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Como escreve: Licia Soares, autora de ❛quando as traças criaram asas❜

Licia Soares de Souza, renomada autora e professora emérita da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e colaboradora do programa Pós-Cultura da Universidade Federal da Bahia (UFBa), traz em seu mais recente romance distópico, "Quando as traças criaram asas", uma história envolvente e repleta de reflexões sobre poder, resistência e utopia. Publicado pela Editora Autografia no Rio de Janeiro, o livro nos transporta para uma cidade assolada por experimentos transgênicos com insetos, conduzidos por um médico utópico, que, ao perder o controle da situação, desencadeia uma tragédia. Nesse cenário, parte da população se vê obrigada a enfrentar um governo de direita que busca se apropriar dos insetos devoradores para destruir todos os documentos escritos e silenciar os opositores ao regime. Em uma narrativa repleta de suspense e ação, Licia Soares de Souza nos leva a refletir sobre os limites do poder e a importância da resistência em tempos de autoritarismo.


Foto: arte digital


1. Quando decidiu que se tornaria um escritor?


Desde criança, sempre tive vontade de escrever e de ser lida. Comecei com folhetins, isto é, estórias de amor escritas a lápis e amarradas com cordão. O sucesso era tanto que minhas colegas ficavam esperando que eu chegasse no dia seguinte com a continuação. Mas, acabei me desanimando quando recebia de volta meus manuscritos originais rasurados, rasgados, incompletos. Abandonei esta idéia. 



2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você chegou a concluí-lo? Já abandonou algum projeto de escrita?


Segui a carreira acadêmica, licenciatura, mestrado e doutorado. A minha tese, defendida na Université du Québec à Montréal, versou sobre as telenovelas brasileiras em um programa de semiologia. Discorri sobre o impacto dos folhetins eletrônicos, eu que tinha sonhado em ser escritora de folhetim. Foi o meu primeiro livro publicado : Représentation et Idéologie: les téléromans au service de la publicité, Montréal, Éditions Balzac.1994. 

Continuei escrevendo artigos sobre telenovelas e um livro que saiu pela Fundação Cultural do Estado da Bahia: Televisão e cultura: análise da teleficção seriada, que encorajou alguns pesquisadores que se sentiam constrangidos em trabalhar uma tal narrativa da indústria cultural, nos cursos de Letras.

Nunca abandonei nenhum projeto de escrita. Todos que pensei, realizei.



3. Como você escolhe os temas e o enredo dos seus livros?


Eu sou uma escritora de livros teóricos: Semiótica literária, televisual, fílmica. Comecei na área da criação, escrevendo poemas para declamar nos saraus que estava participando. Fiz poemas em alemão para as festas do Goethe Institut e para estar com os poetas do Nosso Sarau no mesmo instituto.

No Canada, já tinha escrito um romance autobiográfico em francês Livia et le mystère de la Croix du Sud que conta minha estória de amor.


Em 2020, na pandemia de covid-19, vendo traças correndo em meus livros velhos, imaginei a distopia que poderia nascer da ideia de cruzar esses insetos com o mosquito da dengue. Uma nove zoonose surgiria atacando livros e seus leitores, sob uma ditadura militar que reeditaria o abominável AI-5 de 1968. É a oportunidade de se destruir o saber escrito, no país, e de se pensar na criação de bibliotecas virtuais onde poder-se-ia modificar o conteúdo de obras contestadoras. Este romance distópico, evidentemente, tem o poder de abrir debates sobre as vantagens e desvantagens da inteligência artificial na formação de escritores e leitores e de organização das novas bibliotecas. Na minha opinião, é um romance muito didático que parte da mente de uma professora, preocupada sempre em educar.



4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?


O romance distópico tem várias citações, em uma dinâmica intertextual. Euclides da Cunha, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Silviano Santiago, no Brasil, me inspiram. Fora do Brasil, Baudelaire, Sartre, Flaubert, Aldous Huxley, Orwell, Catherine Mavrikakis, Antonio Torres e Oleone Fontes.



5. Existe algum ritual para se escrever um livro? Qual funciona para você?

Nenhum ritual codificado. Para mim, tenho uma ideia, e começo a escrever. Os livros teóricos, nascem de pesquisas acadêmicas. Em novembro de 2023, lancei em Montreal, um livro de poemas, em francês, que foi muito bem apreciado por críticos e poetas de renome na cidade. O título é Les grands espaces germinent sous mes pieds. Comecei em 2016, há 7 anos, e fui mudando os poemas conforme os acontecimentos da época, ao ponto de  refletir bastante, neste exercício poético,  sobre as angústias existenciais provocadas pelo confinamento na pandemia. Tem poema sobre a vida de Mariele Franco, sobre os incêndios de nossas florestas, sobre ditaduras, sobre minha adaptação nos invernos de Montreal.




6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?


Já falei dos atuais. O livro de poemas lançado em Montréal em novembro de 2023 e o romance distópico, Quando as traças criaram asas,  lançado em dezembro do mesmo ano. O mais complexo foi a tese de doutorado que já citei na primeira pergunta.


7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?

Usava no passado. Mas, desde que aprendi a escrever diretamente no computador, deixo a cabeça me guiar e perdi o hábito de anotações. É estranho, ainda me pergunto como aconteceu, mas é assim



8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como você lida com a ausência de inspiração?


Sim, a ausência de inspiração aparece, em dias de cansaço. Quando tenho que sair muito, ir a médico, fazer compras, resolver problemas, perco a vontade de escrever. Tenho que esperar ficar descansada pra recomeçar e restabelecer o diálogo  com meus temas teóricos, ou com meus personagens que eu deixo lá quietinhos até eu voltar à página do computador.



9. O que podemos esperar para os seus próximos livros?


Uma autobiografia sobre o meu confinamento com minha mãe, na pandemia. Sentir todo o pânico que ela viveu, refletir sobre as formas como eu cuidei dela, e continuo cuidando, contar como é o processo de envelhecimento, a paciência de se cuidar de um idoso, a angústia de ver a deterioração de um ser humano no avanço da idade. Essa minha angústia está me corroendo.




10. Como você enxerga a vida dos autores no cenário político atual?


Vejo os autores quase todos preocupados com os riscos de ditadura e com a escalada da extrema direita pelo mundo. Obras literárias sempre são engajadas e prontas a denunciar situações de opressão. Não conhecemos obra literária que defende autoritarismo; isso quem faz é a propaganda, o panfleto. Foi a literatura que denunciou o massacre de Canudos e que revelou os crimes das ditaduras do século XX, por exemplo.



11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever o primeiro livro?



Não sei. Cada um tem sua ideia e seu gênero. Crônica, conto, poema, romance? É preciso conversar com o escritor para saber o que ele pretende. Só daí podem nascer os conselhos.

[RESENHA #951] Amores nos tempos de covid, de Ronald Eucário Villela


Paulo, um homem entrado nos 70 anos, viúvo, que, no início da pandemia, vai a sua academia de ginástica e a encontra fechada, sendo informado que a aula se fará online. Ele lamenta, sobretudo porque havia conhecido uma mulher na academia, pela qual se encantara.

Chegando a casa, foi fazer a aula na varanda. Ao começar, verifica que, na varanda de um apartamento atrás do seu prédio, uma mulher fazia os mesmos movimentos de ginástica. Firma o olhar e a reconhece como a mulher pela qual havia se interessado na academia.

Ela, também, o reconhece e se cumprimentam. Assim, o romance se desenrola, durante a pandemia. Intercalado por relações familiares intensas, uma delas, pelo fato de que seu filho, Cláudio, namoraria uma mulher que, anteriormente, fora sua namorada, e que lhe causara grande incômodo, em razão de um ciúme doentio por parte dela, que desbordava para a insanidade. O filho é desconhecedor do fato, e, o pai, Paulo, angustiado com a situação, deseja contar-lhe. A Partir disso, a trama familiar se desenrola em interessantíssimos acontecimentos inusitados.

RESENHA

Amores nos tempos de COVID é um romance do advogado e professor da UFF Ronald Eucário Villela, que marca sua estreia como escritor. O livro conta a história de um viúvo septuagenário, que vive sozinho durante a pandemia do coronavírus, e que se dedica à leitura, à reflexão sobre sua vida e às lembranças de seus amores passados. O autor explora as emoções e os sentimentos do protagonista, que enfrenta a solidão, a saudade, o medo e a esperança em meio à crise sanitária e social que assola o mundo. A obra é uma homenagem à literatura, à cultura e à memória, e também uma reflexão sobre o valor do amor em tempos de adversidade. Amores nos tempos de COVID é um livro sensível, poético e atual, que convida o leitor a se identificar com o personagem e a compartilhar de suas dores e alegrias.

A obra retrata a vida de Paulo, um homem que conheceu sua paixão por uma mulher durante as aulas de ginástica em uma academia. Com o advento da covid, a academia se fecha e ele se vê obrigado a participar das aulas online. Esse acontecimento abala seu emocional, que estava entregue à paixão pela mulher misteriosa. Ao retornar para casa, Paulo encontra pela janela de sua casa a visão de uma mulher que treina movimentos semelhantes aos da aula. Não havia dúvida, era ela, Eliane. A narrativa então se desenvolve com uma trama bastante tensa entre as famílias e o ciúme de uma ex-namorada, que agora namora Cláudio, filho de Paulo, que desconhece tal acontecimento. Paulo então começa a viver reflexões sobre sua paixão e seu ex-amor pela atual namorada do filho.

A história também narra a morte de uma ex-namorada, Bianca, ao qual combinam de se encontrar no próximo verão, porém, ela acaba falecendo antes do encontro. Bianca pretendia reaver seu amor após ficar viúva, porém, o destino não permitiu tal encontro, então, em várias partes da narrativa ele relembra o quanto ela era especial e bela. Ele conhece Regina, uma morena alta com quem ele realiza um city tour em Manaus e entram em desavença por causa de um prato, dentre outros acontecimentos que poderiam facilmente serem descartados. 

A obra é repleta de descrições desnecessárias e lembranças que deixam o enredo confuso entre o tempo verbal ao qual é apresentado. O foco em si no romance se torna secundário, o autor revela uma característica intrínseca em seu personagem Paulo: a dúvida. Ele relembra diversas mulheres diferentes e os encontros casuais com cada uma delas, desta forma, o romance se torna apenas parte de uma rede de mulheres da vida boêmia levada pelo personagem. Há diversas tensões na obra que a tornam interessante e prendem em determinado momento, mas ela também se perde em meio suas descrições e narrativas que tornam confusas e pouco convidativas.

A ideia é interessantíssima, porém, foi elaborada com muitas descrições e acontecimentos paralelos. Seria muito mais interessante recortar o enredo entre capítulos para identificação do tempo dos acontecimentos, desenvolver e elencar personagens no tempo adequado e tornar o livro um pouco mais curto, levando em consideração a quantidade de acontecimentos e as descrições demasiadamente longas e exageradas. Como: 

Ela era linda! Tinha, na época, 17 anos, uma pele rosada, os cabelos bem negros, dentes perfeitos. Olhos verdes, sutis e penetrantes, uma voz límpida e suave, um sorriso franco e acolhedor, um belo corpo, com movimentos graciosos [...]

Enfim, é um livro interessante, mas não mais do que os que estão disponíveis na mesma temática no mercado. O romance secundário e os problemas familiares são bem construídos, porém, requerem um destacamento maior na narrativa, bem como o desenvolvimento de capítulos mais sucintos.

[RESENHA #623] Somos feitos de história, de Luisa Aguiar

Somos feitos de história é um livro de crônicas em forma de diário que abarcam o início da pandemia em 17 de março de  2020 e se finaliza em janeiro de 2022, escrito pela professora e oftalmologista carioca Luisa Aguiar, publicado no Brasil através da editora Autografia, a obra consta com 291 páginas. 


O título e a capa da obra descrevem o conteúdo. Podemos observar a capa com uma imagem de uma montanha gigante com uma persona em seu topo. A imagem representa a pequenez da existência humana perante os acontecimentos e o universo, como grãos de areia no meio do deserto, que pode ser um forte simbolismo de que somos frágeis perante ao universo e aos acontecimentos do cotidiano. O título, uma alusão ao processo dessa caminhada através da montanha [vida] e de todo processo de aquisição de identidade e força através dos obstáculos, que, por muitas das vezes, mostram-se maiores do que nós. Mas como poderemos observar, não somente na constância da história em curso do real cotidiano, ma também na obra, uma constante superação em um dia após o outro em anos turbulentos e carregados de dor e medo se fazem presente.

A obra de Luisa é uma grande sacada. Sua iniciativa me lembrou a obra 2022, o ano em que o mundo parou, do projeto apparere, do qual tive a honra de fazer parte. Em ambas as obras, poderemos observar que, assim como em todos os lares, com Luisa e seus filhos, não foi diferente. O medo do desconhecido, as inúmeras mortes que acometeram o Brasil, os leitos de hospitais superlotados, os cemitérios repletos de covas semiabertas para o funeral daqueles que ainda estavam em vida, porém, na zona de risco, puseram-nos a pensar na finitude da vida, na morte incerta, no medo do tempo de cárcere imposto pela pandemia, e as repletas notícias trágicas, custaram nossa economia e nossa sanidade mental.

No primeiro relato, terça-feira, dia 17, Luisa comenta sobre como esperava e acreditava que o cárcere da pandemia fosse um exagero, ou pelo menos ela gostaria que fosse assim. Ela fechou o consultório de oftalmologia onde trabalhava e ficou em casa observando toda onda de acontecimentos pela tevê e por amigos. O pior medo de todos, talvez, era a insegurança promovida pela pandemia. Um mês ou dois de cárcere? O tempo passava e nada sufocava mais que a incerteza.

Sempre é mais fácil acreditar que o problema está mais distante e que não tem relação com o nosso mundinho. Difícil acreditar que não estamos no controle [...] (pag. 13 -- in terça-feira, dia 17).

No dia 11, quinta-feira, a autora nos consta sobre a triste notícia do falecimento de uma conhecida. Suas palavras não tecem surpresa ou luto, apenas insegurança, que nos é confirmada por sua frase sem pudor: quando é que essa merda vai acabar? Três meses de cárcere, quarentena, privação. É nítido que ela estava exausta psicologicamente, a sequência de notícias sobre mortes e mais mortes era algo rotineiro, com o qual não gostaria de participar.

Me pergunto se ela está entendendo que não pode sair e que não podemos entrar. Nos vemos de longe, raramente. (p. 42 -- in quinta-feira, dia 11).

Fevereiro de 2021, segunda-feira, dia 01. Um amigo próximo perde a mãe para o COVID. Isso faz com que a autora vasculhe suas lembranças e memórias dos momentos antes da pandemia. Os momentos de reflexão acerca da vida começam a mexer profundamente com o emocional da autora, sua vida começa a perder, de certa forma, o sentido, é como se a insegurança fizesse parte de sua rotina.

Penso em mim, que um dia também sentirei saudade do colo da minha mãe e nos meus filhos que sentirão saudades minhas. (p.161 in -- Fevereiro de 2021, dia 01).

A obra também se parece muito com os descritos no diário de Anne Frank, onde a autora, assim como Luisa, descrevem os dias passando vagarosamente, repleta de medos e temores por si e sua família. Em ambas as obras poderemos entender a ótica caótica da vida longe daqueles que amamos e da incapacidade que temos de protegê-los, tudo isso somado ao fato de que não podemos, sequer, fazer algo por nós e por nossa família. Nada é pior do que se sentir exatamente abandonada por suas próprias convicções.

Em síntese, a obra da autora é um emaranhado poético e triste acerca da pandemia, da morte e da vivência diária com o desconhecido. O livro é uma ótima pedida para uma dose reflexiva e poética de nossas vidas e incertezas.

[RESENHA #530] Você não existe, uma obra inspirada pelo universo, de Juliana Moura


MOURA, Juliana: Você não existe: uma obra inspirada pelo universo. Rio de Janeiro: Autografia Editora,  2020, 198p.

Este livro é, como diz a autora, uma manifestação de gratidão. Juliana Moura é cristã e conheceu o sentido da vida através de sua participação e vida religiosa, seus ensinamentos e reflexões nos levam à percorrer caminhos não mais percorridos pelas massas. Esta obra é um convite particular e individual da autora para um coletivo de pessoas: todas a quem o livro alcançar.  A obra é um misto de ativação de consciência e fluxo de fé e mudança de hábito, as questões aqui abordadas foram transformadas em um caminho de mudança de dentro para fora através de questionamentos e perguntas feitas em momentos específicos da vida. 

Quem somos nós? quem sou eu? para onde vou? de onde vim? qual a minha missão neste mundo? como entender a vida e toda essa jornada? Essas são apenas algumas questões que nos são apresentadas pela autora, aqui, através da leitura dos capítulos não enumerados, somos apresentados à uma série de questionamentos e hipóteses que nos fazem refletir a essência do humano, do viver.

No capítulo as cinco leis básicas, a autora nos presenteia com cinco grandes pilares universais do fundamentalismo do ser, são estas, questões que nós colocamos à mesa para um debate profundo de nós para com o nosso interior. Sendo estes:

a) Há algo muito maior que governa tudo e sou apenas parte de um todo;

b) toda ação gera uma reação

c) como parte do universo, preciso fazer minha parte, a fim de manter a harmonia. Autorresponsabilidade.

d) o universo sabe a verdade. Traduzindo, não tem como mentir para o universo. Afinal, ele capta a nossa essência, não a nossa personalidade.

e) aceitar a vontade suprema do universo, e assim, seguir o fluxo da vida.

Estes cinco pilares, denominados leis, regem o universo, e entendê-los e parte da nossa caminhada. Entender que temos uma missão, que somos parte de um todo e não uma parte isolada é um processo longo e demorado que toma de nós tempo para reflexão e aprendizado. Entender que somos matéria, parte de um todo, luz e escuridão, é entender que somos seres dotados de uma dualidade particular de cada um.

Despertar a consciência cósmica, para o que chamo de a grande verdade, é desafiador. Exige esforço. É uma verdadeira luta interior. Mas, uma vez consciente do quem realmente somos, a vida passa a fazer sentido e tudo fica mais leve [...] - (p.52)

O livro é, como mencionado pela autora, uma reflexão das paradas obrigatórias em nossa vida: um processo longo de reflexão e aprendizado que exige esforço, porém, compensativo. A narrativa da autora, é, como dito por ela, uma partilha daquilo o que foi aprendido durante sua jornada, e guardar isso para si, seria egoísmo. 

Em tese, a obra nos convida à entender que não existimos - vide título - somos apenas poeira passageira neste universo, e que devemos entender e trabalhar as nuances da vida entre a matéria e o espiritual, pois é isso que somos: matéria que ocupa um espaço no mundo que não nos pertence, ou seja, passageiro. Entender que precisamos nos desprender dos prazeres do corpo é um processo que leva longas horas de reflexão e pensamentos.

Ah, o livro também incluem diversos espaços para reflexão do leitor, para pensar, anotar e progredir em sua jornada de autodescoberta e revolução e paz interior.

Somos apenas parte do universo, tudo o que vivemos é parte de um processo maior do que nós mesmos. Não temos o conhecimento necessário para compreender todos os mistérios e as complexidades do universo, mas temos a capacidade de apreciar e admirar a beleza e a fantasia que ele nos oferece. É possível compreender alguns desses mistérios através de estudos, reflexões, vivência pessoais e um processo doloroso e lento de reconhecermos como parte de um todo, não o centro. É impossível entender verdadeiramente todos os segredos que o universo nos apresenta. O universo é infinitamente grande e diversificado e, ao mesmo tempo, um todo único. Esta constatação nos leva a uma única conclusão: que somos infinitamente pequenos e insignificantes em relação ao universo.

Se pudéssemos catalogar em um pequeno espaço alguns ensinamentos, seria algo assim, exercício de minha própria reflexão:

a) Há algo muito maior que governa tudo e sou apenas parte de um todo; b) Estou conectado a todas as outras formas de vida e à energia cósmica que nos une; c) Acredito que existe uma força mais alta, que une todos nós e nos conecta à natureza; d) Compreendo que todos somos uma parte importante deste universo, e que nossas ações podem afetar o equilíbrio do todo; e) Respeito os direitos de todos os seres vivos e os ciclos de renovação da natureza; f) Reconheço que minhas ações podem ter efeitos positivos ou negativos no todo; g) Estou comprometido com o bem-estar de todos e trabalho para o equilíbrio do universo.

Um livro poético, carregado de fé e simbolismos que permeiam a vida e a tornam mais leve. Indicado para todo leitor que está buscando um sentido na vida ou a compreensão desta e das vidas que viveremos no espiritual.

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