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Resenha: Clarissa, de Érico Veríssimo


ISBN-13: 9788535906110
ISBN-10: 8535906118
Ano: 2005 / Páginas: 184
Idioma: português
Editora: Companhia das Letras

Clarissa vem de uma cidadezinha do interior para estudar na capital, Porto Alegre, onde mora na pensão de tia Eufrasina. Com os olhos voltados para o futuro, Clarissa é o contraponto de Amaro, outro morador da pensão, músico malsucedido preso a sonhos passados que o presente recusa-se a concretizar.
Através do olhar de uma adolescente alegre e otimista, Erico Verissimo revela não só a realidade de uma pensão pequeno-burguesa, mas também a situação do Brasil e do mundo na década de 30, com todo seu deslumbramento e iniquidade.

RESENHAS

A obra Clarissa de Erico Verissimo publicada pela editora Companhia do Bolso, São Paulo 2005 1 edição Companhia do Bolso [2005] 5 reimpressões é composta por 214 paginas. Nesta obra o autor trata das descobertas de uma jovem de treze anos que se mudou para o interior do Rio Grande do Sul. Erico Verissimo teve sua estreia literária na revista Globo com o conto Ladrões de Gado, em 1933 publicou o primeiro livro de contos: Fantoches. Em 1933 o seu primeiro romance: Clarissa. Seu grande sucesso foi Olhais os Lírios do Campo o qual o tornou conhecido nacional e internacionalmente. Esta obra pertence à Segunda Fase Modernista da literatura brasileira na qual o autor mais se destacou.
A obra de Clarissa é composta por 31 capítulos nos quais vem a tratar de uma jovem que “acorda” para a vida. Morando na pensão de Dona Eufrasina e do tio Cuoto, a qual vê o mundo de uma maneira inocente e tenta descobrir os seus secretos “todos tem um secreto, todos tem um mistério” assim Clarissa vai vivendo na cidade de Porto Alegre, observando as pessoas que ali vivem, ela vai descobrindo que a vida não é um arco-íris mais sim que a vida é má.

Clarissa percebe coisas que ninguém vê mesmo com uma visão infantil das coisas, Ondina trai o seu marido Batata com Nestor, Amaro é um musico triste e frustrado e que esta apaixonado por Clarissa o qual vive a vida contemplando Clarissa, se arrependendo por não ter aproveitado a sua vida, Amaro vive nostalgicamente relembrando cenas de sua infância e a juventude. A sua tia Eufrasina esta passando por uma fase de mudanças e devido a ela ser uma pessoa conservadora não consegue se adaptar a modernidade e a seus novos costumes, na casa ao lado um viúva que trabalha o dia e a noite toda para conseguir um pouco de dinheiro para ele e para seu filho que está machucado enquanto do outro lado existe uma casa onde não há falta de dinheiro e as pessoas e as crianças que ali vivem são felizes o tempo todo. Além desses indivíduos na pensão vive o judeu Levinsky que vive criticando a politica atual e os pensamentos e ideologias cristãs.

O motivo verdadeiro da vinda de Clarissa a Porto Alegre é completar seus estudos, com o sonho de ser professora futuramente. Os que vivem na pensão passam o tempo todo discutindo politica, o tempo e fofocando sobre a vida dos vizinhos ricos. A vida passa pelos olhos de Clarissa, que a observa e questiona, buscando sempre a filosofia correta sobre a sua existência.

O livro tem uma fácil linguagem o que o torna da fácil compreensão a qualquer pessoa, a obra pode ser comparada ao um diário em que uma jovem escreve a sua vida, eu realmente gostei da obra, pois me identifico com vários personagens um deles é com o judeu que vive criticando a politica e o cristianismo. O autor da obra nos mostra como naquela época já existia diferença social em que ricos vivem na frente de pobres e não se ajudam uma obra realmente que chega a emocionar ao vermos como seria bom se fossemos o tempo todo como Clarissa uma menina que não via nada com malicia e que ama a vida dela, ate ela descobrir que nem todas as coisas são belas, que temos segredos profundos e tenebrosos, o mundo seria melhor se todas as meninas hoje pensassem com ela.

Resenha: Olhai os lírios do campo, de Érico Veríssimo


Primeiro best-seller de Erico Verissimo, Olhai os lírios do campo representou uma guinada na carreira literária do escritor. Várias edições se esgotaram em poucos meses. Segundo Erico, o sucesso foi tão grande que "teve a força de arrastar consigo os romances" que publicara antes em modestas tiragens.

Eugênio Pontes, moço de origem humilde, a custo se forma médico e, graças a um casamento por interesse, ingressa na elite da sociedade. Nesse percurso, porém, é obrigado a virar as costas para a família, deixar de lado antigos ideais humanitários e abandonar a mulher que realmente ama. Sensível, comovente, Olhai os lírios do campo é um convite à reflexão sobre os valores autênticos da vida.

ISBN-13: 9788535906097
ISBN-10: 8535906096
Ano: 2005 / Páginas: 288
Idioma: português

RESENHA

Temporalmente, o texto escrito por Érico Veríssimo, em 1938, pode ser associado ao tempos mais remotos até os dias atuais.]Análogo ao contexto descrito no Sermão da Montanha, quando Jesus Cristo ensina aos fariseus sobre o excesso de preocupação com a aparência e o acúmulo de riquezas, o texto inspira o autor a iniciar uma discussão sobre o pensamento capitalista vivido no Brasil, na década de 1930, onde o acúmulo de capital, a ostentação e a supervalorização da posição social se sobrepõem aos conceitos de moral, respeito ao próximo e até mesmo às famílias. O romance modernista típico da semana de 1922, da obra de Érico Veríssimo abrange as primeiras décadas do século XX, então permeadas por mudanças de ordem estrutural, política, social e ideológica. Seu viés político-social contrasta com o clima bucólico vivido pelo personagem principal, Eugênio, um jovem médico que vive em conflito sobre suas concepções sobre amor e ascensão social. O Brasil recém havia passado pelo golpe de estado que deu origem à República e, menos de meio século após o evento, a estrutura é dissolvida pela Revolução de 30, seguida pelo golpe que instituiu o Estado Novo, menos de uma década depois. Na adesão à economia capitalista, o Brasil se vê em meio a contradições: a industrialização que convive com a tradição rural do país, as acentuadas diferenças entre campo e cidade, os dilemas sociais enfrentados pela população com a crescente modernização da sociedade. A maior parte da produção literária do período provém do nordeste e do sudeste. No Sul o principal expoente será Érico Veríssimo, que, em suas obras, irá abordar os problemas da classe média urbana, onde os cidadãos são confrontados com a vida na cidade grande em rápida transformação. No período analisado, qual seja ele a década de 1930, algumas cidades do Brasil passavam por um intenso processo de modernização, com a implementação da indústria e os projetos de urbanização. Neste caso específico, os processos identificados privilegiam o Rio Grande do Sul e, mais especificamente, Porto Alegre. O ideal de progresso é o respaldo para a legitimação da corrente positivista que viera agregada à república, além da implementação do liberalismo econômico, que prega a livre concorrência. A incipiente industrialização promove a consolidação da classe dos operários, trabalhadores das fábricas e da construção civil. As condições de trabalho eram precárias em todos os estados, o que causava inúmeras revoltas urbanas das classes trabalhadoras. Assim, o governo implementa uma série de medidas que visa ao tratamento específico das questões trabalhistas, já que havia abuso nas relações entre os proletários e a burguesia industrial que os empregava. Com a industrialização e a consolidação das classes operárias e burguesas, as relações capitalistas se intensificam. A modernização do estado está fortemente ligada às políticas públicas de urbanismo das cidades, onde o centro acomoda os signos modernos – edifícios, calçadas, luz elétrica, lojas, automóveis – enquanto que os bairros afastados servem para manter a população mais pobre e os operários à margem desse desenvolvimento. O romance presentemente analisado está permeado por críticas relativas à sociedade do período e cobrem diversos assuntos, desde o posicionamento político até a conduta dos personagens, passando pela crítica à moral e aos bons costumes, além de proporcionar um painel histórico e social a partir de uma visão peculiar, que é a de Érico Veríssimo. É importante observar que o casamento de Eugênio com Eunice tivera o aspecto de uma transação comercial. Em todo momento fica claro que não há amor naquela união e que tudo não passa de um jogo de interesses. Eugênio, como dito anteriormente, sente-se deslocado do meio em que está e seu dilema é pautado pela procura por um ambiente confortável. 

Esse seu sentimento de não pertencimento ao meio pode ser interpretado como uma metáfora ao cidadão médio brasileiro residente no meio urbano, e que percebe, de repente, uma sociedade diversa daquela em que sua identidade fora construída. A situação do operariado no Brasil naquele momento também é tratada na trama. A questão é evidenciada tanto no ambiente fabril, na primeira parte, quanto no consultório de Eugênio na segunda. É importante observar que o casamento de Eugênio com Eunice tivera o aspecto de uma transação comercial. Em todo momento fica claro que não há amor naquela união e que tudo não passa de um jogo de interesses. Eugênio, como dito anteriormente, sente-se deslocado do meio em que está e seu dilema é pautado pela procura por um ambiente confortável. Esse seu sentimento de não pertencimento ao meio pode ser interpretado como uma metáfora ao cidadão médio brasileiro residente no meio urbano, e que percebe, de repente, uma sociedade diversa daquela em que sua identidade fora construída. Temos, desta forma, um panorama do estado de coisas na Porto Alegre do contexto: a convivência da sociedade com os signos da modernidade, que se sobrepõem à sua tradição quando novas construções são feitas em cima dos velhos casarões coloniais; os problemas enfrentados pela população, com sua carência em relação à saúde e educação; as necessidades de consumo como forma de pertencimento a um conjunto, o que vai influenciar na economia; a busca por lucro a qualquer custo por parte da burguesia, criando tensões entre as classes; as péssimas condições de trabalho dos operários, expostos a todo tipo de risco. Além do panorama histórico, Veríssimo imprimiu seu ponto de vista crítico por meio das situações sociais que criou: filhos fora do casamento, matrimônio por conveniência, aborto criminoso, a prática médica irresponsável, a responsabilidade social, o preconceito racial por meio do drama de um judeu, o adultério e a mulher em busca do mercado de trabalho. Nos dias atuais, podemos observar ainda a persistência de certas práticas burguesas presentes na época em que esse romance foi escrito, e até mesmo nas relações trabalhistas, evidenciado pelos constantes movimentos sociais por melhores condições de trabalho e de vida. 

A desigualdade social que ainda predomina no Brasil, já foi retratada por Veríssimo ao citar as dificuldades vividas pela família de Eugênio para oferecer a ele condições de estudo visando um futuro diferente daquela realidade que os atinge. Apesar de notarmos nos dias atuais uma melhora no acesso à educação e consequentemente uma maior possibilidade de crescimento, ainda é bastante palpável a desigualdade que alimenta a pobreza e favorece os conflitos sociais.

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