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[RESENHA] Incidente em Antares, Erico Veríssimo


O romance é dividido em duas partes, “Antares” e “O incidente”. Na primeira, fala sobre a historia de antares, no interior do Rio Grande do Sul, localidade fala sobre duas famílias poderosas em disputa,Vacarianos e campolargos, as famílias vivem a história brasileira ao longo dos anos.

A ação de “O incidente” tem início em 11 de dezembro de 1963, quando é decretada uma greve geral na cidade de Antares, iniciada pelos operários das indústrias da região. Os funcionários do cemitério declaram sua adesão ao movimento. Com isso, ficam sem enterro os corpos de sete mortos: D. Quitéria, matriarca dos Campolargo que morreu de enfarto; Dr. Cícero Branco,
advogado envolvido em falcatruas com as duas famílias poderosas; o sapateiro Barcelona; o maestro Menandro, que se suicidou; a velha prostituta Erotildes, vítima de descaso médico; João Paz, agitador político morto depois de ter sido torturado pela polícia; e, por fim, o bêbado Pudim de Cachaça, assassinado pela mulher, cansada de suas bebedeiras e agressões.  

Abandonados diante dos cemitérios, os mortos se levantam de seus caixões e se dirigem à cidade, provocando pânico na população. Separam-se, combinando reencontro para o meio-dia no coreto da praça central. Cada um deles visita seus parentes, descobrindo certas circunstâncias de suas mortes, bem como a reação de todos diante delas.  

No horário marcado, encontram-se todos no coreto. A população se reúne em torno, curiosa para saber o desenrolar do caso. Os mortos iniciam então uma sucessão de acusações e denúncias envolvendo os moradores. Cícero Branco apresenta provas de enriquecimento ilícito dos poderosos locais, além de denunciar as circunstâncias da morte de João Paz. Barcelona revela os casos de adultério, que ele sabia pelas conversas ouvidas em sua sapataria. Erotildes aponta os nomes de alguns de seus amantes mais notórios. As acusações se desdobram em outras, feitas pelos próprios vivos, trazendo intranquilidade a muitos lares da cidade. 

Os grevistas resolvem suspender seu movimento e atacam os defuntos no coreto. Os mortos resolvem então se recolher ao cemitério, onde são finalmente sepultados. Repórteres de diversas localidades visitam a cidade querendo saber detalhes do incidente. Alguns moradores confirmam o ocorrido, mas sem conseguir apresentar provas. As autoridades afirmam que tudo não passa de boato para promover a feira agropecuária local. Essa versão é a que acaba por predominar, relegando ao esquecimento o estranho incidente de Antares.

Protagonista (as):

O livro conta a história de um incidente ocorrido em Antares, porem o livro não tem um protagonista em especifico, o livro não conta a história aos olhos de apenas um personagem, e sim de vários, os cidadãos de Antares.
A história é contada pelos seguintes personagens:

Vacarianos

• Francisco Vacariano (pioneiro) – rival de
Anacleto Campolargo
• Antão Vacariano – rival de Benjamim Campolargo
• Xisto Vacariano - rival de Benjamim Campolargo
• Romualdo Vacariano (caçula) – estuprado /
violentado a mando de Benjamim Campolargo
• Tibério Vacariano – casado com D. Briolanja

Campolargos

• Anacleto Campolargo (pioneiro) – rival de
Francisco Vacariano
• Benjamim Campolargo - rival de Antão e Xisto
Vacariano
• Terézio Campolargo (caçula) – violentado / morto
por Xisto Vacariano
• Zózimo Campolargo – casado com D. Quitéria

Os sete defuntos

• D. Quitéria Campolargo – matriarca da família Campolargo
• Dr. Cícero Branco – advogado corrupto que tenta se
regenerar depois de morto
• João Paz – homem que foi torturado pela polícia do lugar
• Erotildes – velha prostituta
• Pudim de Cachaça – bêbado que foi envenenado pela mulher
• Maestro Menandro – homem solitário que se suicida por não
Conseguir tocar Appassionata, de Beethoven.
• Barcelona – o sapateiro do lugar de Antares

Antagonista
Os antagonistas em nossa opinião são os grevistas que se recusaram a trabalhar, isso inclui os coveiros. Deixando assim os corpos sem serem sepultados

Descrição Dos personagens

Representando a ordem social tradicional, marcadamente conservadora e de alta classe, os dois clãs rivais (Vacarianos e Campolargos) dominam a cidade.

As personagens femininas, com exceção de D. Quitéria, a matriarca dos Campolargos, vivem à sombra dos seus maridos, submissas e alienadas, aceitando passivamente a ordem estabelecida. Uma exceção a essa passividade e alienação é Valentina, mulher do Dr. Quintiliano.

As personagens esquerdistas, taxadas de comunistas naquela sociedade conservadora, defendem o socialismo e lutam por um ordem social mais justa e um mundo melhor. Destacam-se aqui o Pe. Pedro-Paulo, o Prof. Martim, Joãozinho Paz com sua mulher (Ritinha), Geminiano ramos, Barcelona, o anarco-sindicalista, e mesmo Xisto, neto do Cel. Tibério.

Entre os humildes, constituindo a ralé da sociedade antarense, está o submundo da favela Babilônia. Nessa linha, incluem-se a prostituta Erotildes e o bêbado Pudim da Cachaça. (Rosinha e Alambique).

Mais ou menos marginalizados, enclausurados, nos seus dramas pessoais e nos seus traumas, destacam-se o maestro Menandro, o neonazista Egon Sturm e certamente o subserviente secretário do Prefeito (o Mendes). Nessa lista, em falta de outro lugar, talvez possa entrar aqui também o fotógrafo checo Yaroslav.

Foco narrativo
Os fatos são narrados em terceira pessoa 

Tempo
O livro abrange desde vinte e quatro de abril de 1830 que é a data citada no documento mais antigo que se refere à Antares, ate o incidente em si que ocorreu em 1963.
Clímax
O clímax do livro em nossa opinião foi quando os sete defuntos voltam à vida vão reencontrar suas respectivas famílias e amigos e se deparam com coisas totalmente diferentes do que esperavam.
Considerações finais
Nesse trabalho falamos sobre o livro incidente em Antares, sobre os personagens, sobre sua historia e também sobre Erico Veríssimo, o autor do livro, contamos os fatos ocorridos na pequena cidade do Rio Grande do Sul e damos as nossas opiniões sobre esses acontecimentos.
Bibliografia
Veríssimo, Erico. Incidente em Antares. Edição revista pelo acervo literário de Erico Veríssimo da PUCRS, Editora globo. 1ºedição de 1971

E.E.Dr Américo Brasiliense

Incidente em Antares
Erico Veríssimo
Leonardo C. Escobozo 

[RESENHA] O continente, Érico Veríssimo



“O Continente – parte 1”, VERÍSSIMO, Érico, 379 Páginas, Editora Globo.

2. Resumo da Obra
“O Continente – parte 1”

O Sobrado I: Envolve-se em torno da revolução federalista no Rio Grande do Sul, em 24 de junho de 1995, apresentando o personagem Licurgo Cambará, dono do sobrado, uma casa antiga de família localizada em Santa Fé. Em meio à guerra, dentro do sobrado encontram-se a família de Licurgo: Alice (esposa), Maria Valéria (cunhada), Florêncio Terra (sogro), Bibiana Terra (avó), Toríbio e Rodrigo (filhos) e seus comandados do lado legalista. A casa está a dias cercada pelas tropas maragatas do coronel Amaral e por isto encontram-se em escassez de água e comida. Alice, mulher de Licurgo está à beira do parto. Insistem para Licurgo se entregar. No quarto, antes do dormir, Rodrigo mostra a seu irmão um punhal que pertencia ao avô deles, e diz que deseja se defender com o mesmo.
A Fonte: Narra as missões jesuítas em meados de 1745, quando uma índia estuprada por bandeirantes dá a luz a um menino que Pe. Alonzo batiza de Pedro. Este tem visões e prevê acontecimentos como a morte do líder indígena Sepé Tiaraju. Diz ser filho da Virgem Maria com quem dá longos passeios. Ainda criança presencia a Guerra Guaranítica e o fim das missões. Ganha um punhal de prata de Pe. Alonzo, o mesmo que permanece na história da família que com ele se inicia. Pedro é a fonte de onde a história da família Terra terá continuidade.
O Sobrado II:  No dia 25 de junho de 1895, Alice entra em trabalho de parto e a criança nasce morta. Maria Valeria informa Licurgo que era uma menina.
Ana Terra: A Narrativa volta ao passado, entorno de 1760, apresentando a família Terra. Maneco Terra é um tropeiro que já havia sonhado em habitar os campos do sul. De São Paulo, desce com sua família até uma propriedade no Continente de São Pedro. É casado com Dona Enriqueta, com a qual possui três filhos: Horácio, Antonio e Ana Terra. Vivem isoladamente sendo a cidade mais perto Rio Pardo a três dias de carreta. Ana Terra mostra-se com saudade da cidade nos tempos de menina. Se torna moça e não tem relacionamentos. Em 1777, com cerca de 25 anos, ao lavar as roupas no poço, depara-se com o corpo de um homem, quase morto, atirado a terra. Avisa ao pai e aos irmãos que vão verificar, trazendo o desconhecido até a casa, onde recupera-se. Seu nome era Pedro Missioneiro, o mesmo que fugira das missões durante a Guerra Guaranítica. Com a permissão de Maneco Terra, constrói uma meia água na propriedade e ajuda nas atividades. Ana Terra e Pedro vivem um breve romance. Ana fica grávida de Pedro, o qual tem uma visão que irá morrer e quando Ana pede para este fugir ele lhe entrega um punhal de prata e diz que cumprirá seu destino. Ao saber do fato seu pai ordena que Horácio e Antonio matem Pedro. Maneco Terra declara sua filha morta aos seus olhos. D. Henriqueta ampara Ana, a qual nunca mais consegue saber o real fim de Pedro. Dona Enriqueta, já envelhecida vem a falecer em 1778. Ana dá a seu filho o nome de Pedro Terra. Horácio casa com uma açoriana e muda-se para Rio Pardo onde abre uma venda. Antonio casa-se com Eulália, desta relação sendo fruto Rosa que nasce em 1789. Circula a noticia de que castelhanos estão atacando na região. Meneco, que já possuía dois escravos que o ajudavam na plantação de trigo, ordena os homens a pegar em armas ao ver a aproximação dos castelhanos. Ana, Eulália, Rosa e Pedrinho correm para o mato. Ana sabendo que a procura dos castelhanos eram riquezas e mulheres para se divertir ordena para que os três se escondam e só saiam a sua ordem. Aqueles homens veriam as roupas femininas na casa e procurariam mulheres no mato próximo, se Ana estivesse lá acreditariam na existência de apenas uma mulher na casa. Os invasores destroem a casa, matam todos os homens e violentam Ana Terra até seu desmaio. Ao acordar Ana depara-se com a cena de destruição da propriedade, grita por Eulália e pelas crianças os quais saem do esconderijo. Permanecem na propriedade por dois dias, enterrando os mortos. Ao passar um homem de viagem com sua família pela terra, Ana acorda com este que os leve até seu destino. Seriam três meses de viagem para chegarem até um novo povoado, nas terras de um Coronel Amaral, que se formava na região missioneira. Lá chegam e se instalam, construindo depois de alguns tempos uma pequena meia água. O povoado chamava-se Santa Fé, onde Pedro cresce a Ana torna-se parteira conhecida na localidade. Eulália casa-se novamente e vai morar em Rio Pardo. Ana Terra envelhece, Pedro Terra parte para a guerra e volta em 1804 quando casa-se com Arminda com a qual tem dois filhos: Juvenal Terra (1804) e Bibiana Terra (1806).
O Sobrado III: Ainda em 25 de junho de 1995, Licurgo obriga-se em razão do cerco, a enterrar sua filha que nasceu morta no porão do sobrado.
Um Certo Capitão Rodrigo: Chega até o povoado de Santa Fé um gaúcho que se instala na venda de Nicolau. Sendo de seu gosto muita farra, bebida, mulheres e carreiras, todos o aconselham a não esquentar banco no local que é habitado por gente direita e de família. No dia de finados depara-se pela primeira vez com Bibiana Terra, pela qual se encanta a primeira vista, estando no cemitério junto de seu pai e sua mãe visitando o tumulo de sua avó Ana Terra. Rodrigo tenta puxar assunto com Pedro, este que desde a chegada do capitão no povoado nunca gostou de sua presença. O Padre aconselha Rodrigo a deixar o local, porém este afirma fazer o contrario. Assim Pe. Lara aconselha que Rodrigo fale com Ricardo Amaral, considerado autoridade em Santa Fé, o qual não aceitara sua presença, para que tente mudar a visão que Amaral possui por este. Rodrigo tem a tentativa em vão, pois Ricardo não aceita sua permanência, porém, o capitão diz que ficará do mesmo modo. Bento Amaral, neto de Ricardo também gosta de Bibiana Terra a qual não o corresponde em sentimentos. Sem nenhuma progressão com Bibiana e cada vez mais ao desgosto de Pedro, Rodrigo fala ao padre que deseja casar-se com Bibiana, construir uma família e abrir uma venda em sociedade com Juvenal em Santa Fé. Pe. Lara sabendo que Bibiana também tem amores por Rodrigo, conversa com Pedro para consentir no casamento dos dois. Mesmo não gostando de Rodrigo, Pedro pede a Bibiana se é de seu desejo casar-se com o capitão e essa afirma que sim. Casam-se em 1829 e logo após nascem Anita e Bolívar. Dois anos depois o Capitão começa a sentir falta da liberdade e da sua vida antes de pai de família. Começa a gastar mais do que tem em farra e jogos. No ano de 1833 chega até a cidade duas famílias de imigrantes alemães, da qual pertence Helga, moça que Rodrigo torna-se amante. No mesmo ano, passa um inverno rigoroso e Anita, filha de Rodrigo vem a falecer. O Capitão abatido começa a dar mais tempo para a família e se preocupar com seu bem estar, deixando de lado seu comportamento dos últimos tempos. Em 1834 nasce Leonor Terra Cambará, fato que alegra um pouco Rodrigo e já corre o boato que uma guerra estaria próxima de estourar. Em 1835 Rodrigo parte para a Revolução Farroupilha, como que estivesse saindo para uma festa, pois lhe agradava uma peleia. Um ano depois os conflitos chegam até a região de Santa Fé. Rodrigo era do lado farroupilha. Já as autoridades de Santa Fé e o líder Amaral eram do lado imperial. Todos os moradores se escondem nas casas a leste para fugir do conflito, porém Juvenal consegue apenas tirar seus sobrinhos da casa, pois Bibiana insiste em ficar. Esta sente que Rodrigo irá lhe procurar. E é o que ocorre. Depois de rever Bibiana, Rodrigo avisa que tomará de assalto o casarão dos Amarais. O Capitão lidera os farroupilhas na tomada e estes vencem a batalha. Entretanto Pe. Lara tem a missão de dar a notícia a Bibiana que seu amor falecera em luta. Bibiana já sabia, desde que conheceu seu capitão sempre lhe dissera que Cambará macho não morria em cama, morria com espada na mão. No dia de finados, Bibiana visita o túmulo de Rodrigo com seus filhos, mas sabe que homens como seu marido nunca estarão mortos.
O Sobrado IV: Na noite de 25 de junho de 1895, os republicanos do sobrado declamam versos enquanto que o cerco permanece e preocupa cada vez mais. Maria Valéria, cunhada de Licurgo fica a pensar como este deve estar se sentindo sabendo que sua amante, Ismália está lá fora a mercê dos maragatos. Alice, enfraquecida do parto, acorda e grita por sua filha. Alucinada, diz estar ouvindo os ratos que estão em cima do corpo da pequena. Licurgo a acalma “Sossega Alice. É o vento...”.

3. Elementos da Narrativa

Protagonista:
No primeiro momento mostra como protagonista a personagem Ana Terra, mulher de fibra e coragem que enfrenta vários desafios até sua instalada em Santa Fé. Amou apenas um homem em toda sua vida, Pedro Missioneiro e criou seu filho sozinha.
No segundo momento, após a morte de Ana e dando continuidade na família Terra, a protagonista da história torna-se Bibiana Terra, sua neta. Carregando muito de sua avó consigo, Bibiana também vive um desfecho com muita garra. Enfrentando seu pai Pedro para ficar com seu único e grande amor, Capitão Rodrigo, com o qual inicia a família Terra-Cambará.

Antagonista:
Depois da chegada em solo santafesensse, os personagens antagonistas que tomam postos são pertencentes da família Amaral. Ricardo Amaral, praticamente dono do povoado e seu neto Bento Amaral que sofre de amores por Bibiana Terra.

Tempo Cronológico:
“O Continete 1” narra em tempo cronológico a história de uma família que inicia em 1745 com o nascimento de Pedro Missioneiro, até 1836 com a morte do Capitão Rodrigo Cambará, sendo assim um espaço de tempo de 91 anos. Porém também mostra nos capítulos que se referem a “O Sobrado” ( I, II, III e IV) os dias 24,25 e 26 de junho de 1895, onde a família Terra-Cambará já esta em sua quinta geração, com Licurgo Cambará, neto de Bibiana Terra, vivendo um cerco em luta com os maragatos.

Tempo psicológico:
A todo momento os personagens viajam em tempos psicologicos, principalmente quando Bibiana Terra recorda sua avó, Ana Terra, ou quando Rodrigo Cambará recorda seus tempos de soldado, andando a galope pelos campos, respirando liberdade, jogando e se divertindo com chinas. O personagem Pedro Terra também vive tempos psicológicos pensando em sua vida e em como criou sua filha Bibiana, recordando a garra de sua mãe e os tempos que chegara em Santa Fé.

Espaço:
O Tempo e o Vento é uma trilogia de cunho regionalista. No primeiro livro “O Continete 1”, foca a povoação do Continente de São Pedro do Rio Grande, nome pelo qual era conhecido o Rio Grande do Sul, localizado no sul do Brasil, em tempo que esta terra era uma terra de ninguém, pouco valorizada posta algumas vezes em disputas entre Portugal e Espanha. No primeiro momento, o espaço em que os personagens habitam é numa estância, onde Ana vive o romance com Pedro Missioneiro. A cidade mais perto da estância é Rio Pardo que fica a três dias de carreta. Após a destruição da propriedade por castelhanos, a história adquire um novo espaço geográfico, narrando as próximas gerações da família em Santa Fé, um povoado na região missioneira que começa a se formar no final do século XVIII. A partir daí, todo o desenrolar da trama se passa em solo santafesensse, no noroeste do hoje, estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

Conflito:
No enredo das páginas de “O Continente”, volume 1, podemos citar mais de um conflito:
• O primeiro é quando Ana Terra conta para sua mãe, sobre o filho que estaria carregando no ventre, e a partir daí o sobreviver de Pedro Missioneiro, o pai da criança, é incerto.
• Mais tarde podemos citar o trecho em que a família de Ana Terra encontra-se em grande pavor ao saber que os castelhanos estavam perto suas terras.
• Outro conflito acontece quando Capitão Rodrigo e Bento Amaral vão para as coxilhas disputar uma peleia, na qual todos sabiam que apenas um deles sairia com vida.

Clímax:
• Quando Ana conta para sua mãe sobre o fruto das noites que fugia e passava com Pedro Missioneiro, não se dá conta de que o pai e os irmãos escutavam tudo. Quando finalmente percebe a única coisa que consegue fazer é debruçar –se no colo da mãe e chorar enquanto os irmãos pegavam as armas e iam à busca do tal índio.
• Outro ponto auto da história é quando a família Terra fica sabendo da notícia de que os castelhanos estariam por perto. Os homens (Maneco Terra, Horácio Terra e os dois escravos da família) preparam suas armas e mandam as mulheres (Ana e Eulália) e os filhos (Pedrinho e Rosa) se refugiarem no mato. Ana Terra sabia que os castelhanos vinham atrás de riquezas e também para se aproveitarem das mulheres, e por isso, ela fez com que Eulália ficasse com as crianças escondida no mato, pois sabia que quando os castelhanos invadissem o local e percebessem (pelos objetos contidos na casa) que naquele lugar vivia uma mulher, iriam procurá-la nas redondezas da mata. Ela sabia que se estivesse no local seria violentada, mas que seria a única. E decidiu ficar ali, dentro de casa esperando, para que a vida de Pedrinho, Eulália e Rosa fosse salva.
• Estava acontecendo um casamento na vila e Capitão Rodrigo decidira que naquela noite dançaria com Bibiana e tentaria se aproximar da moça. Bento Amaral também a queria e por isso cercou-a a noite toda, porém isso não parecia ser nenhum empecilho para o Capitão que foi tirá-la para dançar. Bento se intrometeu e disse para Rodrigo que ela já tinha par para aquela dança e então se iniciou uma discussão que desencadeou num combate, cujo só um dos dois sairia vivo.

Desfecho:
• Os irmãos Terra saem armados. Ana Terra fica desesperada, chorando e torcendo para que Pedro já estivesse longe dali. Um tempo depois Antônio e Horácio chegam a casa e jogam uma pá no chão, seus corpos estavam tomados de suor, deixando subentendido o assassinato do pai do filho que Ana esperava.
• Ana acorda de um desmaio aterrorizante e sentindo muita dor começa a lembrar-se do que teria acontecido: fora violentada por vários daqueles malditos castelhanos. Levantando-se com muito esforço, estava fraca e muito dolorida, ela se depara com todos os quatro mortos: o pai, o irmão e os dois escravos. Lembrou-se do que dissera para os que tinham se escondido na mata e foi encontrá-los. Estavam a salvo! Por último, o que restou-lhe fazer foi enterrar os corpos.
• Foi de baixo do pessegueiro que saíram em direção às coxilhas. O combinado foi usarem apenas armas brancas. Capitão Rodrigo disse que deixaria em Bento sua marca. O que todos não esperavam é que Bento teria uma atitude covarde de levar uma arma de fogo e atirar à queima roupa no seu atual rival, que teve um encontro com sua morte, mas que depois de algum tempo estava pronto para outra.

Linguagem:
O livro é narrado em terceira pessoa e sempre busca uma aproximação da linguagem tradicional e nativa. Também devemos fazer menção a vários trechos onde o Português se confunde com o Espanhol, buscando assim uma aproximação dos fatos ocorridos em cada detalhe que o autor menciona. Não podendo esperar menos do autor e poeta, Érico Veríssimo, nos deparamos com alguns trechos onde a poesia carregada de história, conhecimento e sentimentos se fazem presentes.

Personagens:
Ana Terra: Mulher de fibra, guerreira e destemida. Com coragem e sem medo enfrenta sua sina que muitas vezes é composta por tristezas e momentos de solidão.

Pedro Missioneiro: Nascido em 1745 de uma índia estuprada por um bandeirante a qual morreu ao dar a luz, foi criado por padres jesuítas nos povos das missões. Tinha visões e previu acontecimentos como a morte do líder Sepé Tiaraju. Ainda menino presenciou a guerra guaranítica e fugiu da missão com um punhal de prata, vivendo sozinho ao Deus dará, lutando em batalhas.

Maneco Terra: Pai de Ana Terra. Senhor conservador de pensamentos autoritários. Antigo tropeiro de mulas, residiu em São Paulo antes de trazer sua família até o Continente de São Pedro.

Dona Enriqueta Terra: Mãe de Ana Terra.

Antonio e Horácio Terra: Irmãos de Ana Terra.

Eulália: Cunhada de Ana Terra, esposa de Antonio.

Rosa: Sobrinha de Ana Terra. Filha de Eulália e Antonio.

Pedro Terra: Fruto do breve romance de Ana Terra com Pedro Missioneiro. Cresceu no povoado de Santa Fé. Homem que prezava o bem da família e queria um futuro digno para sua filha.

Arminda: Esposa de Pedro, mãe de Juvenal Terra e Bibiana Terra.

Juvenal Terra: Nascido em 1804. Filho de Pedro e Arminda, irmão de Bibiana.

Bibiana Terra: Nascida em 1806. Filha de Pedro e Arminda. Era muito apegada a sua avó Ana Terra da qual herdou muito do perfil. Decidida e confiante em si. Mulher de garra que enfrenta seu pai para casar-se, cria seus filhos e espera seu marido que parte para a guerra.

Capitão Rodrigo Cambará: Oriundo da família Cambará sempre metida em guerras e em batalhas. Corre o continente no lombo de seu cavalo respirando liberdade. Sempre de um lugar para outro, amante de carreiras, jogos de carta, farra e chinas. Homem de palavra, que cumpre o que promete.

Bolívar Terra: Primeiro filho de Bibiana e Rodrigo.

Anita Terra: Irmã de Bolívar, falece ainda bebe por consequência de um inverno rigoroso.

Leonor Terra: Filha caçula de Bibiana e o Capitão.

Florêncio Terra: Filho de Juvenal Terra, sobrinho de Bibiana que cresce se criando junto ao primo Bolívar.

Ricardo Amaral: Chefe Político de Santa Fé. Dono de muitas terras aos redores. Quem incentivou o inicio da povoação naquela terra. Autoritário e respeitado pelos moradores. Habita um casarão de pedra.

Bento Amaral: Neto de Ricardo Amaral. Tem amores por Bibiana Terra antes mesmo da chegada de Rodrigo ao povoado. Institui o mesmo autoritarismo que o avô.

Pe. Lara: Único padre da localidade de Santa Fé. Convive com insônia toda noite. Muitas vezes perambula pela cidadezinha nas madrugadas de verão. Torna-se amigo de Rodrigo.

Nicolau: Dono da única venda de santa fé anterior a sociedade de Rodrigo e Juvenal. Dá pouso para o capitão nos primeiros dias de sua estada em santa fé.

Helga: Moça filha de imigrantes alemães. Torna-se amante de Rodrigo Cambará por um breve tempo.

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