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5 Poemas de Bruno Pacífico

Bruno Pacífico, escritor e professor de língua portuguesa, tem se destacado no cenário literário com suas obras repletas de reflexões profundas e poéticas sobre a sociedade contemporânea. Com um background acadêmico sólido, o autor mescla sua expertise em filosofia da arte e literatura para criar obras que instigam o leitor a pensar sobre questões complexas e urgentes. Em seus livros, como o mais recente "Construção proletária", Pacífico aborda temas como o capitalismo, a resistência e a contestação por meio de uma linguagem poética e política que impacta e emociona. Em meio a um cenário literário cada vez mais diverso e provocador, Bruno Pacífico se destaca como uma voz singular e necessária, capaz de brilhar tanto na prosa quanto na poesia.

Conheça cinco poemas deste poeta notável:


Construção


Escrevi letra por letra

Nenhuma com relevância

definida

Apenas blocos

que me erguem

de mudezas. 




Exílio sem canção


Eu, amazonense, confesso sem culpa

a desconfiança sobre a nobreza

de minha pobre terra

Lá tem tucumãs

frutas tropicais prestes ao chão

tocadas por invisíveis mãos portuguesas

E pássaros aos montes, que somem

no corpo das matas cortadas

No: nunca tivemos jaçanãs no começo do Brazil

mas o fim do mundo está aqui

Não permita Exu que eu morra no centro

sem os temperos de minha vasta floresta

Onde tem buritis.



Augusto dos Anjos ouvindo Strokes


Ouvir Augusto dos Anjos

Quando sentir Strokes


Talentos poéticos assimétricos,

Canções populares inclassificáveis


Cada verso um clássico moderno,

Cada riff uma palpitação heteróclita


Ritmos arteriais

Cardiovasculares pulsam ali.



Um poema para um filme


Deslize ao renascer

O frêmito da matéria

movida pela reconstituição

Torna-se a mosca

de Cronenberg.



Naufrágio


Homens e empresários

são os primeiros

a afundarem

os barcos.

5 Poemas de Laura Redfern Navarro, autora de "O Corpo de Laura"

O livro "O Corpo de Laura", da poeta e jornalista Laura Redfern Navarro, é muito mais do que uma obra de poesia; é um exercício de autodescoberta e resgate da voz feminina através da linguagem. Com uma narrativa estruturada e influências da cinematografia de David Lynch, a autora mergulha em uma jornada poética que busca explorar a essência do corpo como linguagem e matéria. Em parceria com a Mocho Edições, Laura Redfern Navarro traz um trabalho que dialoga com a contemporaneidade, mesclando elementos visuais e estéticos da geração atual, como o conceito de Liminal Spaces, para criar uma experiência única e profunda para as leitoras. Através do duplo sentido do título, a autora convida as mulheres a refletirem sobre suas identidades subjetivas e as opressões que permeiam o corpo feminino, em uma obra que ressoa com as experiências e angústias coletivas das mulheres.

Conheça 5 poemas do livro:







5 poemas de Erica Magni, autora de areia na olhota


O livro "Areia na Olhota" da poetisa Érica Magni, publicado pela Editora Pedregulho, é uma obra que nos convida a mergulhar nas experiências e reflexões da autora durante um momento de transição geográfica em sua vida. Com poemas inéditos e carregados de emoção, Érica nos leva em uma jornada poética através de sua mudança da agitada cidade do Rio de Janeiro para a serena Arraial do Cabo.

Em meio à pandemia, a autora se viu diante de uma nova realidade e sentiu a necessidade de repensar sua relação com o mundo e com a poesia. Neste livro, ela compartilha conosco suas reflexões, angústias e esperanças, convidando-nos a sentir o que é se reinventar e seguir em frente, mesmo diante dos desafios e incertezas.

Ao longo de "Areia na Olhota", Érica Magni nos presenteia com um olhar sensível e autêntico sobre a vida, as mudanças e a busca por um novo sentido. Seus poemas nos envolvem e nos fazem refletir sobre a importância de aceitar as transformações e seguir adiante, mesmo que isso signifique deixar para trás parte de nós mesmos.

Érica Magni, com sua sensibilidade e talento, nos mostra que a poesia pode ser uma poderosa ferramenta para expressar nossas emoções mais profundas e nos conectar com o mundo ao nosso redor. "Areia na Olhota" é mais do que um simples livro de poemas, é uma obra que nos convida a mergulhar em nós mesmos e encontrar a beleza e a força nas mudanças que a vida nos reserva.







Compre o livro no site oficial da editora Pedregulho:

https://www.lojapedregulho.com.br/olhota

5 Poemas de Renata Ettinger

Foto: Arte digital // Divulgação

Renata Ettinger, poeta baiana de Itabuna que encontrou na palavra um refúgio, nos presenteia com seus poemas carregados de sensibilidade e profundidade. Em sua obra, a autora nos convida a refletir sobre a vida, o silêncio, as emoções e os diversos aspectos da existência humana. Com uma trajetória rica em publicações e projetos, Renata Ettinger se destaca no cenário literário nacional, conquistando leitores e admiradores com sua poesia única e impactante. Neste artigo, exploraremos cinco dos seus poemas, mergulhando no universo poético desta talentosa escritora.


habitat 


habitar a dor

frequentar seu habitat


conhecer os cômodos da casa

ser de casa


mas saber 

chegar

tirar os sapatos

ao entrar


abrir a geladeira

pegar a garrafa de água

o copo no armário


beber ali em pé

encostado no balcão da cozinha

com a cava de um dos pés 

no joelho


praticar a dor


deitar no sofá

mudar o canal da tevê


perceber do que ela é feita

do que somos feitos


cochilar de mau jeito

acordar com

uma dor nas costas


talvez o pescoço duro 

de repousar a cabeça 

no encosto de braço do sofá

não lhe ofereceu uma almofada

o ruim de ser de casa


botar a mesa do almoço

do jantar

do café


esquecer as colherinhas

sempre falta alguma coisa


degustar os sabores a conversa


perceber 

do que ela é feita


lavar os pratos a alma

as mãos

do que somos feitos








saber 

sair

perfurações


a furadeira 

insiste do lado 

de fora


parece que 

é meu peito

que ela 

a

trtr

trtrtr

a

vvvvve

eee

sssss

sa

a


espreme o coração

talvez querendo 

um lugar pra pendurar

esse tempo de

bandeiras

estrelas

expectativas


não há como conter

os furacões mas fazer provisões 

para esse tempo


aparar arestas

recolher o pó

preencher 

frestas com versos

e luz


escolho minhas bandeiras


não há como evitar

perfurações

cicatriz ar


deixar a dor

esmaecer


ir assim

desbotando

a pele

vivendo

seu tempo

com calma


a dor 

em si

pede 

o desbotamento

do tempo


o viver

a pele

em seu processo de 

cicatriz ar

por dentro


o existir em movimento

a dor 

em ser

quem somos


o mar

arrebatando 

a dor 

sem lar

nas narinas

o sal invade

as rimas

e ri


a dor

em sol

na praia

torpor estendido na areia


queimando 

porcelana


a vida é porcelana


às vezes conseguimos 

apanhá-la no ar 


em outras

o que resta é colar os cacos

e seguir 

do jeito que dá


a vida insiste

mas a qualquer momento

pode nos escapar 

das mãos


tem jeito não

a vida é de quebrar


brechas


das coisas

que não podem

ser vistas

mas que

abrem

profundezas


o medo

do medo

abre um buraco

no meu peito

e mora


tento tapar

o buraco

com coisas

que podem

ser vistas

inclusive

com as 

mãos


mas é como

tapar

o sol com 

a peneira


pelas 

brechas

escapam

a luz

 o ar









o medo


Siga a autora no instagram: https://instagram.com/renataettinger

3 Poemas de Gabriela Lages, autora de ''O mar de Vidro'' (2023)

Foto: Arte digital // Divulgação


A obra poética de Gabriela Lages Veloso é um mar de sensibilidade e profundidade, que conquistou leitores e críticos ao redor do mundo. Seu livro "O mar de vidro" (2023) é um testemunho da força e beleza de sua escrita, que já figura em bibliotecas renomadas em diversos países. Neste contexto, vamos explorar três poemas de Gabriela Lages, revelando a magia e a intensidade de sua poesia que encanta e emociona quem se debruça sobre suas palavras. 


Confira três poemas presentes na obra:


A origem


Me foi dada uma difícil missão,

Nomear todos os seres da terra.

Capturar-lhes a essência,

Identidade e significado,

Em uma única palavra.

Escolher um nome é contar uma história. 


Mas, o que veio primeiro?

O nome ou o significado? 


Nessa minha difícil missão,

Vivo sobressaltado 

E se um dia eu esquecer as palavras? 


Como algo tão pequeno pode conter o mundo?

A palavra contém o mundo.


Vida


Sou intensamente breve,

Como um sonho.

Feita de retalhos de instantes. 


E, nessa minha brevidade,

De segundos contados,

Devo ser tratada sabiamente. 


Nas tormentas, 

Os pesos devem ser arremessados 

Ao mar do esquecimento. 


Nas bonanças,

As lembranças devem ser recolhidas 

Ternamente, no abrigo da memória. 


Em mim, tudo é essencial

Chuva e aridez. 

Resisto ao tempo e às intempéries. 


Não tenho caminhos fixos,

Sou caleidoscópica.

Por isso, não se engane,

Não existe um único propósito para mim.

Sou um enigma a ser descoberto. 


Ouroboros

Desde o início dos tempos,
a raça humana buscou meios
para sobreviver. Quanto tempo
caminhou sem destino algum.

Não existiam raízes que ligassem-na
a terra. Os recursos eram sugados,
até a última gota. E, logo após, a
jornada continuava, sempre a mesma.

Em um certo dia, algo mudou,
o ser humano notou que poderia
cultivar o seu próprio alimento.

E, assim, plantou, bem fundo, suas
raízes e começou a se afeiçoar pelo
lugar onde estava. Um lar, quem sabe.

Entretanto, nos ciclos sem fim de Gaia,
a raça humana vaga novamente, na
eterna busca por algo inominado,
perdida em suas pegadas na areia.



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