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Resenha: O cogumelo venenoso, de Ernst Hiemer (livro antissemita, a leitura requer cuidado)

Crianças alemãs leem um livro de propaganda antissemita intitulado 'Dear Gifpilz', 'o cogumelo venenoso' / Foto: Enciclopédia do Holocausto / reprodução


Caro leitor, gostaríamos de informar que a publicação que você está prestes a ler uma análise extensa sobre o livro, 'O Cogumelo Venenoso' de Ernst Hiemer, contém conteúdo sensível e polêmico. É importante ressaltar que o não apoiamos à publicação deste livro, nem endossamos ao seu conteúdo, pensamento ou momento político retratado na obra. Nosso objetivo ao disponibilizar uma análise  profunda de seus conteúdos e promover a reflexão e o debate sobre temas controversos, respeitando a liberdade de expressão e o direito à informação. Pedimos que mantenha uma postura crítica e respeitosa ao se envolver com o conteúdo apresentado. Obrigado pela compreensão.


O cogumelo venenoso é  um livro infantil de dezessete capítulos publicado por Julius Streicher em 1938, escrito por Ernst Ludwig Hiemer e ilustrado pelo cartunista/caricaturista alemão Fips (pseudônimo de Philipp Rupprecht). Foi um dos livros de texto adotados nas escolas alemãs como propaganda antissemita que resultou no holocausto judeu.

O livro "O cogumelo venenoso" de Ernst Hiemer é uma obra controversa que causou polêmica desde o seu lançamento. Com uma abordagem impactante, a obra aborda temas delicados como o antissemitismo e a propaganda nazista. Nesta matéria, iremos explorar a história por trás do livro, suas repercussões e o debate em torno da liberdade de expressão e da disseminação de ideologias intolerantes. "O Cogumelo Venenoso" foi lançado em 1938, durante o regime nazista na Alemanha. O autor, Ernst Hiemer, era um membro proeminente do partido nazista e usou o livro como uma forma de disseminar a propaganda antissemita do regime.


Confira uma breve exposição dos conteúdos dos capítulos da obra:


O cogumelo venenoso

Uma mãe ensina o seu filho, Franz, sobre os cogumelos venenosos na floresta, comparando-os às pessoas ruins na sociedade. Ela associa os judeus a esses cogumelos venenosos, explicando que eles são perigosos e devem ser evitados. Franz acredita nisso e entende que os judeus são perigosos como os cogumelos venenosos. A mãe destaca a importância de alertar as pessoas sobre os judeus e ensinar as crianças a reconhecê-los. O autor conclui que os jovens alemães devem estar cientes da Questão Judaica e que os judeus são vistos como demônios pela sociedade.

Como reconhecer um judeu?

Na aula do Sr. Birkmann, os alunos da 7a série estão aprendendo sobre os judeus e como reconhecê-los. Eles discutem características físicas como nariz torto, lábios grossos, olhos penetrantes e orelhas grandes, além de comportamentos como movimentos instáveis ​​e voz nasal. O professor encoraja os alunos a prestarem atenção e ficarem atentos para não serem enganados pelos judeus, levando-os a recitar um verso anti-semita. A atitude do professor e dos alunos na aula é preocupante e mostra a disseminação do preconceito e anti-semitismo.

Como os judeus vieram a nós?

A estória se passa em uma pequena cidade alemã, onde dois estudantes observam e fazem comentários preconceituosos sobre três "judeus do oriente". Eles descrevem de forma pejorativa as características físicas e comportamentais dos judeus e como eles se adaptam em diferentes países para não serem reconhecidos como tal. Os estudantes enfatizam a ideia de que, apesar das mudanças de aparência e comportamento, os judeus sempre serão reconhecidos como tal. Eles encerram com um poema que reforça a ideia de que, uma vez judeu, sempre judeu.

O que é o Talmud?

O texto descreve um diálogo entre um jovem judeu, Solly, e um rabino sobre os ensinamentos do Talmud, livro sagrado dos judeus. O Talmud ensina que apenas os judeus são considerados humanos, enquanto os não-judeus são vistos como gado. Solly é instruído pelo rabino sobre como os judeus devem agir em relação aos não-judeus, incluindo a permissão de enganá-los, roubar deles e até mesmo mentir sob juramento. O rabino enfatiza a importância de seguir as leis do Talmud, que são consideradas mais importantes do que as do Antigo Testamento, e o alerta que quem as quebrar merece a morte. O texto destaca algumas passagens do Talmud que justificam a conduta dos judeus em relação aos não-judeus, enfatizando a supremacia dos judeus e a permissão para agir de forma desonesta com os não-judeus.

Por que os judeus se permitem serem batizados?

Essa história mostra um casal judeu que foi batizado, mas as meninas loiras comentam que o batismo não faz deles não-judeus. Elas citam que assim como um negro não pode se tornar alemão pelo batismo, um judeu não deixa de ser judeu. Elas criticam o clero por permitir que judeus sejam batizados, acreditando que eles querem destruir a Igreja Cristã. A história conclui com um ditado que enfatiza que um judeu sempre será judeu, mesmo que seja batizado.

Como um camponês alemão foi expulso de sua casa e fazenda

Um fazendeiro alemão perde sua casa e fazenda para um financeiro judeu, que arruinou sua vida. O filho do fazendeiro promete nunca permitir que um judeu entre em sua casa quando tiver sua própria fazenda, pois acredita que os judeus são traiçoeiros. O pai concorda, acreditando que os judeus sempre irão nos trapacear e nos tomar nossas posses. O filho lembra do que aprendeu na escola sobre os judeus serem uma praga e sedentos por sangue, e promete expulsá-los se aparecerem em sua propriedade.

Como os negociantes judeus enganam

O texto narra a história de um vendedor ambulante judeu que tenta vender roupas ruins para uma jovem camponesa alemã durante uma noite festiva no vilarejo. O vendedor elogia a camponesa e tenta convencê-la a comprar seus produtos, mas ela não se deixa enganar, conhecendo a reputação dos judeus. O vendedor sai xingando, mas consola-se ao saber que pode enganar facilmente outros camponeses. No final, a história alerta sobre a desonestidade dos vendedores ambulantes judeus e a importância de comprar apenas de alemães.

A experiência de Hans e eles com um homem estranho

Um judeu tenta atrair as crianças com doces para sua casa, mas o menino Hans desconfia e acaba salvando sua irmã ao chamar a polícia. Sua coragem é elogiada e ele é recompensado com um pedaço de bolo de chocolate. A mãe ensina um ditado sobre o perigo dos estranhos e a importância de se manter seguro.

A visita de Inge a um médico judeu

Inge está doente e reluta em ir ao médico, pois sua líder da DBM afirma que médicos judeus são ruins e querem destruir o povo alemão. Sua mãe a obriga a ir ao médico judeu, Dr. Bernstein, e Inge tem uma experiência assustadora, onde se sente ameaçada pelo médico. Ela consegue escapar e ao contar sua experiência para a mãe, esta se arrepende de tê-la mandado ao médico judeu. Inge e sua mãe refletem sobre a situação e Inge mostra que é importante questionar e pensar por si mesma, mesmo que vá contra as crenças propagadas pela DBM. A história mostra a importância de não acreditar em estereótipos e preconceitos, e de pensar criticamente sobre as informações que recebemos.

Como o judeu trata os seus empregados

Rosa, uma jovem de 23 anos, arrumou um emprego em uma agência de empregos judaica em Viena e foi enviada para trabalhar em uma casa de judeus na Inglaterra. Ela relata em uma carta a seus pais sobre as condições desumanas em que foi tratada, sendo resgatada por uma mulher alemã e retornando para casa. No final da carta, Rosa expressa seu ódio aos judeus, baseado no preconceito e nos maus tratos que sofreu durante sua experiência.

Como 2 mulheres foram enganadas por advogados judeus

Duas mulheres alemãs são enganadas por advogados judeus que cobram taxas de ambas, mesmo representando acusadora e ré em um caso. Após serem condenadas juntas, as mulheres percebem que foram enganadas e decidem fazer as pazes, concordando em nunca mais recorrer a advogados judeus. A história destaca a falta de justiça e empatia dos advogados judeus, que visam apenas o lucro.

Como os judeus torturam os animais

Neste texto, é mostrada uma cena em que dois garotos assistem judeus abatendo um boi em um matadouro judaico. Os meninos presenciam a brutalidade e a alegria dos judeus durante o processo, o que os leva a concluírem que os judeus são as piores pessoas do mundo. Eles discutem sobre as acusações de assassinatos rituais cometidos pelos judeus e afirmam que eles são cruéis tanto com os animais quanto com os seres humanos. A narrativa reforça estereótipos antissemitas e propaga a ideia de que os judeus são malignos e precisam ser eliminados.

O que Cristo disse sobre os judeus?

A mãe camponesa ensina aos seus filhos que a cruz lembra o terrível assassinato dos judeus no Gólgota. Ela fala sobre como os judeus são descendentes do Demônio e cometem crimes, e que Jesus foi morto pelos judeus por falar a verdade sobre eles. Ela instrui as crianças a lembrarem-se disso sempre que virem uma cruz.

O dinheiro é o deus dos judeus

O texto fala sobre a visão de uma mãe para sua filha sobre a relação dos judeus com o dinheiro. A mãe explica que, para os judeus, o dinheiro é como um deus e que eles estão dispostos a cometer crimes para consegui-lo. Ela também afirma que os judeus não têm piedade e se dedicam exclusivamente a acumular riquezas, mesmo que isso signifique explorar e destruir outras pessoas. A mãe descreve os judeus como demônios que buscam dominar o mundo através do dinheiro. Liselotte tenta entender esses conceitos, enquanto a mãe reforça a ideia de que o dinheiro é o principal objetivo dos judeus, que farão qualquer coisa para alcançá-lo.

Como Hartmann se tornou um Nacional Socialista?

Um trabalhador alemão se junta aos Nacional-Socialistas de Hitler após se decepcionar com os líderes judeus do Partido Comunista. Ele decide se afastar dos judeus e abraçar o movimento de Hitler, alegando que os judeus são responsáveis pela ruína da Alemanha. A história destaca a importância da lealdade à pátria e a influência do discurso nacionalista e antissemita no contexto político da Alemanha pré-Segunda Guerra Mundial.

Existem judeus decentes?

O texto narra uma conversa em um restaurante entre quatro homens alemães, incluindo um judeu chamado Salomon. Salomon defende a dignidade dos judeus e se sente frustrado com os comentários negativos dos outros sobre sua religião. No final, um dos homens revela que Salomon havia mentido sobre sua participação na guerra e em outras ações nobres, o que leva Salomon a sair correndo envergonhado. A história destaca a importância de ser honesto e mostra que nem todos os judeus são honestos e dignos, assim como nem todos os não judeus são desonestos.

Sem resolver a Questão Judaica não há salvação para a humanidade...

O texto fala sobre a influência de Julius Streicher na Juventude Hitlerista, que admirava sua fala contra os judeus. Streicher era conhecido por sua retórica antissemita e era temido pelos judeus, o que o tornava popular entre seus seguidores. Ele discutiu a questão judaica em um discurso para milhares de pessoas, enfatizando a ameaça que ele acreditava representar o judaísmo. Streicher era visto como um defensor da Alemanha e era aclamado com entusiasmo por seus seguidores. Ele pregava a exclusão dos judeus e a restauração do mundo por meio da ideologia alemã.

Como o livro se de difundiu durante a segunda guerra mundial?

Em 1938, os editores do jornal nazista Der Stürmer lançaram um livro infantil intitulado Der Giftpilz, com o objetivo de ensinar às crianças que os judeus eram uma ameaça para a Alemanha. O livro comparava os judeus alemães a um cogumelo venenoso, alertando sobre os perigos de se envolver com eles. O autor e artista Phillip "Fips" Rupprecht criou uma série de contos ilustrativos, destacando estereótipos antijudaicos, como a suposta adoração por dinheiro e tentativas de sequestro de crianças alemãs por homens judeus. O Cogumelo Venenoso foi apenas um exemplo de textos infantis que promoviam o anti-semitismo durante a era nazista, alcançando sucesso e popularidade através de exposições e murais baseados no livro. Estas iniciativas contribuíram para disseminar a ideologia racial nazista entre crianças e adultos na Alemanha.

Quais livros infantis foram difundidos contra os judeus durante a segunda guerra?


O primeiro livro, intitulado "Der Giftpilz" ou "O Cogumelo venenoso" (à esquerda), foi publicado em alemão em 1938 e serviu como evidência nos Julgamentos de Nuremberg. A segunda obra, intitulada "Der Pudelmopsdackelpinscher" ou "O Mestiço", foi lançada em 1940 e defendia o assassinato de judeus. Já a terceira obra foi publicada em 1936 em Nuremberg, Alemanha, com o título em alemão "Você não pode confiar em uma raposa na charneca e em um judeu em seu juramento: um livro ilustrado para jovens e velhos". A capa apresenta uma raposa na charneca e um homem judeu prestando juramento, o livro foi escrito e ilustrado por Elvira Bauer (1915 - depois de 1943), professora de jardim de infância, estudante de arte e apoiadora nazista.

Como funcionava a propaganda nazista nas escolas?

A propaganda nazista nas escolas era uma ferramenta essencial do regime para disseminar suas ideologias e valores entre os jovens alemães. As escolas eram usadas para doutrinar as crianças com a ideologia nazista desde cedo, de forma a moldar suas crenças e visões de mundo de acordo com os princípios do regime.

Os alunos recebiam uma educação que enfatizava a superioridade da raça ariana, a necessidade de defender a pátria e o Führer (Adolf Hitler), e a importância de obedecer às autoridades e seguir as diretrizes do partido nazista. Os livros didáticos eram cuidadosamente selecionados para promover essas ideias e retratar o nazismo de forma positiva.

Além disso, os professores eram incentivados a participar de organizações nazistas e a promover a ideologia do partido em suas aulas. As crianças eram encorajadas a denunciar qualquer oposição ao regime por parte de seus colegas ou familiares, o que criava um ambiente de medo e controle nas escolas.

Em resumo, a propaganda nazista nas escolas tinha como objetivo criar uma geração de jovens fanáticos e leais ao regime, que estivessem dispostos a defender o nazismo e seus líderes a qualquer custo.

Assista ao vídeo abaixo para uma explicação do que ocorria na prática.

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