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[#LeiaNacional] Entrevista com Hugo Bessa, autor de ❝por um momento, um dia, uma vida ou sei lá o quê❞


Hugo Bessa nasceu em Volta Redonda (RJ), mas foi em Cruzeiro (SP), onde cresceu e vive hoje, que descobriu sua paixão pelas histórias. É jornalista, especialista em Língua Portuguesa, e atua na produção de conteúdo para comunicação empresarial. O livro por um momento, um dia, uma vida ou sei lá o quê  é seu terceiro livro, e como era de se esperar, conta com uma abordagem agridoce e fermentada com bastante drama familiar, e é sobre esta obra na qual iremos falar hoje.

01. De onde surgiu o enredo do livro?

Eu tenho essa história na cabeça há muitos anos, talvez tenha sido a minha

 primeira ideia literária. Nunca havia colocado no papel, sempre ficou guardada em algum lugar aqui dentro. Ela veio de uma frase atribuída a Carl Jung, e que li em um livro: "o encontro de duas pessoas é pura química, pois, se houver reação, elas se transformam".

 No momento em que li essa frase, imaginei uma batida de carro que faz duas pessoas terem suas vidas misturadas e que acabam se transformando. Essa simples ideia permeou meu pensamento por anos e, quando comecei efetivamente a escrever, acho que em 2020, pensei

 nos desdobramentos e acabei incorporando outros elementos à história.


02. Quais foram suas principais inspirações para o desenvolvimento deste enredo?


A frase que eu mencionei acima foi a faísca que acendeu a história, mas outros
elementos me inspiraram, como os pequenos momentos do dia a dia, as pequenas coincidências, os pequenos encontros, em como podemos mudar o estado de espírito de alguém com um simples 'bom dia' ou o nosso próprio, ao escutarmos, por acaso, a conversa de alguém, o que nos leva a pensar na nossa vida. Acho que a maior inspiração é esse emaranhado que é a vida, esses vários caminhos se cruzando, o que é bem representado na capa do livro.


03. Um recurso que transforma a experiência com sua escrita é a possibilidade
de analisar as situações sob óticas distintas de cada personagem durante os encontros acalorados dos protagonistas. Por que optou por fazer uso deste recurso?


Como eu queria falar sobre essa transformação que um causa na vida do outro, precisávamos ser íntimos dos protagonistas, e enxergar a partir do ponto de vista deles. Eu sempre quis contar a história assim, é uma forma que gosto muito e que usei no meu primeiro livro, Em um lugar melhor, porque permite que a gente entenda que nem tudo aquilo que o personagem mostra o traduz de verdade. Agora, trazer também o ponto de vista dos personagens que circulam pelo mundo dos protagonistas foi algo que eu decidi na hora de começar o livro, porque eu queria abordar não apenas as grandes transformações, mas também as pequenas, às vezes imperceptíveis, que duram apenas um momento.


04. Não é muito comum livros que abordam a vida de protagonistas com mais de
50 anos, porém, isso aproxima o leitor da realidade, visto que, todos nós estamos propensos a fazer escolhas erradas. De que forma e por que motivo você optou por construir uma história focada nesta faixa etária tão inexplorada nos livros ?


Acho que era importante para a história ter essas duas pessoas adultas, com uma grande bagagem e desiludidas com suas escolhas. Não é um livro sobre o amor romântico, é um livro sobre outras formas de amor e desamor, é uma história que pergunta até quando podemos nos transformar. E a mudança ganha outro peso com a passagem do tempo. Nunca enxerguei outro universo para a história que não fosse esse. Poderia fazer dois jovens batendo de carro e se apaixonando? Poderia, e seria muito mais conveniente e fácil em vários sentidos, mas não seria esse livro.


05. Um tema bastante frequente na realidade e presente na obra é o enfraquecimento
da relação entre mãe e filho em relação à pauta sexual. É muito comum a ausência de compreensão dos pais acerca da sexualidade dos filhos. Este acontecimento marca uma série de outros que ocorrem com Joana. A pauta foi uma forma de mostrar a personagem sob uma ótica específica acerca de suas próprias escolhas? O que o motivou à partir para esta pauta na vida da personagem?


Essa falta de compreensão da Joana em relação à sexualidade do filho foi mais um elemento para mostrar como ela é uma pessoa dura, fechada em suas crenças, preconceitos e escolhas, e acabou enriquecendo muito a história. Além disso, trazer personagens LGBTQIAPN+ em meus livros, seja como trama principal ou não, é um compromisso que eu tenho comigo mesmo desde o meu segundo livro. Como autor gay, eu acho importante usar a minha voz, minhas vivências e minha realidade para abrir a mente das pessoas e contribuir para um mundo mais diverso e inclusivo.


06. De todos os personagens secundários criados e não explorados, Berenice, tornou-se a mais marcante, ela foi responsável por tornar o enredo leve já nas primeiras páginas. De que forma ocorreram as construções destes personagens, e por que você acredita que Berenice tenha sido a mais marcante ?

Acredito que ela ficou marcada por ser a primeira coadjuvante que ganha seu próprio capítulo, e por completar o arco narrativo, sem dar muitos detalhes. A construção desses personagens veio da necessidade de mostrar que, às vezes, mudamos o momento ou o dia de alguém e nem nos damos conta disso, o que tem tudo a ver com a história central. Para localizar essas pessoas na narrativa, eu sempre pensava onde estariam Roberto e Joana naquele ponto da história e que tipo de personagens poderiam cruzar com eles. Foi também uma oportunidade de desenvolver melhor o marido, a esposa e os filhos, que já estariam no livro, de uma maneira ou de outra.


07.Que outras interpretações da obra são possíveis? Você já leu ou ouviu uma
interpretação interessante acerca da leitura de sua obra ?


Eu acho que mais do que interpretações, ela pode tocar nas pessoas de formas diferente, seja pela leveza, pelas partes dramáticas ou pela revelação, que acontece mais perto do final e que muda o olhar para a história. Já li pessoas trazerem detalhes ou questionamentos que eu achei que não fossem surgir, mas ler é uma experiência tão única, que é normal que seja assim. E eu amo escutar tudo o que têm para me dizer sobre o livro.


08. Como tem sido a recepção do público em relação a sua obra?


Muito positiva. Quem lê, gosta bastante, e claro que eu me sinto muito lisonjeado. Estou no meu terceiro livro e é, sem dúvidas, o que as pessoas mais gostam. Espero que eu consiga fazer com que ele chegue a um público cada vez maior. Confesso que esse é o primeiro livro que me faz deixar a Síndrome do Impostor de lado e me enxergar como um escritor de verdade. 


09. Qual foi a parte mais difícil durante todo processo de escrita ?


O meio do livro. Porque eu sabia o começo, sabia o final, mas não tinha ideia de como seria o recheio. E comecei sem saber! Fui descobrindo aos poucos, durante a escrita, o que tornou tudo ainda mais emocionante. O curioso é que eu comecei achando que sabia o final, mas eu o mudei completamente. Na verdade, os personagens me conduziram a ele. Não posso entrar em detalhes, mas o final original seria basicamente o oposto do que foi.


10. você pretende desenvolver novos livros com uma abordagem semelhante?


Pretendo, sim. Cada autor tem o seu estilo próprio, e muito do que há em "Por um momento, um dia, uma vida ou sei lá o quê..." faz parte do meu. Inclusive, eu acho que é o livro que mais traduz quem eu sou, com essa mistura de drama e humor


11. O que podemos esperar para os próximos lançamentos?


Eu tenho três histórias na cabeça, e já escrevi o primeiro capítulo da próxima. Vai ser um romance LGBTQIAPN+ e para um público um pouco mais jovem. As outras duas histórias são mais adultas e, em uma delas, o protagonista é um idoso. Nenhuma das três histórias é tão leve, mas eu gostaria de me dedicar depois a tramas mais softs. O difícil é conseguir, porque a veia dramática aqui é forte.



12. onde podemos acompanhar melhor o seu trabalho?

Pelo meu Instagram: @hugobessaescritor . Não levo muito jeito para a vida de influencer, mas estou me esforçando para aparecer e criar conteúdo. Hoje em dia, o escritor tem que fazer de tudo um pouco.
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