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Resenha: Sherlock Holmes: O Cão dos Baskerville, de Arthur Conan Doyle

ISBN-13: 9788537809556
ISBN-10: 8537809551
Ano: 2013 / Páginas: 264
Idioma: português
Editora: Zahar

Conhecido como um dos primeiros best-sellers do século XX e considerado o melhor romance policial já escrito, "O Cão dos Baskerville" arrebata o leitor com seu enredo de horror gótico, um clima de ameaça constante, estranhas pistas e inúmeros suspeitos. Baseado em lendas locais sobre cães negros e fantasmas vingativos, esse é mais um caso brilhante do imbatível detetive de Baker Street.

Essa edição bolso de luxo traz mais de 40 ilustrações originais,texto integral e tradução de Maria Luiza Borges - vencedora do Prêmio Jabuti pela edição comentada e ilustrada de Alice. A versão impressa apresenta ainda capa dura e acabamento de luxo.


Crime / Ficção / Literatura Estrangeira / Romance policial / Suspense e Mistério

RSENHAS
Quem acompanha o blog já deve ter visto algumas resenhas que fiz de: Jogos, Documentários, Filmes, TV e até sobre Música. Mas esta é a primeira vez que me aventuro a resenhar um livro. O título escolhido foi a primeira história do detetive Sherlock Holmes que tive o prazer de ler, há cerca 15 anos atrás e que resolvi reler recentemente, em um novo formato. Vamos solucionar juntos o mistério do Cão dos Baskerville? Então prossiga abaixo, caro leitor e cuidado com o pântano traiçoeiro da charneca!

Sherlock Holmes e o Dr. Watson estavam tomando seu café da manhã no seu escritório em Londres, enquanto discutiam e elaboravam hipóteses sobre detalhes da vida de um homem, tudo isso a partir do exame de uma bengala com algumas marcas, esquecida pelo sujeito na noite anterior. A campainha toca, é o Dr. Mortiner, o dono da bengala. Além de vir buscar seu objeto, ele lê um documento antigo, sobre a lenda de um cão demoníaco que teria aterrorizado e matado Hugo Baskerville, antepassado de Charles Baskerville, morto há cerca de 3 meses. A causa de sua morte? Ataque cardíaco causado pelo terror do suposto avistamento da criatura lendária. Sir Henry Baskerville, o único herdeiro restante, irá para o Solar Baskerville em Devonshire para dar continuidade as obras de caridade de seu falecido tio.

Porém, o Dr. Mortimer, que era amigo íntimo de Charles, teme que Sir Henry tenha o mesmo fim trágico de seu tio. Para isso, contrata os serviços de Sherlock Holmes para fazer a investigação. Holmes dá início a uma série de perguntas que, geralmente, causam grande confusão a quem responde. Mas, uma vez que assume uma investigação, o detetive de Baker Street exige que suas ordens sejam seguidas à risca e seus questionamentos respondidos, mesmo que aparentem ser triviais. Outro detalhe é que Holmes nunca diz sobre os planos que tem em mente antes dos mesmos serem executados, o que deixa os outros personagens e nós leitores com a “pulga atrás da orelha”!

Fica decidido que Dr. Watson irá junto com Sir Henry para o Solar Baskerville e lá ficará hospedado. Sua tarefa é ficar sempre junto a Sir Henry, nunca deixá-lo sair sozinho e reportar tudo que acontece para Holmes, que estará em Londres resolvendo outros casos. O detalhe interessante é que a narrativa é feita sempre do ponto de vista do Dr. Watson, sempre temos acesso a seus relatórios, cartas e até seus pensamentos. Por outro lado, nunca sabemos o que se passa pela cabeça de Sherlock Holmes, a não ser quando o próprio revela, depois dos fatos consumados.

Charneca Eis uma palavra que é repetida centenas de vezes ao longo do livro e é bom termos consciência de seu significado: Terreno árido e inculto, onde há apenas vegetação arbustiva e rasteira.

O Solar Baskerville, a residência que passará a ser moradia de Sir Henry, fica em um lugar bem isolado e um tanto assustador durante a noite: a charneca. Seus vizinhos mais próximos estão a alguns quilômetros de distância. E, mesmo durante o dia, é possível ouvir sons que os camponeses dizem provir do cão demoníaco. Para piorar a situação, recebem a notícia que um perigoso criminoso está a solta e provavelmente se refugiou na charneca para despistar a polícia.

Ao longo da história, vamos conhecendo outros personagens, alguns deles:

Sr. Stapleton, um naturalista que passa boa parte do seu tempo caçando borboletas e catalogando-as.

Frankland, um homem idoso cuja paixão é a lei britânica. Seu maior passatempo é se envolver em disputas judiciais, mesmo que não ganhe (ou até perca) dinheiro com isso. Também tem mania de ficar observando, ao longe, movimentos suspeitos na charneca com auxílio de sua luneta.

Os dias e noites vão se passando, alguns fatos começam a vir à tona. O Dr. Watson, continua a enviar suas cartas e relatórios para Sherlock Holmes, que continua em Londres. Será o caso algo realmente sobrenatural? Ou será que se trata de apenas de alguém querendo afugentar o herdeiro para que possa tomar posse do Solar Baskerville? E como conseguiria fazer isso sem levantar suspeitas? Holmes continuará em Londres ou virá a Devonshire ajudar no caso? Estas e muitas outras perguntas serão respondidas ao fim da leitura de O Cão dos Baskerville!

O Cão dos Baskerville 2

Gostei muito de reler a obra e, por fazer tanto tempo que tinha lido, já havia me esquecido de boa parte dos acontecimentos, o que me proporcionou algumas surpresas que geralmente se tem na primeira leitura. Um detalhe interessante: reli esta obra através de um formato digital e achei bem legal, falei sobre isso neste post.

E você, gosta de Sherlock Holmes? Já leu algum livro ou o acompanhou em outra mídia, como filmes ou séries? Deixe o seu relato nos comentários! Até a próxima!

Resenha: 1984, de George Orwell



Romance distópico clássico do autor britânico George Orwell. Terminado de escrever no ano de 1948 e publicado em 8 de Junho de 1949, retrata o cotidiano de um regime político totalitário. No livro, Orwell mostra como uma sociedade oligárquica é capaz de reprimir qualquer um que se opuser a ela. O romance tornou-se famoso por seu retrato da difusa fiscalização e controle de um regime coletivista-socialista na vida dos cidadãos, além da crescente invasão sobre os direitos do indivíduo. Desde sua publicação, muitos de seus termos e conceitos, como "Big Brother", "duplipensar" e "Novilíngua" entraram no vernáculo popular. O termo "Orwelliano" surgiu para se referir a qualquer reminiscência do regime ficcional do livro. O romance é geralmente considerado como a magnum opus de Orwell. De facto, 1984 é uma metáfora sobre o poder e atuação dos regimes comunistas, Orwell o escreveu animado de um sentido de urgência, para avisar os seus contemporâneos e às gerações futuras do perigo que corriam, e lutou desesperadamente contra a morte - sofria de tuberculose - para poder acabá-lo. Ele foi um dos primeiros simpatizantes ocidentais da esquerda que percebeu para onde o estalinismo caminhava e é aí que ele vai buscar a inspiração: percebe-se facilmente que o Grande Irmão não é senão Stalin e que o arqui-inimigo Goldstein não é senão Trotsky. Explicando que seu objetivo básico com a obra era imaginar as consequências de um governo stalinista dominante na sociedade britânica, Orwell disse: "1984 foi baseado principalmente no comunismo, porque essa é a forma dominante de totalitarismo. Eu tentei principalmente imaginar o que o comunismo seria se estivesse firmemente enraizado nos países que falam Inglês, como seria se ele não fosse uma mera extensão do Ministério das Relações Exteriores da Rússia."

ISBN-13: 9788535914849
ISBN-10: 8535914846
Ano: 2009 / Páginas: 416
Idioma: português
EditoraCompanhia das Letras

RESENHA

“O Grande Irmão ama vocês, o Grande Irmão está observando vocês”. Estas são frases simbólicas neste livro. 1984 é um alerta claro sobre uma espécie de fanatismo que permeia os tempos modernos. George Orwell ambientou esse pesadelo na Inglaterra, num tempo que, era na época, um futuro próximo. Era um livro da Guerra Fria e ainda hoje, anos após o fim da cortina de ferro, continua sento um alerta sobre um grave defeito da natureza humana, o desejo de poder total e controle.

Num mundo pós-guerra nuclear, a sociedade estava dividida em três grandes potências, onde a Inglaterra e os Estados Unidos formavam uma sociedade totalitária chamada Oceania, a União Soviética era uma ditadura chamada Eurásia, e a China e seus aliados eram chamados de Lestásia. As três superpotências estavam sempre em guerra. A televisão era uma arma do partido, expondo e captando imagens; as teletelas divulgavam propaganda enquanto câmeras internas vigiavam as pessoas o tempo todo para captar pensamentos criminosos, que eram uma atividade ilegal, “o crime ideia”. As pessoas desapareciam sem deixar rastro, e ninguém ousava perguntar. O livro de George Orwell começa com os relógios tocando treze vezes, eram treze horas. Winston Smith é o personagem principal. Deprimido, doente, aprisionado e claramente insatisfeito com a vida, ele é um membro inexpressivo do partido. Em meio a tudo isso, Winston trabalha em um dos ministérios do partido, o Ministério da Verdade ou Miniver. Suas ordens diárias são para reescrever a história e descartar a versão anterior da verdade, afinal, segundo o livro, quem controla o passado é quem controla o futuro, e quem controla o presente, controla o passado. Assim funciona a política do partido, impondo a força para manter controle absoluto. Na sociedade totalitária que o livro descreve, há os membros da elite do partido, o partido externo, do qual Winston faz parte, e o proletariado. O partido ignora os pobres e dá a eles comida ruim, bebida ruim e livros ruins. Júlia é um dos personagens principais do livro. Ela trabalha no departamento de ficção, um dos setores do Ministério da Verdade. Ela não é escritora, é uma mecânica que mantém funcionando as máquinas que automaticamente escrevem ficção.

Dando segmento à história, Winston não tinha contato com mulheres, afinal o governo mantinha total controle sobre a vida das pessoas, inclusive com relacionamentos, impondo até mesmo com quem as pessoas deveriam se casar. Júlia inclusive desenvolve uma teoria para a proibição do sexo. Segundo a personagem, uma pessoa sem sexo tende a acumular muita energia. Isso era o que o Partido queria: pessoas com muita energia, para que isso fosse canalizado de forma manipulada para momentos como os ‘’ dois minutos de ódio’’, os ‘’ planos trienais’’ e a adoração ao Grande Irmão. Em determinado ponto do livro O’Brien, funcionário do Parido, chega a comentar que o orgasmo será abolido. 

Na verdade, o protagonista do livro tinha medo das mulheres, porém certo dia, num dos chamados dois minutos de ódio, Winston percebe que Júlia o observava. Os dois minutos de ódio eram destinados a alimentar o ódio das pessoas contra os inimigos do estado. Dentre esses inimigos, destacava-se um homem chamado Godstein, que segundo as propagandas expostas exaustivamente pelas teletelas, era o inimigo número um do estado. Após perceber que Júlia sempre o olhava, Winston passa a odiá-la por pensar que a mesma seria uma espiã da polícia das ideias, afinal naquela época não era raro esse tipo de situação acontecer. Infelizmente a lavagem cerebral imposta pelo estado na mente da população alcançara um ponto no qual onde não se podia confiar em ninguém, nem mesmo na família, nem mesmo nos próprios filhos. Aliás grande parte das prisões por traições da época estavam relacionadas a denúncias de crianças contra os próprios pais. No livro, um dos vizinhos de Winston, o Sr. Parsons, é preso inclusive após ser denunciado pelos próprios filhos. Ele é acusado de conspirar contra o Partido durante o sono falando ideias consideradas impróprias. Mesmo assim, certo dia Júlia consegue entregar um bilhete a Winston com as palavras “amo você”. Daí então Winston passa a nutrir um sentimento ilegal em seu coração: ele passa a amar Júlia, mesmo sabendo que isso provavelmente poderia destruí-lo. Winston sabia que segundo as leis, o que ele sentia era errado, porém isso só fazia com que um sentimento de ódio contra o chamado Grande Irmão “o ditador da nação” crescesse cada vez mais. Não era a primeira vez que Winston sentira isso. Há pouco tempo atrás o personagem começara a escrever um diário, mesmo sabendo que o ato poderia levá-lo à morte. Porém as atrocidades que o governo cometia fez com Winston nutrisse um profundo desprezo pelo Partido, sentimento esse que o mesmo tinha a necessidade de desabafar de alguma forma.
Winston passa a se encontrar com Júlia, primeiro em um local afastado, no campo, longe das teletelas. Logo após em um quarto escondido, em meio às moradias dos proletas, afinal o governo não se importava com o que acontecia com os preletas e não se dava ao trabalho de vigia-los. ‘’ Os proletas eram a classe mais pobres da sociedade".

Winston e Júlia sabem que seu relacionamento esta fadado a um final trágico, porém não querem se separar. Com isso Winston procura um conhecido chamado O’Brien, membro do núcleo do partido e ocupante de um cargo tão importante e remoto que Winston fazia apenas uma vaga ideia de qual fosse sua natureza, no intuito de encontrar ajuda contra o governo. Winston pensava que O’Brien fazia parte da resistência, porém Winston erra seu julgamento sobre O’Brien e é capturado pela Polícia das Ideias graças a uma armadilha feita pelo mesmo. Daí então o casal é levado para o Ministério do Amor para serem “purificados”. O objetivo do governo era conseguir manipular a mente das pessoas, o controle absoluto era necessário para isso e como ferramenta para alcançar esse controle sobre os que se rebelavam, o Ministério do Amor usava das piores torturas possíveis para moldar a mentes dos que se rebelavam. A manipulação era tão profunda, que em determinado ponto do livro O’Brien afirma que, se o Partido quiser que 2+2 seja igual a 4, assim será, assim como 2+2 será igual 5, se for o que o Partido deseja. Durante a tortura de Winston, após vários dias de sofrimento psicológico e físico, O’Brien começa a conseguir manipular Winston. E como tortura final, utiliza o maior medo do personagem: ratos. Winston tem pavor de ratos. Na tortura final, é colocada na cabeça de Winston, uma espécie de caixa cheia de ratos famintos, que devorariam seu rosto depressa. Para se livrar disso, Winston entrega Júlia e para O’Brien este é o momento da purificação total. E assim fizeram com Winston e Julia, até que os dois traíssem um ao outro, até que o amor se esvaísse de seus corações. Com a volta da obediência e da servidão à cabeça dos dois, as torturas cessam, o Estado volta a ser prioridade na mente e com isso eles são libertados para a prisão de suas próprias vida, afinal guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força.

Análise: A revolução dos bichos, de George Orwell


Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século 20, 'A Revolução dos Bichos' é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos. Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista.

De fato, são claras as referências: o despótico Napoleão seria Stalin, o banido Bola-de-Neve seria Trotsky, e os eventos políticos - expurgos, instituição de um estado policial, deturpação tendenciosa da História - mimetizam os que estavam em curso na União Soviética. Com o acirramento da Guerra Fria, a obra passou a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell repetiria o mesmo gesto anos mais tarde com seu outro romance 1984, finalizado-o às pressas à beira da morte para que o mesmo service de alerta ao ocidente sobre o horrores do totalitarismo comunista.

É irônico que o escritor, para fazer esse retrato cruel da humanidade, tenha recorrido aos animais como personagens. De certo modo, a inteligência política que humaniza seus bichos é a mesma que animaliza os homens. Escrito com perfeito domínio da narrativa, atenção às minúcias e extraordinária capacidade de criação de personagens e situações, A revolução dos bichos combina de maneira feliz duas ricas tradições literárias: a das fábulas morais, que remontam a Esopo, e a da sátira política, que teve talvez em Jonathan Swift seu representante máximo.

Distopia / Fábula / Literatura Estrangeira / Fantasia / Ficção

ISBN-13: 9788535909555
ISBN-10: 8535909559
Ano: 2007 / Páginas: 152
Idioma: português
EditoraCompanhia das Letras

Parte A 
I – Obra
a) Resenhista. : SOARES, Ana Lúcia
a)b. George Orwell
b) c. A Revolução dos Bichos
c) d. Tradutor: Heitor Aquino Ferreira
d) e. 1943, Inglaterra
e) f. Fonte Digital – Versão para eBook
Ano: 2000
Edição: Redendo Castigat Mores

f) g. 144 páginas
g) h. Formato
h) Preço Atual: R$ 26,44
II – Biografia:


Eric Arthur Blair, conhecido pelo pseudónimo Gerorge Orwell era escritor e jornalista. Nasceu em 25 de Junho de 1903, Motihari. Morreu aos 46 anos em 21 de Janeiro de 1950 Camden, Londres Inglaterra . Orwell em 2008 ficou em Segundo lugar em uma lista do The Times onde apontava os 50 maiores escritores britânicos desde 1945.
III – Conclusões da Autoria
Ao analisar a obra, Vemos que a fábula tem como objetivo mostrar que na grande maioria dos seres vivos, sejam humanos ou animais traz dentro de si o vírus da sede do poder o autoritarismo, ganancia e a vingança mas mostra também as consequências , principalmente daqueles que veem as coisas mudando para pior e nada fazem para mudar.
IV – Digesto (resumo completo)


Tudo acontece na Granja do Solar, onde o proprietário se chama Sr Jones. Ouve um tempo em que Jones até cuidava bem de sua propriedade.
Mas após um momento difícil em sua vida ele passou a beber e deixar de lado cuidados básicos da fazenda como a manutenção geral e até mesmo a alimentação dos bichos. O que levou Jones a chegar a esse ponto foi um processo na justiça em que ele perdeu.


Logo se tornou um homem cada vez mais amargo e insensível, para ele os animais tinha que trabalhar além do normal. Major era o porco mais velho que existia na fazenda e todos os outros animais sempre ficavam atentos a tudo que ele tinha a dizer. E por ser o bicho mais velho e com mais conhecimento do que havia no mundo fora das redondezas da fazenda, sempre que possível reunia os bichos para palestrar um pouco sobre a vida. Um dia convocou todos para uma reunião no celeiro onde falou sobre os abusos dos humanos contra os animais e disse a todos ali presentes que o dia da revolução estava próximo. E era tudo o que o velho Major queria.


Ele ensinou a todos a canção que mais parecia um hino, o hino chamado “Bichos da Inglaterra”. Era uma canção que falava de liberdade para todos os animais. A revolução nada mais era que uma resposta que seria dada a todos os humanos. E quando isso acontecesse os Bichos de todas as fazendas e em todos os cantos da Inglaterra seriam Livres e assim poderia viver soltos e iriam trabalhar apenas para sua própria sobrevivência e não mais para satisfazer o homem que só sabia escravizar a todos os animais para garantir suas fortunas.


O porco Major morre e após alguns dias de seu falecimento é chegado o dia da Revolução dos Bichos, após mais uma decepção que os animais tiveram com Jones, colocaram ela pra fora de sua fazenda, e a partir dai os bichos eram os novos donos da fazenda. Os animais criaram os sete mandamentos , que foram escritos na parede do celeiro e que dizia:


1- O que andar sobre duas pernas é inimigo
2- O que andar sobre quatro pernas ou tiver asas é amigo
3- Nenhum animal vestirá roupas
4- Nenhum animal dormirá em uma cama
5- Nenhum animal beberá álcool
6- Nenhum animal poderá matar outro
7- Todos os animais são iguais


Mas o que era pra ser o inicio da união dos bichos, afinal esse era o intuito, com o passar dos dias foram acontecendo muitas desavenças e conspirações entre os próprios animais. E como sempre, aparece um que tenta lavar vantagem na ingenuidade de alguns. Foi assim que Napoleão que também era um porco muito inteligente, transformou a fazenda em seu território colocando o porco Bola de Neve para fora da granja, fazendo todos os animais trabalharem ainda mais, racionando mais ainda a comida e modificando aos poucos tudo aquilo que estava escrito nos sete mandamentos. Os animais acabam por perceber que nada mudou e que tudo continuava como antes, sem liberdade, sem alimento em abundancia e presos como sempre estiveram.

Parte B - Sapiência


V – Método empírico – indutivo
Ou
Método categórico –.
VI – Quadro de referência da autoria (a quem ou a que o autor se refere? Teoria e/ou autor que embasam a obra?
O autor se refere ao autoritarismo e mostra que não a diferença entre o Sr Jones e Napoleão.
VII – Quadro de referência do Resenhista
Este livro chama a atenção pois em forma de Fábula descreve perfeitamente como os governantes agem em sua maioria. E é possível reconhecer várias situações do nosso dia a dia atual.
VIII - Analise/Critica detalhada do Resenhista.
a) Análise e crítica detalhada das idéias do autor, do conteúdo do livro, das mensagens transmitidas.

A Obra mostra todos os lados de uma sociedade, a aqueles que se aproveitam e a aqueles que se deixam ser enganados, pois ver que as coisas não mudam e não agir para mudar absolutamente nada é o que se vê muito e em todos os lugares.

b) Com quais ideias concordou e/ ou discordou? Cite-as. Justifique sua opinião. Faça reflexões.
Não tem como não notar a realidade mesmo que em forma de fábula, a visão do autor é clara ao que se refere o poder que transforma e que faz se tornar cruel todo e qualquer ser vivo. Passa uma mensagem clara e direta de como se comporta todo aquele que se deixa levar por alguém que se impõe acima de todos, só restará obedecer e aceitar o que lhe for dado, resumindo, muito pouco.

c) Percebeu incoerências, exageros, utopias, inverdades? Quais? Por
quê? Esta leitura modificou sua visão sobre o assunto ou apenas
reforçou velhos conceitos?
Reforçou velhos conceitos com toda certeza e por conta disso faz com que eu veja tudo que acontece em minha volta com mais analise não somente de desconfiança de que o outro irá mostrar apenas seu lado maldoso, mas sem duvida faz com que eu queira mais de alguém que se diz líder. Afinal se está lá é porque colocamos, e se não estamos satisfeitos basta apenas querer de fato a mudança.
d) Não só analise este item - que é o mais importante da resenha - como
também critique-o com argumentação profunda.


A fábula apresenta na Obra é muito interessante ao que se refere a semelhança entre bichos e humanos. Tem em seu conteúdo informações que podem ser consideradas válidas para o entendimento por exemplo de movimentações revolucionárias que acontecem também nos dias atuais , ajudando o leitor a refletir sobre o que é real e o que não é. Ajuda a entender o que é só barulho e o que de fato reivindicação de direitos.
e) Faça paralelos com a sua vida profissional e/ou pessoal e com a
monografia ou dissertação de mestrado que você pretende apresentar.
f) Análise e crítica detalhada da forma como o autor transmitiu suas ideias:
Orwell de uma forma simples passa para todos que o autoritarismo é sim uma realidade e sempre existirá.


g) Linguagem, vocabulário, uso de termos técnicos, sequência etc..
É possível entender claramente tudo que o autor quer passar em sua obra, pois a linguagem é simples e de fácil entendimento.
h) Análise e crítica da apresentação formal do livro: Poderia ter algumas informações como, por exemplo formato, ou maiores informações sobre o autor, ou pequenos trechos de sua vida ou outras obras que venha a ter criado.


Sua obra é marcada por uma inteligência perspicaz e bem-humorada, uma consciência profunda das injustiças sociais, uma intensa oposição ao totalitarismo e uma paixão pela clareza da escrita. Conhecido também pelo romance Nineteen Eighty-Four (1949). Outro livro de sua autoria, Homage to Catalonia (1938)

i) Título, capa, tradução, origem do livro (país e ano), edição e ano,
tamanho do livro e das letras, papel, encadernação (apresente
separadamente estes três aspectos no item VIII).
A Revolução dos Bichos, Reino Unido, 1945, 1ª Edição, tamanho 14,00 x 21, 00 cm.


IX - Indicações do Resenhista:
Obra indicada a todos incluindo crianças também. É uma leitura que irá prender a atenção de todos. Causa vários sentimentos e é essa mistura de sensações que faz da obra tão interessante.

Resenha: Hamlet, de William Shakespeare



Adaptação para neoleitores. a partir do orginial em ingles: Paulo Seben Hamlet é uma das mais famosas tragédias de todos os tempos. Na história, o príncipe Hamlet é chamado de volta ao seu país, a Dinamarca, porque seu pai, o rei, acaba de morrer. Quando chega ao castelo de sua família, descobre que sua mãe se casou com seu tio, que agora será o novo rei. Mas, à medida que o tempo passa, Hamlet começa a desconfiar do tio e planeja uma maneira de descobrir a verdade sobre a morte do pai. Tem início uma das mais sangrentas peças de William Shakespeare, uma obra-prima sobre relações familiares e vinganças. O autor do livro é considerado o maior escritor de língua inglesa. Sua obra se tornou conhecida por tratar das grandes questões da humanidade como o amor, a inveja, o ódio e a sede pelo poder

ISBN-13: 9788525423573
ISBN-108525423572
Ano: 2011 / Páginas: 64
Idioma: português
Editora: L&PM

RESENHAS

“O Príncipe é o paradigma do melancólico. Nada ilustra melhor a fragilidade da criatura que o fato de que também ele esteja sujeito a essa fragilidade”, diz Benjamin. A melancolia tem a ver com a imposição de decidir.Enquanto o luteranismo conseguiu instilar no povo o rigor da “obediência ao dever”, desenvolveu nos grandes a enfermidade da melancolia, porque só a eles cabe decidir sobre o destino dos súditos.

Personagem central de um enredo que se desenrola no Reino da Dinamarca, Hamlet vive o dilema que o coloca, de um lado, diante da sua posição como Príncipe e, de outro, da sua condição de indivíduo. O que se espera do soberano é que ele seja a encarnação do bem, da virtude. Mas as paixões que o movem impedem que ele assuma o papel que dele se espera.

“Ser ou não ser, eis a questão”; a indecisão, síntese do personagem Hamlet e mola propulsora do teatro de Shakespeare, é o fundamento de quase todas as tragédias escritas entre os séculos XVI e XVII. Caracterizadas como tragédias da Renascença, essas peças, como diria o filósofo Walter Benjamin, “superestimam a influência da doutrina aristotélica sobre o drama do período barroco”. Entretanto, apesar de os autores acreditarem que o que estavam escrevendo eram tragédias (no sentido “grego” do termo), o drama do período barroco não pode ser confundido com as tragédias clássicas.

Em Hamlet, a luta se desenvolve como um conflito de consciência do herói. A dúvida o persegue e traça o seu destino, pois quando ele se decide já não há mais tempo. Hamlet morre devido a sua inércia. O que o faz hesitar diante das decisões é a sua liberdade de ação.

A palavra “Trauerspiel” (“Trauer” – luto + “Spiel” – jogo), da qual o termo “drama barroco” foi traduzido, parece refletir o estado de tensão que envolve o personagem principal da história. “Os extremos de que necessita o intérprete já estão contidos na própria palavra. Num primeiro nível de análise, podemos dizer que “Spiel”, como espetáculo e ilusão, designa o caráter fugidio e absurdo da vida e “Trauer”, a tristeza resultante dessa percepção. Teríamos assim uma primeira interpretação: o drama designa a tristeza de um homem privado da transcendência (pois com ela a vida não seria absurda), numa natureza desprovida da Graça.”
Hamlet representa esse tipo de homem, cujo traço mais marcante é o pessimismo, a melancolia. O mundo que o cerca encontra-se repleto de indícios maléficos: o casamento da mãe com o tio trazendo a suspeita da traição, a revelação da verdadeira causa da morte do pai através da visão do fantasma, a visita de Guildenstern e Rosencrantz acentuando o sentido de hipocrisia de sua existência. “Há algo de podre no Reino da Dinamarca.” A frase, proferida por um dos oficiais em guarda durante a aparição do fantasma, revela a existência de um mistério que ameaça a sobrevivência do Reino. Hamlet é o herói que deve salvar o Reino de sua destruição.

A aparição do fantasma do Rei morto exige do Príncipe uma decisão.  “Assim, estás obrigado a vingar-te, quando me ouvires”. O relato do fantasma sobre as circunstâncias de sua morte abre caminho para inúmeros acontecimentos que, precipitando-se um após o outro, deixam-no cada vez mais confuso. Hamlet se vê diante de um amontoado de ruínas. “Oh! Mulher profundamente depravada! Oh! Canalha, canalha, canalha maldito e sorridente!” Nada mais lhe parece seguro. O Reino que deveria herdar de seu pai lhe fora usurpado por um tirano vil, um assassino que mata o Rei para apossar-se do trono e da Rainha, um homem que pode sorrir sendo um “canalha”. A corrupção se espalha. A degradação dos de cima ameaça contaminar os de baixo. O poder não caminha mais lado a lado com a virtude. A Dinamarca corre um sério risco e o Príncipe Hamlet é chamado a agir. A voz que vem do além o lembra de seu compromisso para com o Reino e para com a honra. “Não permitas que o leito real da Dinamarca seja uma cama para incontinência sexual e incesto amaldiçoado”. A vingança torna-se, a partir de então, o principal objetivo de Hamlet que passa a não medir as palavras usadas para atingir seu alvo.

Hamlet usa palavras que parecem sem sentido. Palavras que são manipuladas como um jogo, como um enigma que o inimigo percebe mas ao mesmo tempo não consegue decifrar. O segredo é a alma de sua vingança. Porém o jogo com as palavras, o uso dos artifícios de linguagem, das metáforas corporais representando os vícios humanos, tudo isso é alimentado pelo estado de melancolia do Príncipe. A tristeza que o acompanha o faz ver o mundo através de imagens que constroem uma nova ordem de sentidos. O luto é transfigurador do mundo vazio, repovoando-o com novos significados. “Pois ocorre com o melancólico no início o que acontece com alguém que tenha sido mordido por um cão raivoso: tem sonhos terríveis, e temores da razão”.

Loucura e melancolia encontram-se bastante próximas tanto no personagem de Hamlet quanto em Ofélia, que, exposta a seguidos infortúnios, não consegue resistir perdendo a razão. Em Hamlet, a melancolia acentua a visão, predispondo a um aguçamento dos sentidos, da intuição – “Oh! Minha intuição profética! Meu tio?”. As suas suspeitas confirmam-se através das palavras do fantasma que acusa o irmão – atual Rei – pela sua morte.

O sarcasmo é outro complemento à tristeza que o envolve, uma espécie de adereço cênico que lhe permite estabelecer um distanciamento com relação aos demais personagens. Guildenstern, Rosencrantz, o Rei, a Rainha e principalmente Polonius são os alvos prediletos de sua atitude sarcástica.

A dúvida que age sobre Hamlet é típica do período barroco. A desconfiança de Hamlet com relação à aparição do fantasma e às palavras por ele proferidas representa, de um lado, uma dúvida quanto aos sentidos e, de outro, uma ruptura com a metafísica. A preocupação em questionar os sentidos só pode prevalecer em um contexto de não transcendência absoluta, o que não significa, contudo, um desligamento dos princípios religiosos, já que a culpa vivida pelo Príncipe, em grande parte, remete ao cristianismo. “No decurso da ação trágica o herói assume e internaliza essa culpa, que segundo os antigos estatutos é imposta aos homens de fora, através da infelicidade. Ao refleti-la em sua consciência de si, o herói escapa à jurisdição demoníaca”.

O drama de Hamlet é o drama de um homem que deseja separar o ser do parecer. O verdadeiro do falso. Que suspeita da arte, do teatro, da representação. Que despreza o artifício, desconfia das palavras. “Palavras, palavras, palavras”, responde ele a Polonius quando este lhe pergunta sobre o que estava lendo. Palavras como as proferidas pelo ator que de um modo abominavelmente absurdo pode “forçar a sua alma a acordar-se à concepção do papel que ele representa e que, pela ação emocional da mente sobre o corpo, todo o rosto se torna pálido, lágrimas saltam nos olhos, a fisionomia se desespera, a voz fica entrecortada e todas as expressões corporais se modelam segundo a parte que ele imagina”. Palavras, como ele próprio as usa, para blasfemar. Palavras que substituem o agir.
Inépcia, apatia, o estado de espírito sombrio do melancólico leva-o a furtar-se à ação. O corpo não merece atenção. Hamlet admite: “ultimamente, e porque motivo ignoro, perdi toda a minha vitalidade, abandonei todos os exercícios físicos habituais. E na verdade eu me sinto num estado de espírito tão deprimido que agora a terra não parece para mim uma estrutura fecunda e maravilhosa, inserida num universo ordenado mas um promontório em abandono e estéril”. As imagens da natureza decaída e do corpo em estado de abandono revelam, a despeito da busca da espiritualidade, do desejo de transcendência, da negação da carne, uma postura profundamente imanente.

A noção de destino no drama de Shakespeare caracteriza-se por uma forte nota de luteranismo. A ausência da Graça, a idéia – ligada à doutrina da predestinação – de que não há como mudar o destino, coloca o homem diante de um absoluto vazio. “Desde que homem algum conhece algo sobre a condição da vida de que se separa, desde que não pode julgar o que os outros anos lhe reservam – por que deveria temer que a morte chegue logo?” A morte não faz, nesse caso, a menor diferença: “se é agora, não é para depois; se não é para depois, será agora, se não é agora, acontecerá todavia. Estar maduro para a morte é tudo”.
Matar ou morrer não faz a menor diferença. O que está em jogo é a honra. Vingar-se, essa é a questão. Talvez, nem tanto pela morte do pai, mas por si mesmo, pela ameaça que pesou sobre sua vida. A transformação do personagem Hamlet acontece quando este descobre a trama montada pelo tio para matá-lo. Depois disso, a decisão tomada e o drama de consciência que até então consumia o personagem dá lugar a uma atitude mais firme. A decisão de lutar com Laertes é acompanhada por um mau pressentimento. No entanto, nada mais importa.
O duelo entre Hamlet e Laertes definirá o destino dos demais personagens do drama. Morrem o Rei e a Rainha e finalmente Hamlet e Laertes. Ambos percebem que o mesmo destino os unia. Ambos desejavam vingar a morte do pai; acabaram vítimas de um tirano que os usou para eliminar um inimigo. A solução final é o perdão. Hamlet e Laertes se conciliam para que a culpa de um não caia sobre o outro. Extingue-se a culpa, porém a morte do Príncipe acaba revelando sua impotência. Sua morte, ao contrário da morte do herói na tragédia grega, não significa a vitória dos deuses, o restabelecimento da ordem. Sua morte não significa sequer a salvação do Reino da Dinamarca. Quando Fortimbrás entra no salão do palácio depara-se com uma cena totalmente inesperada. Não há ninguém para fazer-lhe oposição apenas um monte de cadáveres. Fortimbrás se apossa do trono, enquanto Horácio se prepara para relatar o ocorrido.

O significado da tragédia de Hamlet ultrapassa a atuação do herói; encontra-se no conjunto da trama, nos “atos de adultério, de assassinato e incesto, de julgamentos divinos manifestados em acidentes aparentes, de mortes causais de mortes instigadas pela perfídia e que se tornaram compulsórias e, de planos mal calculados que recaíram sobre as cabeças de seus maquinadores”. A morte de Hamlet aponta para o vazio da existência, para a impossibilidade de salvação do ser humano. No entanto, o drama do herói transcende a morte. Através do relato a história é preservada. Sua salvação reside na possibilidade da trama ser outra vez encenada. Na possibilidade, que é exclusiva à cena teatral, da apropriação do tempo. Na possibilidade da reprodução daquele momento único, de delírio dionisíaco, que caracteriza a tragédia em sua origem. No resgate da “palavra originária” encontramos, enfim, o elo de ligação entre “Tragodie” e “Trauerspiel.

Resenha: A metamorfose, de Franz Kafka


Quando Gregor Samsa, certa manhã, acordou de sonhos intranquilos, tudo mudou. Não só em sua vida, mas no mundo. Ao se encontrar metamorfoseado em um inseto monstruoso, Gregor acompanha as reações de sua família ao perceberem o estranho ser em que ele se tornou. E, enquanto luta para se manter vivo e entender a sua nova realidade, reflete sobre o comportamento de seus pais, de sua irmã e de seu chefe, e de forma ainda mais angustiante, pensa na própria vida até então.

ISBN-13: 9786580210008
ISBN-10: 6580210001
Ano: 2020 / Páginas: 232
Idioma: português
Editora: Antofágica


Resenha: A METAMORFOSE, Franz Kafka.

O livro trata-se da súbita transformação de Gregório Samsa em um inseto monstruoso que até o seu final da historia não foi possível decifrar precisamente de que inseto se trata. Samsa é transformado em inseto após uma noite conturbada de sono, ao acordar se depara com varias pernas e uma crosta dura, seu corpo estava deformado. Sua nova condição física prejudicava a locomoção, o equilíbrio e a própria convivência com a sociedade, Samsa havia se tornado um ser totalmente fora dos padrões. Samsa era um caixeiro viajante e era o responsável por trazer o sustento pra dentro de casa, o dia que se transformou não pode ir trabalhar, o mesmo nunca tinha faltado no emprego, nunca tinha ficado doente ou coisa parecida, sabia que seu patrão iria lhe procurar.

O livro destaca com uma riqueza enorme de detalhes a maratona que o Samsa teve que fazer para conseguir sair da cama. O supervisor de Samsa foi pedir explicações do porque ele não havia pegado o trem? Todos queriam que Samsa abrisse a porta, mais ele não podia fazer isso, sentia vergonha da sua forma, a qual causaria constrangimento e até mesmo horror aos seus familiares e ao supervisor.

Os pais de Samsa tinham dividas e era ele quem trazia dinheiro pra casa, o supervisor começou a falar pra Samsa coisas como: “Que todos confiavam nele, achavam que era uma pessoa com responsabilidades e comprometimento e que ele havia decepcionado muito em não ter ido trabalhar” Samsa se via numa situação sem igual, estava sendo pressionado por todos ao mesmo tempo.

Finalmente Samsa abre a porta, ao vê-lo todos ficam pasmos, totalmente fora de si, o supervisor deixa a casa estarrecido com a situação, seu pai tinha se mantido calmo até o momento que o supervisor estava na residência após isso passou a gritar e a tratá-lo mal, não aceitava que o filho tivesse se transformado naquele animal horrível e nojento, seu pai deu –lhe um empurrão que fez com que caísse e adormecesse. Desde então Samsa ficou isolado, sendo alimentado somente pela sua irmã, porém a mesma passa a se cansar disso, já não conseguia ver naquele animal asqueroso o seu irmão.

A família não suportava a presença de Samsa na casa, até que ele decidiu partir, pois os pais dele falaram que ele deveria sair de livre e espontânea vontade. A ultima ação de Samsa na historia foi lembrar-se da família com amor, ele acabou sendo achado por uma empregada morto em seu quarto. Seus familiares acabaram ficando aliviados com a sua morte, sentiram-se libertados de sua presença.

O livro deixa que possamos tirar nossas próprias conclusões, a família via-se presa em Samsa, não conseguiram suportar a sua nova condição, por mais que fosse imunda e horrorosa não foi Samsa quem escolheu passar por aquilo, até que o mesmo trazia dinheiro pra dentro de casa ele lhes era útil, porém quando isso não se fazia mais ele passou a ser um estorvo que só causava problemas, a morte de Samsa foi como uma libertação para a família do mesmo, que depois de tanto infortúnios viam em Grete irmã de Samsa sonhos que deveriam ser cultivados.

Biografia

Franz Kafka nasceu na cidade de Praga, na Republica Checa em três de julho de 1883 e morreu em  três de junho de 1924. De família judaica Kafka escrevia em língua alemã, grande maioria dos seus textos foram publicados após sua morte, grande parte deles ainda incompletos. Kafka foi um dos escritores que mais influenciaram na literatura ocidental.

As obras de Kafka fazem relação principalmente com a condição humana, tem um olhar direcionado pra justiça e a fragilidade humana diante dos problemas do dia a dia. Suas principais obras foram escritas entre 1913 e 1921, sendo elas: A Metamorfose, O Processo, O Castelo, O Foguista, A Sentença e O Artista da Fome.
Seus textos são bastante complexos e exigem atenção aos detalhes. Sua obra é baseada na dor, sem a intenção de se fazer bonita. Kafka conseguiu prestigio e reconhecimento após sua morte, suas obras literárias passaram a influenciar os indivíduos, passando a ser cultuadas por muitos leitores do mundo todo.

Resenha: O anticristo, de Friedrich Nietzsche

ISBN-10: 8525417912
Ano: 2008 / Páginas: 128
Idioma: português
Editora: L&PM

Escrito em 1888, último ano antes de Friedrich Nietzsche perder a lucidez, este ensaio é uma das mais afiadas análises de que o cristianismo já foi objeto. Dando continuidade ao exame sobre a moral praticado na maioria de seus livros, em "O anticristo" o autor firma sua posição sobre a doutrina religiosa. Ele mostra como o cristianismo – ao qual chama de maldição – é a vitória dos fracos, doentes e rancorosos sobre os fortes, orgulhosos e saudáveis, persuadindo e induzindo a massa por meio de ideias pré-fabricadas.

A partir da comparação com outras religiões, Nietzsche critica com veemência a mudança de foco que o cristianismo opera, uma vez que o centro da vida passa a ser o além e não o mundo presente. Até mesmo Jesus Cristo e o apóstolo Paulo são questionados, assim como grande parte de todos os dogmas cristãos, em um grande exercício filosófico.

Tradução, notas e apresentação de Renato Zwick.

Filosofia / Religião e Espiritualidade / Não-ficção / Literatura Estrangeira

RESENHA

NIETZSCHE, Friedrich. O Anticristo. São Paulo: Martin Claret, 2006, 112p. Friedrich Wilhelm Nietzsche foi um grande e pensador alemão nascido em Röcken, no ano 15 de 1844, e tornou-se um dos mais importantes filósofos da Alemanha do século XIX. Criado em meio de uma família protestante – o pai e os dois avôs eram pastores -, ele cresceu praticamente direcionado para a mesma vocação, no entanto ao começar a estudar filologia, ganha novos olhares e seus pensamentos começam a mudar. Schopenhauer foi um dos colaboradores para que isso acontecesse, ficando atraído pelo ceticismo apresentado nos livros do autor. O livro em questão foi publicado pela primeira vez em 1895 por Fritz Koegel no tomo 8 das “Obras de Nietzsche”. Antes de morrer em 1990, o autor passa por um surto de loucura e não se sabe qual o motivo, podendo ser pela sífilis ou um tumor cerebral, durante esse período fica sob a guarda da irmã a qual se aproveita da sua incapacidade intelectual distorcendo seus textos a favor do nazismo sempre rejeitado por ele.

Logo no prefácio do livro Nietzsche deixa bem claro que o livro pertenceria e seria apenas para os homens mais raros e os mesmos talvez não pudesse estar presente entre nós, ou seja, os únicos denominados por ele capazes de entender seu livro pertenceria à classe dos pouquíssimos -na divisão proposta por ele ao longo do livro- pertenceriam ao futuro e esses seriam a verdadeira “elite” controladora das massas, com posições de pensamentos extrapolando os limites da intelectualidade, levando em pensamento idéias que parecem ser certas, em todo momento ele busca esse além-homem, um homem capaz de conviver com suas limitações e superações. Nietzsche fala que o homem moderno é um ser fraco, domesticado que tudo compreende e perdoa e não basta mais de que um sim e um não para ficar feliz.

Temos que destacar também que ao decorrer do livro o objetivo dele era abrir espaço para uma critica dos valores estabelecidos em dois mil anos de cristianismo – sendo esses valores representados pelo dualismo, criado pelo cristianismo ao longo do tempo, como por exemplo, corpo e alma, terra e céu, bom e mal entre outros- para ele tudo é apenas um fluxo de forças e a razão seria apenas um acaso.

No livro, o filosofo não ataca violentamente Cristo, ele o define como um romântico, o qual queria mudar o mundo, às vezes fazendo criticas e ate chamando de idiota, mas a principal questão levantada é sobre o que fizeram com a imagem de Cristo, e para ele foi o apóstolo Paulo, que modificou o real significado dos ensinamentos de Cristo, misturando certos tipos de culturas e institucionalizando o cristianismo da forma que quisesse, manipulando-a, voltando ao caso do dualismo, criando uma situação de juízo final, por isso o filosofo descreve em seu livro que o evangelho morreu na cruz, assim o sacerdote reina pela invenção do pecado.

No livro são citadas outras formas de religião em comparação com o cristianismo e uma delas é o budismo sendo a mais positiva na visão do autor, por que, não diz: Lute contra o pecado, mas sim contra o sofrimento. Sendo assim o budismo uma religião para homens em evoluídos e o cristianismo uma que pretendia dominar o homem comum e feroz os tornando “doente” e dependente de uma coisa platônica, buscando uma coisa para ser colocada a culpa do seu fracasso ou sofrimento, então desse modo foi criado em um importuno momento, a figura do diabo, novamente mostrando a figura do dualismo –bom e mal, divino e profano- que era combatido pelo o autor.

Outra questão colocada foi à compaixão na qual seria o pior mal do cristianismo, o sentimento da perda de força causado, o sofrimento acaba por multiplicar-se e esse sentimento acaba sendo contagioso através da compaixão.

Em certo momento Nietzsche afirma ter achado que o cristianismo acabaria com a chegada de Lutero, porém estava errado e ainda o critica dizendo “Que sucedeu? Um frade alemão, Lutero, chegou a Roma”, pois o mesmo acabou reforçando, criando a forma mais suja do cristianismo, o protestantismo.

Ao final desse livro podemos obter vários tipos de interpretação por ser um livro de linguagem complexa, contendo muitas informações sobre determinados assuntos relacionados com o mundo, podendo ou não satisfazer algumas pessoas com suas críticas. O livro em si deixa bem claro o real motivo para o qual Nietzsche escreveu, seria incentivar o espírito livre, apenas para vivermos sem pensar se estamos ou não cometendo pecados, livre para fazermos o que quisermos. Deus ser apenas um estado de espírito, pois Cristo não morreu na cruz por nós, mas sim para mostrar como devemos viver, sem preocupações, sem instituições que o manipule e diga o que fazer para ser aceito no juízo final. Afinal é melhor ser apenas um “romântico idiota” que mude o mundo com suas ações, do que ser um homem que no final segue uma farsa e não muda nada no mundo, nem na sua vida.

Resenha/Análise: O Segundo sexo, de Simone de Beauvoir


O segundo sexo foi publicado originalmente em 1949 e consagrou Simone de Beauvoir na filosofia mundial. A obra, no entanto, não ficou datada e tornou-se atemporal e definitiva. Este boxe traz a divisão original em dois volumes. No primeiro volume, a autora aborda os fatos e os mitos da condição da mulher numa reflexão fascinante. Já no segundo, Simone de Beauvoir analisa a condição da mulher em todas as suas dimensões: sexual, psicológica, social e política. Uma obra fundamental, que inaugurou um novo modelo de pensamento sobre a mulher na sociedade.

ISBN-13: 9788520921951
ISBN-10: 8520921957
Ano: 2016 / Páginas: 936
Idioma: português
Editora: Nova Fronteira

BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo: fatos e mitos. 4 ed. São Paulo: Difusão. 

O livro, O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir, é uma importantíssima obra para o movimento feminista. Publicado em 1949, é uma analise sobre a realidade das mulheres na sociedade, procurando entender o que as levou a essa realidade através da historia. No primeiro texto da segunda parte, Beauvoir explica como a maternidade era vista como um fardo e uma limitação das capacidades da mulher dentro da sociedade, e como essa limitação se tornou um fato gerador da soberania masculina sobre a mulher e sobre a própria natureza. No segundo texto da segunda parte, é descrita uma inversão dos valores agregados a mulher na sociedade, mas que mesmo assim ainda há uma gradual dominação da mulher pelo homem. Ela cita, por exemplo, pensamentos de filósofos gregos como Pitágoras, afirmava que havia um princípio bom que teria criado o homem, e um princípio ruim que teria criado a mulher. Relacionando o homem à luz e a mulher às trevas.
Beauvoir levanta questões como a disposição física da mulher e seu papel nos clãs, segundo pesquisas feitas pela autora chegasse à conclusão que devido a estratégias feitas pelos clãs para proteção dos mesmos, torna perfeitamente aceitável a idéia de que mulheres teriam a musculatura e sistema respiratório tão desenvolvidos quanto aos dos homens. Em alguns relatos como os das amazonas de Daomé, as mulheres participavam, de guerras e vinganças sangrentas, eram corajosas e até cruéis assim como os homens. Estas guerreiras podiam praticar os mesmo serviços que homens, não com mesmo potencial físico, mas essencialmente importantes e úteis ao clã.
Um fator que limitou esse papel de guerreira, em tempo integral das mulheres, foram naturais; biológicos, como a menstruação, a gravidez, o parto; que literalmente sugavam suas energias e assim as limitando de participar e ser útil ao clã. Ser útil no sentido em que nessa época primitiva o que era valorizado em cada membro de um clã não era o simples fato de gerar uma vida, e sim servir-se de sua própria vida em proteção das hordas, a caça a pesca; os guerreiros. A maternidade era vista pelas mulheres das hordas primitivas como algo natural e sem real importância ou relevância, um fardo, as dores do parto um importuno.
Após longo processo desse homo faber, o homem (macho) enquanto ser dotado de transcendência, capaz de se sobre sair aos do limites impostos pela natureza, se reconhece como ser existente, este reconhece na mulher essa transcendência e essa existência, mas diferentemente do homem, que transforma, produz, projeta, ela dá vida a outro ser que será dotado da transcendência, mas não foge ao que a natureza impõe, assim este homem se impõe enquanto soberano.
A autora cita que as fêmeas do ser humano são as únicas do reino animal que, mesmo enquanto praticam função reprodutora, são obrigadas a desempenhar funções domésticas, o que consome completamente suas energias. Beauvoir afirma que nesse ponto a superioridade masculina não era imposta, nem procurada, ela era apenas vivida, não havia nenhuma instituição que defendesse ou pregasse uma superioridade sexual. Foi quando o homem se estabeleceu em terreno fixo quando começou a pensar o mundo e a si mesmo e a constituir uma sociedade que houve uma diferenciação dos papeis de cada sexo. Segundo Simone de Beauvoir, nesse ponto a mulher passou a ser vista apenas como um ser que, como parte de um clã, era responsável pela perpetuação, pelo futuro e pela sobrevivência deste clã, a mulher não possuía uma identidade individual, ela era vista como parte do todo. Ela desempenhava o importante papel de gerar crianças que seriam responsáveis pela continuação de seu clã, que seriam o futuro dessa comunidade.
A autora afirma também que, por ser vista como um ser fértil, a mulher era responsável também pelo trabalho na lavoura, ela era vista como dona da terra, tendo partido daí figuras de deusas da fertilidade, e uma visão estranha das mulheres por parte dos homens, em um sentimento que misturava o respeito e o medo.
A partir desse medo, houve uma gradual deterioração da imagem da mulher por parte dos homens, a mulher, de sagrada, se torna impura, ao ponto de ser vista como o lado ruim da criação, como dito pelo filósofo grego Pitágoras, dizia que havia um princípio bom que teria criado o homem, e um princípio ruim que teria criado a mulher. Relacionando o homem a luz e a mulher às trevas.


Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir (Paris 1908, Paris, 1986), mais conhecida como Simone de Beauvoir, foi uma escritora feminista e filosofa existencialista francesa. Polêmica, abordava assuntos que eram considerados tabus, oferecendo uma reflexão sobre sua vida e a da sociedade de seu tempo. Além de O segundo Sexo, outras obras de Beauvoir que se destacam são, sua autobiografia, ‘’Memórias de Uma Moça Bem Comportada’’, e “A cerimônia de adeus”, onde falava de seu antigo companheiro, o também filosofo Jean Paul Sartre.

O segundo sexo, de Simone de Beauvoir, pode a principio parecer uma obra pesada, por abordar assuntos tão polêmicos, porem, o que a autora faz nada mais é do que retratar, e buscar as origens de fatos que estão presentes em nossa cultura,que fazem parte de nosso dia a dia, e o faz com maestria. Simone mostra como aspectos considerados naturais do ser humano têm na verdade origens históricas e explicações culturais, estando seu livro tanto na lista de livros proibidos pelo vaticano, quanto entre os 100 livros que mais influenciaram a humanidade.

Parte analítica da obra: 


1 INTRODUÇÃO

Nascida na França em janeiro de 1908, Simone de Beauvoir foi figura importante na defesa da igualdade entre os sexos e uma das mais honradas filósofas existencialistas do século XX, com impacto inestimável no modo de pensar moderno. Filha de um casal contrastado – pai burguês e agnóstico e mãe católica defensora dos costumes –, Simone construiu sua trajetória de forma independente. Suas obras são íntimas e retratam de forma reveladora as experiências de sua vida e de seu tempo.

Dentre as suas obras, destaca-se o ensaio A velhice, onde sua crítica árdua e impetuosa sobre a atitude da sociedade para com os anciãos comove e acende a revolta, enquanto a biografia A cerimônia do adeus, traz o retrato apaixonado – de forma beauvoiriana – dos últimos dez anos do companheiro Jean-Paul Sartre, com quem viveu um relacionamento pouco-ortodoxo, mas que foi de suma importância e somente juntos conseguiram influenciar de forma resolutiva o pensamento da época.
Neste artigo, entretanto, falarei de O segundo sexo, obra de Beauvoir publicada em 1949 que analisou de forma profunda e concreta o papel da mulher na sociedade. Duramente criticado por pensadores da época, inclusive pelo Nobel de Literatura François Mauriac, que chegou a dizer que O segundo sexo “é um “manual de egoísmo erótico,” recheado de “ousadias pornográficas”; que não passa de “uma visão erótica do universo”, um manifesto de “egoísmo sexual”.”, o ensaio de Simone é tão importante e revelador quanto polêmico e controverso.

2 O SEGUNDO SEXO

A primeira vez que ouvi o nome de Simone de Beauvoir eu devia ter por volta de dez ou onze anos de idade. Tinha terminado minhas “tarefas de fim do almoço” e tinha ouvido de minha avó – imigrante portuguesa, casada há 60 anos –, quando perguntei se meu irmão não poderia lavar a louça naquele dia, que “trabalho de casa é coisa de mulher”.


Por quê?, eu me perguntei. Quem convencionou isso?, meus pais?, minha família? Fui criada para a louça enquanto meu irmão não?, eu nasci assim? Perguntei as mesmas coisas a minha mãe – formada em Psicologia e magistrada em Filosofia –, que prontamente me disse que não; não, ninguém havia convencionado que tarefas domésticas são de domínio exclusivamente feminino. Mas os costumes e o modo que minha avó havia sido criada diziam que os homens têm suas próprias tarefas – sair para trabalhar, trazer o dinheiro para as compras no fim do mês – e as mulheres têm as suas – cuidar dos filhos, da casa, do marido – e, consequentemente, essa era a ideia correta de pensar, para ela. Também falou de uma escritora, uma francesa, que pensou do mesmo jeito que eu. Que diz que, na verdade, a mulher e o homem nascem exatamente do mesmo jeito; são concebidos do mesmo modo e, na infância e até certa fase, são indivíduos com pensamentos idênticos.


É assim que Simone de Beauvoir introduz seu pensamento na primeira parte de O segundo sexo. Em Infância, alega que não há fator algum – seja biológico, psíquico ou econômico – que prove ou dê alguma razão para o papel que a mulher assume e sempre assumiu na sociedade. Instiga e me faz pensar se tudo que aprendi sobre “distinção de gêneros” não passa de algo produzido para manipular – para me fazer aceitar que não posso contestar minha posição como indivíduo do sexo feminino e simplesmente seguir em frente sem discussões.

Diz ainda na primeira parte que “têm elas [as crianças dos dois sexos] os mesmo interesses, os mesmo prazeres, [...] tiram das funções excretórias que lhe são comuns, as maiores satisfações; seu desenvolvimento genital é análogo; exploram o corpo com a mesma curiosidade e a mesma indiferença; do clitóris e do pênis tiram o mesmo prazer incerto [...]” além de afirmar que o primeiro alvo dos desejos sexuais primitivos das crianças (independente do sexo) é a mãe, colocando então que, até a chamada segunda infância, meninos e meninas não passam por conta da “diferença de sexos” e são, portanto, indivíduos idênticos também em hierarquia.

Quando Beauvoir menciona a robustez da menina durante a pré-adolescência, me identifico. Até os meus quatorze anos, sofri com a pressão psicológica exercida por mim mesma com a ideia de que eu não era feminina o suficiente – ao ponto de ser comparada ao meu irmão, cinco anos mais velho, em diversas ocasiões. Identificar minhas angústias como mulher nas páginas do ensaio de Simone foi importante para mim – tão importante que posso ousar dizer que penso, agora, de outra maneira.

Quanto à “feminilidade”, Beauvoir diz que tal coisa como “instinto feminino” não existe; é como a frase que introduz todo o ensaio: “Ninguém nasce mulher; torna-se mulher” – ou seja, é algo imposto à mulher pela sociedade. No entanto, a passividade que singulariza a “mulher feminina” é um aspecto que se amplifica nesta desde os primeiros anos. É um equívoco, todavia, dizer que é uma qualidade determinantemente biológica; Simone escreveu: “na verdade, é um destino que lhe é imposto por seus educadores e pela sociedade”. O leque para o macho é muito mais extenso em opções; as brincadeiras “de mão” são encorajadas, subir em árvores é permitido, incentiva-se a rudeza. Já com a fêmea há o conflito; é ensinada e educada para agradar e procurar agradar, deve ser um utensílio, “renunciar à sua autonomia”, recusam-lhe a liberdade que a reafirmaria como sujeito ativo, que a faria compreender e descobrir o mundo, que lhe permitiria manifestar os mesmos interesses, a mesma curiosidade e ousadia de um menino.

Vejo essa relação que Simone cria de liberdade versus costumes na segunda parte do ensaio; em A mulher casada, refleti, junto com a autora, sobre o papel da mulher na tradição – ou como gosto de chamar, instituição – do casamento. A primeira vez que li a passagem: “Em sua maioria, ainda hoje, as mulheres são casadas, ou o foram, ou se preparam para sê-lo, ou sofrem por não o ser”, me perguntei se já havia sofrido algum tipo de preconceito ou repressão por ter dito que não tenho o desejo de me casar em meus planos futuros, e vi que a resposta era sim.

Em sua análise do matrimônio, Simone de Beauvoir diz que a ascensão econômica da mulher, de certa forma, lhe garantiu certos “privilégios” dentro do casamento que antes não lhe eram certos; “a mulher não se acha mais confinada na sua função reprodutora: esta perdeu em grande parte seu caráter de servidão natural, apresenta-se como um encargo voluntariamente assumido”.


Ainda assim, é comentado por Simone, o papel confinado à mulher como mãe e doméstica não lhes deram a dignidade que é concedida aos homens – que é, socialmente, “um indivíduo autônomo e completo”. Ao longo da história, muitas vezes, a mulher serviu apenas como um negócio, um contrato entre sogro e genro – uma decisão feita por dois homens, não por marido e mulher –, e só alcança alguma autonomia econômica quando se torna viúva. Sobre o celibato exigido em certas épocas para se garantir “o bom casamento”, Beauvoir diz que “a liberdade de escolha da jovem sempre foi muito restrita; o celibato [...] abaixa-a ao nível do parasita e do pária [...]” e continua, dizendo que “o casamento é seu ganha-pão e a única justificação social de sua existência”.

Já ao final da segunda parte, começa a se observar as condições para a libertação social da mulher; a autora diz que tal ato “só pode ser coletivo”, no entanto existem aquelas que “buscam solitariamente realizar sua salvação individual”, que “é este último esforço [...] da mulher encarcerada para converter sua prisão em céu de glória, sua servidão em liberdade soberana” que encontramos na narcisista, na amorosa e na mística. A narcisista, segundo Simone, é, na minha visão, aquela que busca se auto afirmar com frequência, pois nada ouviu sobre sua condição quando mais nova – como a própria autora conta de quando viu uma mulher jovem que “aproximava os lábios do espelho como que para beber a imagem e murmurava sorrindo: “Adorável, acho-me adorável”” em um banheiro de um café –, que procura sua representação na literatura, com personagens belas, brilhantes, e, na falta destes adjetivos, escolhe a personagem de vítima, a esposa incompreendida. E por quê? Porque “a narcisista é tão dependente quanto a hetaira. Se escapa ao domínio de um homem singular, é aceitando a tirania da opinião”, sua vaidade nunca é saciada e com o passar do tempo, mais procura por elogios e êxitos, acabando muitas vezes em um “delírio paranoico”.

A amorosa – capítulo que a autora inicia dizendo que “a palavra “amor” não tem em absoluto o mesmo sentido para um e outro sexo”, e, citando Gaia Ciência de Nietzsche, “o que a mulher entende por amor é bastante claro: não é apenas a dedicação, é um dom total de corpo e alma, sem restrição, sem nenhuma atenção para o que quer que seja. [...] Quanto ao homem, se ama uma mulher é esse amor que quer dela; [...] se houvesse homens que experimentassem também esse desejo de abandono total, por certo não seriam homens”. Simone afirma que o homem é incapaz de ser “um grande apaixonado”, que apenas querem a sua amante para “anexá-la”, “querem integrá-la em sua existência, e não afundar nela uma existência inteira”. Já para a mulher, o amor é doação total e irrestrita. A mulher amorosa se torna um mártir pela injustiça de amar tão incondicionalmente e não receber nada em retorno; que o que a mulher oferece com tanto fervor e dedicação ao homem, este não se esforça um mínimo para aceitar – “O homem não precisa da dedicação incondicional que reclama, nem do amor idólatra que lhe acaricia a vaidade; só os acolhe com a condição de não satisfazer as exigências que tais atitudes reciprocamente implicam”.

Em suma, a mulher amorosa é vulnerável e cada vez mais é mutilada por esse sentimento. Beauvoir resume seu pensamento na sentença: “No dia em que for possível à mulher amar em sua força, não em sua fraqueza, não para fugir de si mesma, mas para se encontrar, não para se demitir, mas para se afirmar, nesse dia o amor tornar-se-á para ela, como para o homem, fonte de vida e não perigo mortal”.
A mítica é aquela que quando dedica seu amor a um homem, “nele ela procura Deus: se as circunstâncias lhe proíbem o amor humano, se é desiludida ou exigente, é em Deus mesmo que ela escolherá adorar a divindade”. A mulher, segundo Simone, ao contrário do homem dedica-se ferrenhamente a tal divindade, pois não precisa senti-la nem tocá-la para acreditar. Muitas vezes, a mítica pensa ser a “eleita de Deus”, e acha carregar com ela a missão de pregar doutrinas incertas e, dessa forma, ao assumir este papel, multiplica sua personalidade. Em conclusão, Simone diz: “o fervor místico, como o amor e o próprio narcisismo, podem integrar-se em vidas ativas e independentes”, os esforços de salvação individual não tem nenhum domínio sobre o mundo; a liberdade da mulher continua mistificada e, segundo a autora, “só há uma maneira de realiza-la autenticamente: projetá-la mediante uma ação positiva na sociedade humana”

3 CONCLUSÃO


Com a composição deste artigo, concluo que o ensaio de Simone – ao contrário do que foi dito na época –, não ridiculariza os homens, mas inspira e revela a maneira pela qual as mulheres são criadas exatamente para serem menos que os homens. É uma expressão de liberdade sexual e social para a mulher e, mesmo após meio século, O segundo sexo é relevante e esclarecedor, uma leitura – não simples, não relaxante – mas essencial para compreender a visão de mundo necessitada e ansiada por mulheres através dos anos e gerações.

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