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[RESENHA #969] Os dezoito de brumário de Luis Bonaparte, de Karl Marx

SINOPSE

Em O Dezoito de Brumário de Luís Bonaparte, Karl Marx expõe de que modo a França que, mais uma vez, inspirou o mundo a lutar contra o absolutismo monárquico, através da Revolução de Fevereiro de 1848, se revelou um exemplo caricato de suas próprias contradições.

Após frear um refluxo conservador e destituir Luís Felipe I como rei, o país elegeu Luís Bonaparte, sobrinho do seu antigo imperador, Napoleão, como presidente da República recém-declarada. Aquela sociedade permitiu-se enganar pelo ímpeto popular do novo presidente, que, encoberto pelos acenos de ampliação de direitos civis, conduziu o golpe de Estado que o consagrou imperador Napoleão III, refazendo a posição autoritária do poder bonapartista.

É esse o contexto histórico sobre o qual Karl Marx debruçou nesta obra, uma primorosa crítica que revelou as primeiras experiências empíricas de seu materialismo e se tornou um dos textos mais importantes da ciência política. Esta edição, traduzida por Leandro Konder e Renato Guimarães, conta com preparação, introdução e notas de rodapé da socióloga Sabrina Fernandes, que apresenta a importância da obra para nossa época e explica detalhes do original alemão de modo acessível à leitora e ao leitor brasileiros. Assim, ela continua o trabalho de divulgação marxista iniciado com O manifesto comunista, dando seu segundo passo na reapresentação das edições de Karl Marx publicadas pela Editora Paz & Terra.

Temos, portanto, a oportunidade de entender não apenas quais foram as explicações de Marx sobre o golpe de Estado de Napoleão III, mas também como esse tipo de expediente continua sendo receita para líderes carismáticos subverterem insurreições populares em prol de si mesmos. Sabrina Fernandes nos ensina como o famoso enunciado de Marx sobre a tragédia e a farsa é nítido também para acontecimentos políticos recentes no Brasil – dos protestos de junho de 2013 ao governo de Jair Bolsonaro.

RESENHA

O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte" de Karl Marx é uma obra profunda e brilhante que analisa o golpe de Estado que levou Louis-Napoléon Bonaparte ao poder na França em 1851. Marx, com sua abordagem materialista da história, examina os eventos reais e os situa no contexto da luta de classes, revelando as verdadeiras forças motrizes por trás da história.

Ao contrário dos livros didáticos tradicionais de história, esta leitura traz um olhar renovado e desprovido de preconceitos. Marx analisa objetivamente os eventos, utilizando metáforas e recursos literários para transmitir sua visão da realidade diante de seus olhos.

Ao explorar o papel do Estado e da luta de classes, Marx demonstra como as revoluções burguesas apenas aperfeiçoaram a opressão das classes dominantes. Ele propõe, pela primeira vez, a ideia de que o proletariado não deve apenas assumir o aparato estatal existente, mas desmantelá-lo completamente.

Mesmo diante da derrota de movimentos como a Comuna de Paris, Marx mantém a esperança para aqueles que se sentem desesperançados. Sua análise continua sendo uma base importante para o debate político e acadêmico, especialmente em momentos em que variantes bonapartistas surgem na América Latina.

O livro "Os Dezoito de Brumário, de Luís Bonaparte" de Karl Marx é uma obra primorosa que mergulha no contexto histórico da Revolução Francesa, especificamente do golpe de Estado de Napoleão Bonaparte, ocorrido em 1851. Neste livro, Marx analisa em detalhes os eventos que levaram ao estabelecimento do regime bonapartista na França e faz uma série de reflexões sobre a natureza do poder político e a dinâmica das classes sociais.

Uma das principais contribuições do livro é a análise minuciosa que Marx faz do papel das classes sociais e das lutas de poder na consolidação do regime bonapartista. Ele destaca que a burguesia francesa, após a Revolução de 1848, estava dividida e incapaz de resolver seus conflitos internos. Nesse contexto, Napoleão Bonaparte, apoiado pela classe agricultora e beneficiando-se da crise econômica e política em curso, conseguiu se posicionar como uma figura forte e carismática, capaz de unir diferentes classes sociais em torno de seu regime.

Marx também discute a importância do golpe de Estado de Napoleão Bonaparte para a história política da França e do mundo. Ele argumenta que o regime bonapartista representou uma espécie de "retorno ao passado", marcado pela centralização do poder nas mãos de um líder autoritário, em detrimento dos avanços democráticos conquistados durante a Revolução Francesa. Ao analisar os eventos ocorridos no período conhecido como "Dezoito de Brumário", Marx também aponta para questões mais amplas, como a natureza do Estado e o papel da violência política na tomada e na manutenção do poder.

Outro ponto interessante do livro é a forma como Marx utiliza uma vasta gama de fontes históricas para sustentar suas análises. Ele cita inúmeros artigos de jornais, discursos políticos e documentos oficiais para ilustrar os eventos e as disputas de poder da época. Esse rigor metodológico confere uma grande credibilidade às conclusões de Marx e permite ao leitor ter uma compreensão mais ampla e precisa dos acontecimentos.

Além disso, a escrita de Marx é envolvente e marcada por seu estilo característico, que combina erudição, clareza e ironia. Ele é habilidoso em expor contradições e hipocrisias tanto nos discursos políticos quanto nas ações dos atores envolvidos. Sua crítica incisiva aos poderosos e sua defesa dos interesses das classes oprimidas são constantes ao longo do livro, tornando-o uma obra carregada de conteúdo político e social.

Em resumo, "Os Dezoito de Brumário, de Luís Bonaparte" é uma leitura imprescindível para aqueles interessados na história política e social do século XIX, bem como para aqueles que desejam entender mais profundamente a teoria marxista. Karl Marx utiliza uma vasta gama de fontes e oferece uma análise detalhada dos eventos que levaram ao golpe de Estado de Napoleão Bonaparte, explorando aspectos históricos, citando fontes primárias e fornecendo informações pertinentes à compreensão do período.

Marx destaca que os grandes eventos históricos e personagens aparecem duas vezes: uma vez como tragédia e outra como farsa. Ele relaciona o golpe de Estado de Napoleão Bonaparte em 1799 com o golpe de seu sobrinho, chamado de "a segunda edição do 18 de brumário". Marx vê o primeiro golpe como um momento heroico da burguesia e o segundo como uma reação militar repressiva.

O autor busca explicar o movimento da história através das lutas de classes sociais. Sua obra é uma continuação do livro anterior, As Lutas de Classes na França de 1848 a 1850, onde ele discute a dominação da burguesia e analisa o período de 1848 a 1851 sob o ponto de vista do antagonismo de classe.

Marx faz uma crítica negativa ao campesinato, considerando-os como aliados da classe dominante. Ele os compara a um saco de batatas, sem vontade própria, prontos para serem influenciados por forças superiores, representadas pelos Bonaparte. Segundo Marx, a dinastia Bonaparte não representa os camponeses revolucionários, mas sim os conservadores, que desejam consolidar sua condição social e se apoiam na superstição e preconceitos dos camponeses.

Em resumo, Marx vê a história como uma sucessão de eventos trágicos e cômicos, impulsionada pelas lutas de classe, onde o campesinato surge como um aliado da classe dominante.

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