13)

O TRABALHO COM A GRAMÁTICA

Ensina-se uma gramática descontextualizada, fragmentada, voltada para nomenclatura, inflexível, predominantemente prescritiva, isto é, o que se ensina na escola nada tem haver com a realidade do aluno, torna-se assim, sem sentido a aula de português.

O aluno começa a entender que a aula de português não tem relação com sua realidade, uma vez que, aquela forma de comunicação não é utilizada em seu dia a dia, são frases isoladas, sem sentido, que apenas se apóiam em regras e casos particulares, que apesar de estar no livro, estão fora dos contextos do uso da língua.

Então, fica a pergunta: Que sentido tem o aluno saber a nomenclatura e a classificação das unidades?

Sem apoio de textos reais, o que realmente está em funcionamento?

Em decorrência, dessa forma equivocada de ensinar língua portuguesa, os alunos acabam não gostando das aulas de português, porque não há sentido para eles.

Com todos esses problemas gerados na aula de português, a linguista Irandé Antunes chama à atenção dos professores para uma reflexão de como está sendo ensinada a língua portuguesa, ela oferece algumas sugestões, que ajudam na descoberta de “novos jeitos” de ver a língua.

POSSIBILIDADES
EXPLORANDO A ESCRITA

Escrever não é uma atividade simples para os alunos, muitos têm dificuldades de passar para o papel suas idéias.

O docente tem o papel de esclarecer para o discente para quem ele escreve, como escrever, sobre o que escrever. Escrever sem saber para quem é um exercício difícil, pois falta a referência dói outro. Desse modo, o professor não pode insistir na prática de uma escrita escolar sem leitor, sem destinatário e também sem conteúdo, isto é, na sociedade sempre há um motivo para a escrita, assim também tem que ser na escola, o aluno tem que saber o porquê da escrita, com sentido, com destino.

Além disso, essa escrita tem que passar por algumas etapas, como: planejamento, etapa da escrita, revisão (tema, objetivos, gênero, ordenação das ideias, prever as condições de seus leitores e a forma linguística).

Outro obstáculo encontrado na produção da escrita é o tempo, que os professores colocam em sala de aula, um tempo escasso, assim, fica difícil planejar e poder rever esses textos.

O que pode ser feito para evitar tantos equívocos com a ação da escrita é o professor atentar para algumas implicações. Então, quando o professor for trabalhar a escrita com seus alunos, ele deve dar importância há alguns fatores, ou seja, planejar a atividade com seus alunos, haver um leitor, um destino, uma função, dessa maneira, esse texto não cumprirá apenas exercício escolar, mas terá uma função social.

Como afirma Antunes, para escrever bem é preciso, antes de tudo ter o que dizer.

EXPLORANDO A LEITURA

A atividade da leitura completa a atividade da produção escrita.

Para escrever, necessita obter informações, esse é o objetivo da leitura, fazer com que o aluno incorpore novas idéias, conceitos, dados e diferentes informações acerca das coisas, das pessoas, dos acontecimentos, do mundo em geral. Nessa perspectiva, textos de outras disciplinas como geografia, história pode ser bastante útil para apoiar os argumentos apresentados num comentário.

A leitura tem que se tornar prazerosa, ler porque é gostoso. É para este plano de leitura que se destinam os textos literários: romances, contos, crônicas, poemas (esses sobretudo). Reduzi-los aos objetivos de análise sintática, a pretexto para exercícios de ortografia, por exemplo, é uma espécie de profanação, pois é esvaziá-los de sua função poética e ignorar a arte que se pretendeu com o arranjo diferente de seus elementos lingüísticos ou, como observa Rubens Alves, “São raríssimos os casos de amor à leitura desenvolvido nas aulas de estudo formal da língua”.

Algumas vezes, essas dificuldades que os alunos possuem para escrever está também no pouco contato que eles mantêm com textos escritos.

Até no momento da avaliação, tem professores que leem a prova para ao aluno, não o deixando fazer a compreensão por si mesmo.

Enfim, a aprendizagem das regularidades própria da escrita acontece é no contato com textos escritos, assim, como a aprendizagem da fala acontece a exposição do aprendiz a experiência de oralidade.

A leitura depende não apenas do contexto linguístico do texto, mas também do contexto extralinguístico de sua produção e circulação.

Então, o sentido de um texto não está apenas no leitor. Está também no texto e no leitor, pois está em todo o material lingüístico que o constitui e em todo o conhecimento anterior que o leitor já tem do objeto de que trata o texto.

IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

O professor de língua portuguesa deve ver com atenção a atividade de leitura em sala de aula, nessa perspectiva, ele deve empregar uma leitura de texto autêntica, real, motivadora, levando em conta o aspecto global do texto, do texto como um todo.

Mostrar para os alunos as vantagens de saber ler e de poder ler, explicar para os alunos os objetivos de toda a atividade de leitura, ou seja, por que ele é convocado a ler aquele texto, de forma a despertar-lhe o interesse por fazê-lo bem.

A leitura se torna plena quando o leitor chega à interpretação dos aspectos ideológicos do texto, das concepções que, às vezes, sutilmente, estão embutidos nas entrelinhas. O ideal é que o aluno consiga perceber que nenhum texto é neutro, que por trás das palavras mais simples, das afirmações mais triviais, existe uma visão de mundo, um modo de ver as coisas, uma crença. Qualquer texto reforça idéias já sedimentadas ou propõe visões novas.

Outra questão importante, é trabalhar na escola diferentes textos, de gêneros distintos (romances, contos, crônicas, fábulas, poemas, editoriais, notícias, comentários, cartas, avisos, propagandas, etc.), e os objetivos propostos para a leitura sejam também variados, alternando-se para tanto, as estratégias de leitura e de interpretação.

Deve-se providenciar oportunidades para os alunos manusearem diferentes tipos de material escrito por exemplo: ( rótulos, listas, cartazes, folhetos, revistas, jornais, livros), de maneira que possam perceber diferenças de linguagem e de apresentação, por conta das diferenças do suporte em que o texto circula.

Uma leitura de “pura curtição” deve ser estimulada frequentemente pelo simples prazer, sem compromisso por qualquer tipo de cobrança. O exercício da leitura gratuita, da leitura do texto literário, poético. O professor deve selecionar textos que, de fato, possam, provocar prazer estético.

Para que o aluno tenha o hábito de ler, goste de ler, muitas vezes pode acontecer se o professor influenciar esse aluno, isso acontecerá em salas de aula, com o professor mostrando a importância do ato de ler, tentando aos poucos fazer com que esse aluno goste de ler, mostrar que o hábito pode ser gostoso, prazeroso. Se for feito de forma tranqüila, sem cobranças, a atividade tornará prazerosa. Consequentemente, serão leitores, pois, irão ler porque é gostoso, prazeroso, divertido e, além de tudo isso, traz conhecimento.

EXPLORANDO A GRAMÁTICA

Não existe língua sem gramática, isso quer dizer que todo falante usa as regras particulares da gramática de sua própria língua. São regras que estão internalizadas nele, o que ele não sabe são os nomes que as unidades têm e a que classes pertencem.

O que a escola faz de errado no ensino da gramática é preocupar-se com a nomenclatura, como se ensinar gramática fosse ensinar nomenclatura.

Para Irandé, “A questão não é ensinar ou não ensinar gramática”, a questão maior é discernir sobre o objetivo do ensino, ou seja, ensinar como se usa a língua nos mais variados gêneros de textos orais e escritos.

Nessa idéia, o professor deve ensinar ao aluno a regra para a produção da leitura de resumos, resenha, de uma notícia, de um requerimento, de um aviso, entre muitos outros, o que significa que seja suficiente para alguém conseguir ampliar e aperfeiçoar seu desempenho comunicativo.

Saber falar e escrever uma língua supõe também, saber a gramática dessa língua. Supõe saber produzir e interpretar diferentes gêneros de textos, e isso serão alcançados com a prática da leitura e a produção desses tipos de gêneros.

O conhecimento que o falante tem das regras que especificam o uso de sua língua, um conhecimento intuitivo, implícito. Entretanto, esse saber implícito pode se enriquecido e ampliado com o conhecimento explícito dessas mesmas regras.

O que deve ficar claro que uma forma linguística não é, em si mesma, melhor que outra. É, na verdade mais (ou menos) adequada, dependendo das situações em que é usada.

IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

A observação feita pela autora nesse sentido, que ao ensinar gramática, seria proveitoso que fosse uma gramática funcional, com regras gramaticais importantes, úteis e aplicáveis na realidade do aluno.

É importante o aluno saber que a norma padrão é a variedade socialmente prestigiada, mas não como sendo a única norma “certa”, “certo” é aquilo que se diz na hora “certa” à pessoa “certa”.

O autor Monteiro Lobato em seu livro Emília no país da gramática, publicado em 1943, já chamava a atenção para esse tipo de preconceito (que, no entanto, continua firme e forte no Brasil de hoje!). Monteiro Lobato, que morreu em 1948, estava muito mais por dentro das noções da lingüística moderna do que muito autor de gramática que está por aí hoje. (Citado por Marcos Bagno, em Preconceito Linguístico, pp. 32-33).

EXPLORANDO A ORALIDADE

A oralidade apresenta a mesma dimensão interacional que foi pretendida para a escrita e para a leitura. Não existem diferenças essenciais entre a oralidade e a escrita, nem, muito menos, grandes oposições.

Dessa maneira, tanto a fala quanto a escrita podem variar, ou seja, esta mais formal, ou menos formal dependendo da ocasião.

IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

Pensando assim, o professor deve levar o aluno a ser capaz de identificar os aspectos globais do texto, o qual poderá ser feito trabalhando a temática do texto, pois todos os textos são produzidos a partir de determinado assunto ou dentro de um tema específico.

O aluno deverá ser capaz de entender o que o texto quer lhe passar. Com isso, ele entenderá a diferença entre os textos orais e os textos escritos. Os orais igualmente ocorrem sob a forma de variados tipos e gêneros, dependendo do contexto mais ou menos formal em que acontece, o que leva a chamar a atenção do educador para ajudar os aprendizes a desenvolver, para que eles saibam se adequarem as condições de produções e de recepção dos distintos eventos comunicativos.

Ensinar aos alunos a atividade de interação, porque quando não há interação não há ouvinte, isso é uma atitude que deveria ser ensinada, saber ouvir o outro, escutar com atenção o que o colega tem a dizer.

Atentar para o fato de quem fala primeiro, que pode falar , quem pode interromper, são questões simples, porém que faz uma diferença incrível.

O que a autora nos chama a atenção a todo o momento é para a questão de ensinar português com frases soltas, descontextualizadas, porque isso não ensina nada aos alunos. O ensino de Português deve ser ensinado com textos, os quais tratem da realidade, do convívio do aluno.

Depois do texto trabalhado de forma total, entendido, compreendido, aproveitado o máximo o que tem a proporcionar aos alunos, então, poderá passar para a segunda etapa do propósito que será a gramática, mas uma gramática também tratando da realidade desse aluno, ou seja, nada fora do contexto, um ensino de gramática que ultrapasse os muros da escola, uma gramática que possa ser utilizada na vida, no cotidiano desses alunos.

[RESENHA] Muito além da gramática, de Irandé Antunes


O livro “ Muito Além da Gramática por um ensino de línguas sem pedras no caminho” oferece a todos, um entendimento mais especifico e relevante em relação ao uso da língua, inclusive esclarece que a gramática não deve ser vista como uma propriedade apenas dos linguistas, onde só eles escrevem e falam corretamente, mas também como pertencentes a todos os falantes. A gramática, na verdade, está incorporada a fala do indivíduo desde muito cedo, é notório que desde criança, qualquer um tem consigo a habilidade da fala e essa por sua vez acompanha sua própria gramática, ou seja uma gramática interiorizada. Por outro lado a gramática também não deve ser visada como única fonte de pesquisa, do que seria a língua, e como devemos nos comportar em relação as suas metodologias.


A língua é muito mais que isso tudo. É parte de nós mesmos, de nossa identidade cultural, histórica, social. É por meio dela que nos socializamos, que interagimos, que desenvolvemos nosso sentimento de pertencimento a um grupo, a uma comunidade.( ANTUNES p.23 )

A autora nos mostra com essa citação que a língua está intimamente ligada a cada um. Baseando se nessa afirmativa pode se analisar que ninguém jamais conseguiria falar sem gramática, portanto alguns simplistas afirmam que apenas os falantes da norma culta utilizam se das normas gramaticais, por isso os frequentadores, principalmente os iniciantes das escolas, sentem tanta dificuldade ao se deparar com essas regras impostas, pelos professores, na tentativa referenciar essa tal norma padrão. Segundo Antunes no segundo capítulo do livro, ao falar em gramática pode se compreender como: “conjunto de regras que definem o funcionamento de determinada língua, como em “ a gramática do português” (p. 29), fica explícito que neste sentido refere se a todas as regras gramaticais onde envolve toda particularidade da língua desde as regras mais simples até as mais complexas; “ conjunto de normas que regulam o uso da norma culta” (p.30) onde a gramática é vista de uma forma distinta ou seja não faz uso dela de acordo com o contexto histórico de cada um, levando se em conta apenas a norma culta da língua. “Uma perspectiva de estudo dos fatos da linguagem” (p. 31) nesse sentido o termo gramática é designado para nomear aspectos científicos. “ Uma disciplina de estudo” (p.32) essa estabelece a prática da gramática, à exemplo disso são os ensinos da gramática em sala de aula. “ Um compêndio descritivo-normativo sobre a língua” (p.33) refere –se a própria gramática em forma de um livro normativo, que contém sínteses, é um compêndio gramatical.
No terceiro e quarto capítulo desse livro a autora afirma que ao contrário do que muita gente pensa a gramática e a língua não são unívocas, esse olhar onde acredita se que a língua é construída apenas a partir da gramática não procede, pois uma língua é uma atividade interativa, e um indivíduo pode aprender uma língua sem aprender sua gramática, tomamos como exemplo: se uma pessoa interage com uma outra de língua diferente da sua, por um determinado período, ele consegue assimilar e aprender muito daquela língua determinada estrangeira. A língua é constituída a partir de dois componentes: um léxico que é o vocabulário da língua e uma gramática que são as regras ou seja a norma padrão. Partindo desse ponto pode se dizer que a gramática da língua tem funções ela detalha a formação de palavras até a formação de frases. Não basta apenas entender a gramática para aprender a fala. A língua é um instrumento da fala que adapta se as regras que ao longo do tempo vai configurando se na sua língua, ou seja o estudo da gramática. É considerável afirmar que esta última é vista como a única que parece mais importante, quando na verdade não existe uma sem a outra.

Na prática, nos esquecemos de que uma língua, além de uma gramática, tem também um léxico, quer dizer um conjunto relativamente extenso de palavras, á disposição dos falantes, as quais constituem as unidades de base com que construímos o sentido de nossos enunciados. (ANTUNES p.42)

No quinto capítulo Antunes atenta para a ideia de que a gramática é essencial para o auxílio de funções como a produção textual, mas para isso deve haver também um domínio prévio como: conhecimento dos recursos de textualização, conhecimento de mundo e domínio de normas sociais. O nosso vocabulário é enriquecido com a ajuda dessas aquisições acima citada por isso não só a gramática basta pra que saibamos lidar com a produção textual. Antunes ainda enfatiza, no próximo capítulo, sobre o estudo da exploração de nomenclaturas e classificações, que essa é apenas uma forma de marcar, de tornar mais formal, o que na verdade serve apenas para confundir o que na prática deveria ser bem mais simples, pois esse não deveria ser um estudos envolvendo regras para decifrar como funciona a gramática de uma língua, e sim esclarecer que as regras gramaticais são normas que colocam em destaque o uso da língua em seus diferentes âmbitos, elas apenas possibilitam uma melhor compreensão no estudo da linguagem mas estimula a desenvoltura do ato de ler e escrever. Olhando assim a escola precisa introduzir o estudo gramatical apenas como paliativo, com relevância, mas nunca deixando, de levar em conta todas aquelas aquisições citada no capitulo quarto desse livro.

As nomenclaturas gramaticais, como o próprio nome indica, dizem respeito aos nomes que as unidades da gramática têm. Funcionam como rótulos, como expressão de designação, para que a gente possa, quando necessário, falar de todas elas chamando-as por seus nomes embora também expressem determinada visão dos fatos que designam (ANTUNES p. 78)

No sétimo capítulo a autora abre uma discussão sobre a norma gramatical como uma norma valorizada socialmente não é a única norma válida, ela nomeia alguns termos e conceitua as normas no intuito de trazer clareza ao ponto onde quer chegar, cita Antunes “ Em síntese, a norma culta é um requisito linguístico-social próprio para situações comunicativas formais, sobretudo para aquelas atividades ligadas à escrita”(p. 88), esse conceito mostra que essa é a norma que é acessada apenas pelos letrados, ela comenta ainda sobre outras distinções de norma culta: a norma culta real aquelas que são concretamente realizadas em um determinado grupo como: cronista, cientista, comentaristas e etc. A norma culta ideal é àquela que distingui uma idealização, é uma norma pensada que representa a utilização do uso da língua culta, a norma padrão foi projetada da sociedade letrada para garantir uma certa uniformidade da língua. O livro aborda que a língua é um fenômeno heterogêneo por isso não existe uma forma única de falar uma língua, é relevante pensar também nas variações linguísticas
O livro, inserido no contexto do que é certo e do que é errado na língua, enfoca no capitulo oito que nem toda atuação verbal deve conter as regras da norma culta ou norma padrão, isso é apenas uma predileção da norma em todos os sentidos de um modo absolutamente geral. Dependendo da situação, do lugar, e muitas outras ocasiões, a língua pode ser automaticamente adaptada a autora cita que: “ Existem situações sociais diferentes; logo deve haver também padrões de uso da língua deferentes.” (p.104), esses padrões deveriam respeitar as variações da língua, observando o mundo e suas singularidades, obedecendo suas culturas variadas e entender o conhecimento de mundo, a contextualização e a normatividade da realidade da língua de cada grupo.
A gramática não pode ser considerada como a única forma de pesquisa para as questões linguísticas, assim é o que transmite a autora, ao expor suas ideias no capítulo nove a dez. Por muito tempo a gramática ditou as regras literalmente falando, e de forma passiva todos foram adaptando se a seguir um manual que conduzia a língua como se essa viesse a existir depois dele, sem deixar de valorizar à sua importância, deve se pensar na gramática também como um dos suportes para a aquisição da aprendizagem. A falta de conhecimento do que é uma língua, como ela funciona, quais componentes apresentam, quais implicações sociais e políticas estão envolvidas em seus usos, são alguns questionamento feitos pela autora em que as respostas apontam onde estão os erros que deixaram a desejar nesses requisitos importantes para o bom desempenho de uma língua que hoje se torna um drama para os alunos e para todos os que fazem o seu uso, digo em relação a norma padrão ou seja a tão temida gramática. Uma característica fundamental que não deveria faltar em termos de línguas, seria a boa formação de textual, essa infelizmente foi esquecida, e atualmente presenciamos o triste fato de que alunos desde o ensino fundamental ao nível superior encontram dificuldades em escrever textos coerentes, o aluno por toda sua vida escolar foi treinado apenas para questões gramaticais e muito pouco tiveram acesso a produções textuais.

É evidente que a concentração do ensino da gramática em tópicos de sua nomenclatura não pode ser vista como o único fator responsável pelos problemas do ensino de línguas. Mas, é evidente também que esse tratamento tem tido um peso muito grande, pois propiciou uma visão superficial do ensino de línguas, além de ter tirado a oportunidade de que outras questões- como aquelas concernentes à ampliação do léxico e à composição de textos coesos, relevantes e coerentes – sejam devidamente exploradas (ANTUNES p. 125)

Atentando para a citação acima, observa se que a autora é sempre enfática, tanto nesse capítulo onze como nos anteriores, ao afirmar incansavelmente que não é o uso de nomenclaturas e classificações de palavras entre outros fatores que vão construir um bom escritor, embora o manual gramatical tenha seu papel importante, diga se de passagem, na organização das ideias, das palavras, apesar da sua fórmula um tanto quanto sistemática de dividir e configurar a língua. Explorar o texto nas atividades escolares, é o que propõe Antunes, de uma forma mais detalhada, e esses textos deverão ser voltados condizentes com o mundo pertencente ao contexto que envolve a vida do aluno, isso com certeza será muito significativo para a sua aprendizagem. Antunes adiciona também no capítulo doze, algumas propostas de atividades interessantes, para a exploração de textos como o poema por exemplo, com criatividade professores podem e devem encontrar uma forma de se livrar das rotineiras atividades ultrapassadas e que em nada acumulam conhecimento, como também um posicionamento crítico, sendo que eles precisarão desse domínio, para redigir bons textos coesos e coerentes como também saber fazer interpretações textuais.
Inserido também no mesmo contexto que os capítulos anteriores, os capítulos doze, treze e quatorze, emitem entre outros fatos, a opinião da autora, no sentido de que a idealização de novos programas de ensino que concedam ao aluno, ir muito além da gramática, isso com certeza seria um marco, um ponto de recomeço, talvez muito considerável, em toda história da língua, Antunes, ainda, presentei a todos os professores e àqueles se se interessam com vários exemplos de atividades que servem como sugestões de um programa de gramática. Antunes relata em sue livro que os professores devem conhecer bem a gramática: “ Não, necessariamente para ensina-la a todo custo aos seus alunos. Mas para usá-la como instrumento analítico e explicativo da linguagem de seus próprios alunos” Antunes aprud Franchi (2006: 32). Franchi com sua citação nos lembra muitas das manifestações que neste livro foram abordadas. Finalizando, essa obra estimula o pensamento voltado para toda a problemática do ensino, levando a acreditar que sempre existe uma solução, por mais que pareça impossível a criatividade, a inovação ainda é a melhor forma de guiar o ensino.

Resenhado por Jocilene de Jesus, Curso Letras/Inglês. CAMPUS V- 2º semestre, Universidade do Estado da Bahia.

[Fichamento] Lutar com palavras, de Irandé Antunes



 Capítulo 1 – O estudo da língua


1.3. O que é o processo de escrever?

Sempre que escrevemos socialmente escrevemos textos.
Assim como falar, escrever é uma atividade de interação. Não tem sentido escrever quando não se está procurando agir com outro, trocar alguma informação, alguma ideia com alguém. Uma escrita sem destinatário não tem sentido.
Na perspectiva da interação, escrever só pode ser uma atividade cooperativa. Atividade em que dois ou mais sujeitos agem em conjunto para a interpretação de um sentido (o que está sendo dito), de uma intenção (por que está sendo dito). Se torna muito difícil escrever sem saber para quem.
Escrever é uma atividade contextualizada. Está situada em algum momento, algum espaço e inserida em algum evento cultural. Os valores que convencionalmente se atribuem a esses momentos ou espaços determinam as escolhas linguísticas. Não se escreve da mesma maneira em contextos diferentes.
Escrever é uma atividade necessariamente textual, assim como falar. Ninguém fala ou escreve por meio de palavras soltas ou frases justapostas aleatoriamente. Só nos comunicamos através de textos.
Escrever é uma atividade tematicamente orientada. Há sempre uma ideia central, um tópico, um tema que se pretende desenvolver. Não importa se é uma dissertação, uma história, uma carta, há sempre um ponto em vista. Perdê-lo de vista significa romper com a unidade temática e comprometer a relevância comunicativa da interação.
Escrever é uma atividade intencionalmente definida. Escrevemos para obter um determinado fim, cumprir algum objetivo. Como propõe a teoria dos atos de fala, é uma forma de fazer, de agir, de atuar.
Escrever é uma atividade que envolve além de especificidades linguísticas, outras, pragmáticas (elementos da situação, especificidades). Se escrever constitui uma atividade interativa, contextualmente situada e funcionalmente definida é natural que cada texto seja marcado por condições particulares de cada situação. Tudo o que é peculiar aos sujeitos, às suas intenções, ao contexto de circulação do texto vai-se refletir nas escolhas linguísticas a serem feitas.
Escrever é uma atividade que se manifesta em gêneros particulares de textos. Os textos não tem as mesmas características, o mesmo esquema de sequenciação, o meso conjunto de partes e a maneira de distribuir essas partes. Há esquemas para cada um dos gêneros; uns mais flexíveis, outros mais rígidos.
Escrever é uma atividade que retoma outros textos, estamos sempre voltando a outras fontes (outras “vozes”), próximas ou remotas. Nunca somos inteiramente originais.
A escrita é uma atividade em relação de interdependência com a leitura. Ler é contraparte do ato de escrever, que, como tal, se complementam. O que lemos foi escrito por alguém e escrevemos para que outro leia.
“As idas e vindas da atividade de escrever”: a autora admite três grandes momentos para a atividade de escrever.
1. Primeiro, começa antes da tarefa mecânica de grafar;
2. Segundo, inclui essa tarefa de grafar, de pôr no papel;
3. Terceiro, ultrapassa o momento da primeira versão.
Ou seja, “elaborar um texto escrito é uma tarefa cujo sucesso não se completa, simplesmente, pela codificação de ideias ou informações, através de sinais gráficos. Supõe etapas de idas e vindas, etapas interdependentes e intercomplementares, que acontecem desde o planejamento, passando pela escrita, até o momento posterior da revisão e da reescrita” (Antunes, 2003, p. 54).
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