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[RESENHA #687] Eu me amo (eu acho), de Sabrina Guzzon

Arte gráfica / Ed. Paraquedas

APRESENTAÇÃO

“Quando você ama, ama. Quando você quer, quer. Desculpas são usadas por quem perdeu ou nunca teve interesse em você”.

Como encontrar o amor, inclusive o próprio, depois de várias tentativas? Nesta prosa autoficcional divertida e às vezes ácida, Sabrina Guzzon conta a saga de uma mulher em busca de um final feliz. Prepare-se para um tratado honesto e contemporâneo sobre as relações amorosas e sobre o autoconhecimento.

“Ser amada, afinal, faz da vida verão”.

Neste texto em primeira pessoa, Sabrina Guzzon constrói uma personagem que não tem medo de expor fragilidades e traumas de maneira honesta e sem freios. Os cenários são de cinema, enquanto ela busca fazer da sua vida um filme. A jornada dessa (anti?) heroína é aprofundada a partir da sua longa lista de romances (ou projetos de) e de reflexões sobre o cotidiano, a pandemia e a maternidade.

Em meio a amores casuais, amassos na balada, enganações, abusos e tretas familiares, você também vai encontrar nessas páginas amor, ódio, redenção. E entender que todas as histórias merecem um final feliz.

RESENHA

O título da obra é uma resposta paradoxal da personagem em relação às diversas vezes que ouviu “você precisa se amar mais”. Nesta obra, a autora nos traz à tona um mix entre histórias e músicas que se casam em diferentes momentos de sua vida, por meio dos acontecimentos dramáticos e marcantes em sua vida amorosa.

Escrito em primeira pessoa, a obra “Eu me amo (eu acho)” descreve em cada um de seus 32 capítulos uma história diferente de submissão amorosa em relação a seus diversos companheiros, que diferem bastante entre si, não somente em profissão, mas também em locais e personalidades.

As narrativas se iniciam com a descrição de um relacionamento que agravou seu estado de sobriedade, levando-a a buscar ajuda psiquiátrica e medicamentosa. Dez anos se passaram e os efeitos ainda permanecem. Ainda que em tratamento, lê-se a frase “você queria o meu mal”. Uma história de devoção de mão única se faz presente em todos os capítulos. Alguém que buscou encontrar o amor em diferentes momentos e locais, com personagens distintos e repletos de si próprios, característica que, talvez, faltasse na protagonista.

Um homem que a encontra semanalmente prepara-se para gozar de forma solitária. Ela, usada e insatisfeita, reflete sobre as reais intenções que a fazem permanecer nessa roda solitária de “usa-o-meu-corpo”. Ele cantarolava como quem cantava para todas, os encontros eram famigerados e repletos de sensualidade e paixão, pelo menos esta era a visão que ela alimentava dentro de si.

As nuances transitam entre hotéis, casas e camas diversas. Eles eram cantores, entusiastas, amantes do sexo e do prazer. Ela buscava, até certo ponto, encontrar-se em alguém, o que lhe ocasionava em diversos momentos tristeza, dor, amargor e uma sequência interminável de pensamentos acerca dos reais impulsos que a faziam continuar em uma ronda interminável de encontros que lhe custavam a paz. Um encontro em uma boate de São Paulo revela-se efêmero. Ele levou dois minutos para o gozo (isso, dois minutos), casado, dono da boate e regrado a bebidas. Um ambiente onde ninguém de fato se conhecia ou ligava para o outro. Ela adormece no táxi e é roubada, a única coisa que lhe resta é agradecer a sorte de não ter sido morta ou abusada.

Um misto de homens compromissados atravessa seu caminho em diversos locais diferentes ao redor do mundo. Uma mulher abandonada em casa pelo marido empresário dono de boate, uma namorada largada às traças pelo namorado viajante, um cantor com compromissos e negócios a esconder. Nada parecia fazer sentido. Em diversos momentos, ela se questiona: por que os homens fazem isso?

"Minha autoestima piorou um pouco mais quando engordei. Eu já não me sentia atraente e merecedora de bons olhares e respeito" (p. 73, capítulo 12).

O homem aproxima-se, a química brota e nasce uma relação tortuosa e repleta de ofensas e sexo. A roda continuou girando acerca do relacionamento repleto de segredos e problemas mal resolvidos. Todos faziam questão daquele encontro e torciam para que desse certo (p. 77).

Uma obra se finaliza após a protagonista conhecer alguém que mudou sua vida, alguém que a fazia dançar sem motivos. O principal ensinamento é que talvez o amor seja questão de escolha. Um livro que narra em cada capítulo um episódio diferente de dor e crescimento, uma obra que transita entre o que queremos e o que recebemos, ou como reagimos quando recebemos algo com o qual não estamos habituados. Singelo e lindo, merecedor de muitas leituras e prêmios. Guzzon, você me cativou em cada relato.

A AUTORA

Mãe da Maria Flor e do Antonio, suas melhores obras. Publicitária e pesquisadora, já lançou três livros: Louco é quem não amaA terapeuta virtual e Emiliano. Apaixonada por ouvir pessoas e suas histórias, continua sendo uma estudante da vida cotidiana. Uma aprendiz de si própria, gosta de criar narrativas que dissequem a alma. Constantemente atrás de verdades que emocionem, considera a busca pelo amor próprio uma jornada sem fim

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