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[RESENHA #762] Triângulo das águas, de Caio Fernando Abreu


"Triângulo das águas", publicado originalmente em 1983 e há anos fora de catálogo, é um dos melhores livros de Caio Fernando Abreu (1948-1996). Reconhecido com o Prêmio Jabuti – a naior honraria literária brasileira –, Triângulo é também um título exemplar do ponto de vista do estilo do autor: nas linhas das novelas que o compõem – "Dodecaedro", "O marinheiro" e "Pela noite" – encontram-se cristalizadas algumas constantes na obra de Caio. A alma perdida em busca de alguma coisa (às vezes afeto), a verborragia e as referências que, longe de afetadas, exalam sinceridadee aproximam os leitores, a vida sob o signo da madrugada, as boas-vindas aos mistérios da existência, concretizados, neste livro, pela presença da astrologia (inclusive no título), e o tom confessional-desesperado.

RESENHA

Triângulo das águas é um livro de Caio Fernando Abreu, escritor, jornalista e dramaturgo brasileiro, considerado um dos expoentes da literatura brasileira dos anos 80. Publicado originalmente em 1983, o livro reúne três novelas que têm como elemento comum a água, simbolizando as emoções, as transformações e as memórias dos personagens. As novelas são: Dodecaedro, O marinheiro e Pela noite.

Dodecaedro narra a história de um homem que, após uma decepção amorosa, se isola em um apartamento e passa a receber cartas misteriosas de uma mulher que diz ser sua amante. A cada carta, ele recebe um fragmento de um dodecaedro, um sólido geométrico de doze faces, que representa o universo e a complexidade humana. A narrativa é marcada pela angústia, pela solidão e pelo erotismo, em um clima de suspense e mistério.

O marinheiro conta a trajetória de um jovem que embarca em um navio rumo à Europa, em busca de aventura e liberdade. No entanto, ele se depara com uma realidade hostil e violenta, que o faz questionar seus sonhos e sua identidade. O mar é o cenário e o símbolo da viagem existencial do protagonista, que enfrenta o medo, a morte e o amor.

Pela noite é a novela mais autobiográfica do livro, na qual o autor relata suas experiências durante o exílio na Europa, nos anos 70, fugindo da ditadura militar brasileira. O narrador é um escritor que vive em Paris, mas que sente saudades de sua terra natal e de seu passado. A noite é o tempo e o espaço da nostalgia, da reflexão e da criação, em que o narrador se comunica com seus fantasmas e seus desejos.

O estilo de Caio Fernando Abreu é caracterizado pela economia de palavras, pela fluência e pela musicalidade. O autor utiliza recursos como a metáfora, a aliteração, a repetição e a intertextualidade, criando textos densos e poéticos. Além disso, o autor explora temas como a homossexualidade, a marginalidade, a violência, a política e a espiritualidade, retratando a sociedade e a cultura de sua época.

Algumas citações marcantes do livro são:

  • "A vida é um dodecaedro, pensei. Doze faces, doze vértices, trinta arestas. E cada face é um mistério." (Dodecaedro)
  • "O mar é o meu lugar. O mar é o meu destino. O mar é o meu amor." (O marinheiro)
  • "Pela noite, eu me lembro. Pela noite, eu escrevo. Pela noite, eu existo." (Pela noite)

Triângulo das águas é uma obra que revela a sensibilidade, a criatividade e a originalidade de Caio Fernando Abreu, um dos maiores nomes da literatura brasileira contemporânea. O livro é uma leitura envolvente, emocionante e instigante, que convida o leitor a mergulhar nas águas profundas da alma humana.

[RESENHA #758] Ovelhas negras, de Caio Fernando Abreu

"Nunca pertenci àquele tipo histérico de escritor que rasga e joga fora. Ao contrário, guardo sempre as várias versões de um texto, da frase em guardanapo de bar à impressão no computador. Será falta de rigor? Pouco me importa. Graças a essa obsessão foi que nasceu 'Ovelhas negras', livro que se fez por si durante 33 anos. (...) Uma espécie de autobiografia ficcional, uma seleta de textos que acabaram ficando fora de livros individuais. Eram e são textos marginais, bastardos, deserdados. (...) Afinal, como Rita Lee, sempre dediquei um carinho todo especial pelas mais negras das ovelhas."

RESENHA

Ovelhas negras é um livro de contos do escritor e jornalista brasileiro Caio Fernando Abreu, publicado em 1995. O livro reúne 25 textos que o autor considerava marginais, bastardos ou deserdados, por terem ficado fora de suas obras anteriores ou por terem sido censurados pela ditadura militar. São contos que revelam a trajetória literária de Caio, desde sua infância até sua maturidade, passando por diferentes lugares, épocas e estilos.

O estilo de Caio Fernando Abreu é marcado pela economia de palavras, pela linguagem coloquial, pela ironia, pelo erotismo e pela angústia existencial. Seus personagens são, em sua maioria, jovens urbanos, marginalizados, solitários, que vivem à procura de amor, sentido e identidade. Eles refletem as inquietações, os medos, as esperanças e as frustrações de uma geração que testemunhou as transformações políticas, sociais e culturais do Brasil e do mundo nas décadas de 70, 80 e 90.

O livro é dividido em três partes: Alfa, Beta e Gama. Cada parte é precedida por uma introdução do autor, que conta a história por trás de cada conto, revelando aspectos autobiográficos, curiosidades, influências e referências. Alguns dos contos mais conhecidos são: "O príncipe sapo", "O amor de Pedro por João", "Aqueles dois", "Sargento Garcia", "Dama da noite" e "Ovelhas negras".

O livro é uma obra que ensina sobre a diversidade, a tolerância, a solidariedade e a resistência. Caio Fernando Abreu aborda temas como a homossexualidade, a AIDS, a violência, a ditadura, a droga, a morte, o amor, a amizade, a arte e a literatura, com sensibilidade, humor e coragem. Suas histórias são como retratos de uma época, mas também são atemporais, pois tocam em questões universais da condição humana.

Algumas citações marcantes do livro são:

- "Eu queria que você me amasse como eu te amo. Mas isso é impossível. Porque eu te amo demais. E você não me ama. Você só me quer." ("O príncipe sapo")

- "Eles não sabiam muito bem o que fazer com aquilo. Não era exatamente amor. Talvez porque amor fosse uma palavra gasta, e o que eles sentiam não estava gasto. Era novo e brilhante como uma moeda que tivesse acabado de ser cunhada." ("O amor de Pedro por João")

- "Eles eram muitos, mas não sabiam. No quartel, na repartição, no escritório, na escola, na fábrica, eles estavam lá, mas não se conheciam. Eram invisíveis. Eram ovelhas negras, mas não sabiam." ("Ovelhas negras")

A simbologia do livro está relacionada ao título, que remete à ideia de exclusão, rebeldia, diferença e transgressão. As ovelhas negras são aqueles que não se encaixam nos padrões impostos pela sociedade, que são discriminados, perseguidos, silenciados ou ignorados. Mas são também aqueles que têm algo de especial, de único, de original, de criativo, de surpreendente. São aqueles que, apesar de tudo, não desistem de buscar sua própria voz, seu próprio caminho, sua própria felicidade.

A importância e a relevância cultural do livro estão ligadas à sua capacidade de retratar e questionar a realidade brasileira, de dialogar com outras obras e autores, de influenciar e inspirar novos escritores e leitores, de provocar reflexão e emoção, de contribuir para a formação de uma literatura nacional de qualidade, de valorizar a diversidade e a liberdade de expressão.

A biografia do autor pode ser resumida da seguinte forma: Caio Fernando Abreu nasceu em Santiago, no Rio Grande do Sul, em 1948. Desde pequeno já demonstrava interesse pela literatura. Estudou letras e artes cênicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mas não se formou. Trabalhou como jornalista em diversas revistas e jornais. Foi perseguido pela ditadura militar e se exilou na Europa por um ano. Voltou ao Brasil e publicou vários livros de contos, romances e peças de teatro. Recebeu três vezes o Prêmio Jabuti e uma vez o Prêmio Molière. Descobriu ser portador do vírus HIV em 1994 e voltou a morar com seus pais em Porto Alegre. Morreu em 1996, aos 47 anos.

A crítica positiva acerca da obra pode ser expressa da seguinte forma: Ovelhas negras é um livro que merece ser lido, relido e apreciado por todos aqueles que gostam de literatura de qualidade, que se interessam pela história e pela cultura brasileiras, que se identificam com os personagens e os temas abordados pelo autor, que se emocionam com as histórias e as palavras de Caio Fernando Abreu. É um livro que mostra a genialidade, a originalidade, a sensibilidade e a coragem de um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. É um livro que não deixa ninguém indiferente. É um livro que faz a diferença.

[RESENHA #697] Amor e Amizade, de Jane Austen

Jane Austen (1775-1817), uma das romancistas mais importantes da literatura universal, viu os quatro romances que publicou em vida caírem na graça do público. Porém, são pouco conhecidos entre nós os primeiros trabalhos da autora, que começou a escrever ainda criança. Este volume traz três desses textos ficcionais de juventude, todos na forma de narrativas epistolares – contadas através de cartas. A novela "Amor e amizade", de 1790, mostra a troca de correspondência entre Laura, uma mulher madura, e Marianne, a jovem filha de uma amiga. A história inclui amores proibidos e fugas da família, além de muitos – e hilários – desmaios. “As três irmãs” e “Uma coleção de cartas”, escritas entre 1791 e 1792, dão novas amostras do estilo cômico e do gênio que se tornariam marca registrada da grande autora.

RESENHA 

Amor e Amizade de Jane Austen (sim, ela escreveu dessa maneira) faz parte do segundo volume de Juvenilia de Austen, as curtas obras que ela escreveu entre 1787 e 1793 principalmente para diversão de sua família. Amor e Amizade é um pequeno romance epistolar com o subtítulo "Beguiled in Friendship and Betrayed in Love" e mostra o humor e a inteligência de Austen. A partir desses primeiros escritos, podemos ver Austen trabalhando em obras-primas literárias (na minha opinião) que os leitores ainda amam quase 200 anos após sua morte.

A novela começa com Laura contando a Marianne sobre o seu primeiro amor, Edward Falkland. Laura e Edward se apaixonam perdidamente, mas o seu amor é proibido, pois Edward é um homem pobre. Laura é obrigada a se casar com um homem rico e poderoso, Sir William Manderley.

Laura é infeliz no seu casamento, mas ela continua a amar Edward. Ela finalmente consegue fugir de Sir William e se encontrar com Edward. Os dois se casam e vivem felizes para sempre.

Além da história de Laura e Edward, Amor e Amizade também conta a história de outras duas mulheres: Louisa Musgrove e Caroline Bingley. Louisa é uma jovem romântica que acredita no amor à primeira vista. Caroline é uma jovem calculista que está apenas interessada em se casar com um homem rico.

Amor e Amizade é uma obra juvenil de Jane Austen, mas ela já mostra o seu talento para a escrita cômica. A novela é cheia de situações hilárias, como os desmaios de Laura e as tentativas de Louisa de seduzir homens.

A novela também é uma crítica à sociedade da época, que valorizava o dinheiro e o status social acima do amor. Amor e Amizade mostra que o amor verdadeiro pode superar todas as barreiras, sejam elas sociais ou financeiras.

A carta de abertura do romance é de Isabel para sua amiga Laura. Isabel imagina que desde os 55 anos Laura deveria estar pronta para discutir os acontecimentos de sua vida. O resto das cartas de Laura para Marianne, filha de Isabel, e embora apenas um ponto de vista seja apresentado neste romance (e o ponto de vista limitado é uma das desvantagens da estrutura epistolar), realmente funciona aqui. Laura escreve para Marianne sobre suas “desventuras e aventuras” na vida e gosta de servir de lição ou guia. E Laura com certeza levará os leitores a uma aventura!

Em Amor e Amizade, Austen zomba dos romances. Há casamentos rápidos contra a vontade dos pais, mortes trágicas, roubos e desmaios. Austen dá tudo de si no melodrama, mas funciona. As travessuras de Laura não são apenas ridículas, mas também engraçadas. Poderia ter sido entediante se o artigo fosse mais longo, mas tem apenas cerca de 30 páginas e é uma leitura muito rápida.

Laura se casa quase imediatamente com Edward depois que ele aparece na casa de sua família, perdido e em busca de abrigo. Ele é filho de um baronete que deveria se casar com outra pessoa, mas Eduardo está determinado a sempre desobedecer ao pai. Os noivos vão parar na casa dos amigos de Eduardo, Augusto e Sofia, que se casaram contra a vontade dos pais, queimaram o dinheiro que Augusto roubou do pai e acumularam tantas dívidas que Augusto é preso. Quando Edward sai para ver se consegue tirar August da prisão, mas não consegue voltar, Laura e Sophia, agora melhores amigas, devem se defender sozinhas e seguir para a Escócia.

A partir daí acontecem inúmeras coisas que fazem as mulheres desmaiar e ocorre uma série de estranhas coincidências. Austen não levou sua heroína a sério e nem os leitores. Para os fãs de Austen que desejam ler algumas de suas obras menos conhecidas, Love and Freindship é o lugar perfeito para começar.

Outras resenhas de Jane Austen que talvez você queira ler:

Orgulho e Preconceito
Sanditon
A abadia de Northanger
Razão e sensibilidade
Emma
Lady Susan
Mansfield Park
A história da Inglaterra
Os Watson
Persuasão


A AUTORA

Jane Austen nasceu em 16 de dezembro de 1775, em Steventon, na Inglaterra. Teve pouco tempo de educação formal e terminou os estudos em casa. Começou a escrever textos literários por volta dos doze anos de idade. Mas, em vida, seus livros foram publicados de forma anônima, isto é, sem a identificação de sua autoria.


A romancista, que morreu em 18 de julho de 1817, em Winchester, escreveu obras que apresentam marcas de transição entre o Romantismo e o Realismo ingleses. Assim, suas histórias de amor possuem um tom irônico e fazem crítica social. Essas características também estão presentes em um de seus livros mais conhecidos, o romance Orgulho e preconceito.


Análise: Hamlet, de William Shakespeare



ISBN-13: 9788525406118
ISBN-10: 8525406112
Ano: 2007 / Páginas: 141
Idioma: português
Editora: L&PM

Hamlet, de William Shakespeare, é uma obra clássica permanentemente atual pela força com que trata de problemas fundamentais da condição humana. A obsessão de uma vingança onde a dúvida e o desespero concentrados nos monólogos do príncipe Hamlet adquirem uma impressionante dimensão trágica. Nesta versão, Millôr Fernandes, crítico contumaz dos "eruditos" e das "eruditices" que – nas traduções – acabam por comprometer o sentido dramático e poético de Shakespeare, demonstra como o "Bardo" pode ser lido em português com a poderosa dramaticidade do texto original. Aqui, Millôr resgata o prazer de ler Shakespeare, o maior dramaturgo da literatura universal, em uma das suas obras mais famosas.

Literatura Estrangeira / Drama / Ficção / Jovem adulto

O romantismo foi um período literário no qual se destacava o drama humano, tragédias amorosas e o individualismo. Na Inglaterra o romantismo se destacou por usar humor, tragédias e emoções que se passava com bastante realismo, assim atingindo seu novo público alvo que queria coisas novas e inovadoras no qual foi ocorrido na época.

William Shakespeare foi um grande escritor da dramaturgia inglesa sendo considerado ate hoje como o maior dramaturgo de todos os tempos, é considerado um romântico fora de época por não ter vivido na época do romantismo, seus textos e ele próprio revolucionaram o teatro mundial.
Um dos livros de Shakespeare mais bem sucedido é Hamlet, a historia do príncipe Dinamarquês cujo nome é o mesmo do titulo, que era solitário e é movido pela tragédia da duvida e pela vingança, é a peça de Shakespeare mais representada e estuda até hoje e uma das mais reconhecidas.

I. Romantismo — CARACTERISTICAS E HISTORIA DO ROMANTIMO

1.1 Romantismo

O Romantismo foi um movimento artístico e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que durou durante grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo que marcou o período neoclássico e buscou um nacionalismo que aparentemente se perdera. Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo romantismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.

1.2 Romantismo na Inglaterra

A Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra entre os anos de 1798 e 1832, determinou o surgimento do proletariado. O aparecimento dessa nova classe social e a incorporação da figura da mulher no mundo cultural favoreceu o nascimento do Romantismo, porque deram origem a um novo público leitor, que buscava nos romances um pouco de realismo, humor, emoções e, sobretudo, novas idéias.
Como escritor, torna-se alvo de admiração e ódio com seus panfletos satíricos, como A Tale of a Tub (A História de um Tonel, 1704), em que ridiculariza as instituições religiosas. Em 1726, publica sua obra-prima, Viagens de Gulliver, sátira aos liberais, aos juristas, às instituições e ao gênero humano em geral. Sucesso imediato, o livro transforma-se num clássico da literatura infantil universal. A intenção dos panfletos satíricos de Swift é defender os interesses da Irlanda contra a aristocracia inglesa. Em 1742 sofre um derrame que o deixa paralítico. Morre em Dublin.

A poesia Romântica inglesa inicia-se com a figura de William Blake (1757 a 1827), um pré-romântico, que influenciou muitos poetas em toda a Europa. Em seus poemas, Blake recria paisagens e situações exóticas e afirma a existência do eu - lírico. Além de Blake temos ainda duas gerações de poetas muito distintas: A primeira delas, classificada como "lake poets", surgiu, por volta de 1770, em uma região situada à noroeste da Inglaterra, onde há muitos lagos. Os dois nomes de destaque desse movimento foram Willian Wordsworth e Samuel Taylor Coleridge, autores da obra "Baladas Líricas", que tinha o objetivo de provar que tanto a linguagem culta, quanto a coloquial são capazes de exprimir o sentido da vida.
A segunda geração, também conhecida como poetas malditos ou satânicos, além de influenciar vários poetas em todo o mundo, inclusive os brasileiros, foi caracterizada pela exaltação à liberdade e à rebeldia. Os poetas dessa geração morreram ainda muito jovens e distantes de sua pátria.

Lord George Godon Byron (1788 – 1824): A sua obra e personalidade romântica têm grande repercussão na Europa do início do século XIX. George Gordon Noel Byron nasce em Londres e, em 1798, herda o título nobiliárquico de um tio-avô, tornando-se o sexto Lord Byron. Em 1807, publica Horas de Ócio, livro de poemas mal recebidos pela crítica. Com apenas 21 anos, ingressa na Câmara dos Lordes e viaja pela Europa e pelo Oriente, regressando em 1811. No ano seguinte publica o poema A Peregrinação de Childe Harold, sobre as aventuras de um herói e a natureza da península Ibérica, sucesso em vários países europeus. Muda-se para a Suíça em 1816, após o divórcio de Lady Byron, causado pela suspeita de incesto do poeta com sua meia-irmã Augusta Leigh.
Escreve o terceiro canto de A Peregrinação de Childe Harold, O Prisioneiro de Chillon (1816) e Manfred (1817). Transfere-se para Veneza, onde escreve em 1818 Beppo, uma História Veneziana, sátira à sociedade local. Um ano depois, começa o inacabado Don Juan. Torna-se membro do comitê londrino para a independência da Grécia, país para onde viaja em 1823 para lutar ao lado dos gregos contra os turcos. Morre quatro meses depois, em Missolonghi.

Percy Bysshe Shelly (1792-1822): Percy Bysshe Shelley casou-se e tronou-se pai ainda muito jovem. O movimento Romântico aproximou Percy da figura do pensador e reformista Willian Godwin, pai de Mary Wollstonecraft, com quem Percy fugiu para viver ilegalmente na França e na Suíça até que Harriet, esposa de Percy, matou-se em 1816 e eles puderam, enfim, se casar. Mary e Percy mudaram-se para a Itália em 1818 e, em 1822, o poeta morreu afogado. As obras mais importante de Shelly são "Adonais" e "Prometeu Libertado". Essa última simboliza a luta do homem frente ao poder absoluto.

John Keats (1795 a 1821): Considerado um dos maiores nomes do romantismo na Inglaterra. Sua obra oscila entre as freqüentes referências à morte e um intenso sentimento de prazer com a vida. Influenciado pelos poetas gregos do período helênico, como Homero, bem como pelos poetas elizabetanos do século XVI, persegue a perfeição estética. Sua poesia é marcada pelo sentimentalismo romântico, por imagens vibrantes, de grande apelo sensual, e pela expressão de aspectos da Filosofia clássica. Nascido em Londres, fica órfão na infância e passa a ser criado em Edmonton por um tutor, que o transforma em aprendiz de cirurgião. Volta em 1814 para Londres, onde trabalha como assistente de cirurgia em dois hospitais. Em 1817, decide abandonar a Medicina para se dedicar inteiramente à poesia. No mesmo ano, publica seu primeiro livro, Poems, marcado por imagens ultra-românticas, mas não obtém sucesso. Em 1818, lança Endymion e inicia a produção de seu maior poema, Hyperion, que não chega a concluir devido aos primeiros sinais da tuberculose. Não obtém reconhecimento em vida, sendo cultuado apenas após a morte, ocorrida em Roma, quando ele está com apenas 26 anos.

II. William Shakespeare — BIOGRAFIA E PENSAMENTOS

2.1 Biografia William Shakespeare

Shakespeare é considerado o mais importante dramaturgo e escritor de todos os tempos. Seus textos literários são verdadeiras obras de arte e permaneceram vivas até os dias de hoje, onde são retratadas freqüentemente pelo teatro, televisão, cinema e literatura.
Nasceu em 23 de abril de 1554, na pequena cidade inglesa de Stratford-Avon. Nesta região começa seus estudos e já demonstra grande interesse pela literatura e pela escrita. Com 18 anos de idade casou-se com Anne Hathaway e, com ela, teve três filhos. No ano de 1591 foi morar na cidade de Londres, em busca de oportunidades na área cultural. Começa escrever sua primeira peça, Comédia dos Erros, no ano de 1590 e termina quatro anos depois. Nesta época escreveu aproximadamente 150 sonetos.
Embora seus sonetos sejam até hoje considerados os mais lindos de todos os tempos, foi na dramaturgia que ganhou destaque. No ano de 1594, entrou para a Companhia de Teatro de Lord Chamberlain, que possuía um excelente teatro em Londres. Neste período, o contexto histórico favorecia o desenvolvimento cultural e artístico, pois a Inglaterra vivia os tempos de ouro sob o reinado da rainha Elisabeth I. O teatro deste período, conhecido como teatro elisabetano, foi de grande importância. Escreveu tragédias, dramas históricos e comédias que marcam até os dias de hoje o cenário teatral.
Os textos de Shakespeare fizeram e ainda fazem sucesso, pois tratam de temas próprios dos seres humanos, independente do tempo histórico. Amor, relacionamentos afetivos, sentimentos, questões sociais, temas políticos e outros assuntos, relacionados a condição humana, são constantes nas obras deste escritor.
Em 1610 retornou para Stratford, sua cidade natal, local onde escreveu sua última peça, A Tempestade, terminada somente em 1613. Em 23 de abril de 1616 faleceu o maior dramaturgo de todos os tempos.

2.2 Principais obras
Comédias: O Mercador de Veneza, Sonho de uma noite de verão, A Comédia dos Erros, Os dois fidalgos de Verona, Muito barulho por coisa nenhuma, Noite de reis, Medida por medida, Conto do Inverno, Cimbelino, Megera Domada e A Tempestade.

Tragédias: Tito Andrônico, Romeu e Julieta, Julio César, Macbeth, Antônio e Cleópatra, Coriolano, Timon de Atenas, O Rei Lear, Otelo e Hamlet.

Dramas Históricos: Henrique IV, Ricardo III, Henrique V, Henrique VIII.

2.3 Pensamentos

“Ó beleza! Onde está tua verdade?”

“Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...E ter paciência para que a vida faça o resto..”

“Se você ama alguma coisa ou alguém, deixe que parta. Se voltar é porque é seu, se não é porque jamais seria.”

“Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes.”

“Lembrar é fácil para quem tem memória. Esquecer é difícil para quem tem coração.”

“O amor não prospera em corações que se amedrontam com as sombras.”

“Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que sonha a tua filosofia.” (Hamlet)

“O amor é muito jovem para saber o que é consciência.”

“Um fogo devora outro fogo. Uma dor de angústia cura-se com outra.”

“Faço o que todo homem faz. Não o seria se fizesse mais.” (Macbeth)

“Nós somos feitos do mesmo material dos sonhos.”

“Chorar é diminuir a profundidade da dor.”

“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.”

“Não acredites nem nos que pedem emprestado, nem nos que emprestam; porque muitas vezes, perde-se o dinheiro e o amigo...e o empréstimo.”

“Algum desgosto prova muito amor, mas muito desgosto revela demasiada falta de espírito.”

“Perde-se a vida quando a pretendemos resgatar à custa de demasiadas preocupações.”

“O silêncio é o mais perfeito arauto da felicidade. Eu estaria pouco feliz se pudesse dizer o quanto.”

“A morte que sugou todo o mel do teu doce hálito, não teve efeito nenhum sobre tua beleza.”

“Ser ou não ser: eis a questão.” (Hamlet)

“É um amor pobre aquele que se pode medir.”

“O amor é cego, por isso os namorados nunca vêem as tolices que praticam.”

“O amor é a única loucura de um sábio e a única sabedoria de um tolo.”

“É muito melhor viver sem felicidade do que sem amor.”
III. Enredo de Hamlet

3.1Resumo Hamlet

A morte do rei da Dinamarca deixa seu filho Príncipe Hamlet muito abatido, ao ver que em menos de um mês da morte de teu pai, sua mãe a Rainha Gertrudes casa-se as pressas com seu tio Claudio irmão de seu pai, com isso ele se vê em meio de um grande desrespeito ao nome de seu pai e fica revoltado com a situação. Seu grande amigo Horacio avisa a Hamlet o Espectro do falecido Rei estava aparecendo durante a noite na varanda, ao saber disso ele fica ansioso para rever seu pai. Quando se depara com o Espectro que ele faz uma grande revelação que ele avia sido assassinado pelo seu próprio irmão o tio de Hamlet e agora o atual rei.
Quando descobre a verdade sobre o assassinato de seu pai ele começa a ficar prezo em um dilema dito por ele próprio “ser ou não ser, eis a questão” , do que lhe adiantaria ter títulos, nome e riquezas ou se seria melhor ser nada, pois sempre temos o mesmo fim a morte. Com esse espírito confuso em qual se encontrava, o Rei e seus subalternos acabam achando que ele esta ficando louco porque não estaria dizendo coisa com coisa ou agindo como se costumava agir. Tentam descobrir o motivo de sua melancolia e suposta loucura, primeiro acham que era por amor não correspondido que ele tinha por Ofélia, mas após ele a desprezou começam a tentar descobrir o real motivo, para isso pedem a rainha mãe de Hamlet que fale com o filho, quando eles estão conversando em uma sala no castelo, Polônio conselheiro do rei estava atrás de uma cortina espionando tudo, então Hamlet saca sua espada e enfia na cortina pensando que era o rei que ali estava escondido, com isso a rainha tem certeza da loucura do filho.
Laertes filho de Polônio fica com ódio sobre Hamlet por ele ter matado seu pai e movido por um sentimento de vingança, se junta ao rei contra Hamlet. Laertes com o desejo de vingança desafia o príncipe para um duelo e ele aceita o desafio, então os dois começam uma intensa luta de floretes que é uma espécie de espada, Laertes tinha envenenado a ponta de seu florete, mas no meio da luta intensa eles acabam trocando de floretes e quando Hamlet consegue feri-lo, Laertes começa a morrer envenenado. A rainha que assistia a luta bebe do vinho envenenado preparado pelo rei que era destinado a Hamlet. Antes de morrer Laertes revela que o culpado pelo envenenamento da rainha era o rei, revoltado e como já avia a sede de vingança, ele então fere o rei com o a ponta envenenada e vinga a morte de seu pai. Então para ele não teria mais motivo para se viver ele pega a taça em qual sua mãe bebeu e bebe o resto do veneno que avia lá, logo em seguida morre.

3.2 Descrições dos personagens

Protagonista:

Hamlet personagem central do livro é o príncipe da Dinamarca. No enredo se mostra muito confuso e nesse personagem mostra-se a essência do bem e do mal interpretados em um só homem, e com em alguns momentos ele acaba se contradizendo sendo taxado como louco, mas tudo o que o movia era o sentimento de revolta e vingança pela morte de seu pai.

Antagonistas:

Rei Cláudio o vilão da historia. Tio de Hamlet mostra-se como um homem frio e ambicioso, que não mede limite para se conseguir o que deseja, sem se importa com ninguém a não ser consigo mesmo.

Rainha Gertrudes mãe de Hamlet em alguns momentos demonstra se importa com o filho, porem é muito submissa ao rei sabe de todos os seus planos e participa de alguns.

Horácio melhor amigo de Hamlet e seu confidente a qual ele lhe conta todos os seus problemas, duvidas e angustias, ajuda bastante Hamlet com seus conselhos.

Polônio conselheiro do rei e muito leal a isso, mostra-se muito submisso a ele, e com isso ajuda-o a conspirar contra o príncipe Hamlet.

Laertes pelo sentimento de vingança a morte de seu pai Polônio se junta ao rei querendo destruir o príncipe Hamlet.

Secundários:

Ofélia filha de Polônio por quem Hamlet é apaixonado.

Fortimbrás príncipe da Noruega.

Espectro do pai de Hamlet e falecido rei da Dinamarca.

Voltimand oficial e amigo de Hamlet.

Guildenstern oficial e amigo de Hamlet.

Reinaldo servidor de Polônio.

Francisco soldado real.

Bernardo oficial.

Marcelo oficial.

3.3 Narrador

Não possui narrador, pois o livro se trata de uma dramaturgia na qual se é inteiramente dialogo.

3.4 Tempo

O tempo e espaço são muito curtos pelo o livro ter sido escrito para o teatro, então não pode ser aprofundado nesse aspecto.

RESENHA

O livro Hamlet é uma das tragédias mais conceituadas de todos os tempos pela grande historia de vingança que é o centro do enredo, há historia escrita por Shakespeare é só mais uma de suas obras que são reconhecidas e fazem um enorme sucesso mundialmente.
Há historia gira em torno bastante da parte psicológica em todos os momentos com sua complexidade, tudo esta em volta dos sentimentos, desejos e duvidas do príncipe Dinamarquês, com isso sua consequência se torna deixar o leitor em duvida de suas sobre seu caráter e do que seria capaz de fazer, do certo e do errado, deixa o leitor a frente a frente com sua essência de ser humano.
Na historia do príncipe Dinamarquês que perde seu pai e começa a questionar o mundo se torna claro na frase “Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que pode sonhar tua vã filosofia.”, com isso ele começa a ser induzido há agir com a razão de vingança, ate o momento que em que mata seu tio e perde a razão que tinha para viver, então se mata sem misericórdia de si próprio.
Com tudo entendemos que Hamlet foi um príncipe revoltado com as imprudências e falta misericórdia que avia no mundo, e na parte que ele recita “Há algo de podre no reino da Dinamarca.”, ele não quis dizer só no reino da Dinamarca no mundo em si, pois se acreditava que a boa conduta e o medo a deus aviam-se acabado, mas ele entra-se muitas vezes em contradição, era contra certos atos e acabava os cometendo, na bíblia os dez mandamentos dizia “Horarás pai e mãe”, mas Hamlet não se faz isso no livro, ele questionava a falta de conduta da mãe com o pai e ele próprio fazia o mesmo.
Com pensamentos complexos das atitudes humanas o livro mostra perfeitamente como é o ser e estar dos seres humanos, sempre em conflito com sigo mesmo e com duvidas inacabáveis.

Resenha: Til, Jose de Alencar

“Til” é uma obra de José de Alencar publicada inicialmente em 1872. O romance, que faz parte da fase regionalista do autor, documenta o cotidiano de uma fazenda do interior paulista do século XIX.

A história gira em torno de Berta, também conhecida pelo apelido Til, uma heroína romântica de alma bondosa que se sacrifica em prol de todos. A trama é complexa e envolve vários personagens, incluindo Besita, uma moça pobre e bela, Luis Galvão, um jovem fazendeiro, e Jão, um órfão criado junto com Luis.

A narrativa é marcada por conflitos, desejos, traições e vinganças. Besita, por exemplo, acaba se casando com Ribeiro, mas ele parte em viagem logo após a noite de núpcias e fica anos afastado. Durante sua ausência, Luis procura Besita, e desse encontro nasce Berta. Quando Ribeiro retorna e descobre a filha, ele assassina Besita.

A obra também aborda temas como a luta de classes e a exploração dos pobres pelos ricos. Jão, por exemplo, torna-se capanga dos ricos da região, cometendo várias mortes e tornando-se o temido Jão Fera.

“Til” é uma obra que retrata a realidade brasileira do século XIX, com suas contradições e conflitos. Através de seus personagens complexos e de sua narrativa envolvente, José de Alencar oferece um retrato vívido e crítico da sociedade brasileira da época.

“Til” é uma obra de José de Alencar publicada inicialmente em 1872. O romance, que faz parte da fase regionalista do autor, documenta o cotidiano de uma fazenda do interior paulista do século XIX.

A importância política e cultural de “Til” e das outras obras de Alencar é imensa. Alencar é considerado um dos mais importantes escritores brasileiros e um dos principais representantes do romantismo, movimento artístico-literário que vigorou no Brasil no século XIX. Com sua obra, Alencar contribuiu substancialmente para dar consistência aos denominadores comuns do período romântico no Brasil, por investir na criação de temáticas que consolidassem as bases da expressão literária nacional. Ele buscou mostrar os valores nacionais, a exaltação desse sentimento convergente ao Romantismo, que trazia características como a valorização do passado, liberdade criadora, emoções, olhar subjetivo, espiritualidade, idealismo e individualismo.

Além disso, a obra “Til” é um retrato das características encontradas na vida do campo e nas tradições rurais da época em que foi lançada. O romance é considerado como parte de sua fase regionalista, pois demonstra apego às descrições da vida campesina. A personagem principal da obra é Berta, que é apelidada de Til. Ela é o símbolo da heroína romântica idealizada, sua beleza é enfatizada por diversas vezes por José de Alencar, assim como sua compaixão e empatia com João Fera, o vilão da história.

Portanto, “Til” não apenas reflete o período histórico em que foi escrito, mas também desempenha um papel importante na formação da identidade cultural e literária brasileira.


O AUTOR
José de Alencar (1829-1877) foi um romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político brasileiro. Foi um dos maiores representantes da corrente literária indianista e o principal romancista brasileiro da fase romântica. Entre seus romances destacam-se "Iracema" e "Senhora".

Resenha: Hamlet, de William Shakespeare



Adaptação para neoleitores. a partir do orginial em ingles: Paulo Seben Hamlet é uma das mais famosas tragédias de todos os tempos. Na história, o príncipe Hamlet é chamado de volta ao seu país, a Dinamarca, porque seu pai, o rei, acaba de morrer. Quando chega ao castelo de sua família, descobre que sua mãe se casou com seu tio, que agora será o novo rei. Mas, à medida que o tempo passa, Hamlet começa a desconfiar do tio e planeja uma maneira de descobrir a verdade sobre a morte do pai. Tem início uma das mais sangrentas peças de William Shakespeare, uma obra-prima sobre relações familiares e vinganças. O autor do livro é considerado o maior escritor de língua inglesa. Sua obra se tornou conhecida por tratar das grandes questões da humanidade como o amor, a inveja, o ódio e a sede pelo poder

ISBN-13: 9788525423573
ISBN-108525423572
Ano: 2011 / Páginas: 64
Idioma: português
Editora: L&PM

RESENHAS

“O Príncipe é o paradigma do melancólico. Nada ilustra melhor a fragilidade da criatura que o fato de que também ele esteja sujeito a essa fragilidade”, diz Benjamin. A melancolia tem a ver com a imposição de decidir.Enquanto o luteranismo conseguiu instilar no povo o rigor da “obediência ao dever”, desenvolveu nos grandes a enfermidade da melancolia, porque só a eles cabe decidir sobre o destino dos súditos.

Personagem central de um enredo que se desenrola no Reino da Dinamarca, Hamlet vive o dilema que o coloca, de um lado, diante da sua posição como Príncipe e, de outro, da sua condição de indivíduo. O que se espera do soberano é que ele seja a encarnação do bem, da virtude. Mas as paixões que o movem impedem que ele assuma o papel que dele se espera.

“Ser ou não ser, eis a questão”; a indecisão, síntese do personagem Hamlet e mola propulsora do teatro de Shakespeare, é o fundamento de quase todas as tragédias escritas entre os séculos XVI e XVII. Caracterizadas como tragédias da Renascença, essas peças, como diria o filósofo Walter Benjamin, “superestimam a influência da doutrina aristotélica sobre o drama do período barroco”. Entretanto, apesar de os autores acreditarem que o que estavam escrevendo eram tragédias (no sentido “grego” do termo), o drama do período barroco não pode ser confundido com as tragédias clássicas.

Em Hamlet, a luta se desenvolve como um conflito de consciência do herói. A dúvida o persegue e traça o seu destino, pois quando ele se decide já não há mais tempo. Hamlet morre devido a sua inércia. O que o faz hesitar diante das decisões é a sua liberdade de ação.

A palavra “Trauerspiel” (“Trauer” – luto + “Spiel” – jogo), da qual o termo “drama barroco” foi traduzido, parece refletir o estado de tensão que envolve o personagem principal da história. “Os extremos de que necessita o intérprete já estão contidos na própria palavra. Num primeiro nível de análise, podemos dizer que “Spiel”, como espetáculo e ilusão, designa o caráter fugidio e absurdo da vida e “Trauer”, a tristeza resultante dessa percepção. Teríamos assim uma primeira interpretação: o drama designa a tristeza de um homem privado da transcendência (pois com ela a vida não seria absurda), numa natureza desprovida da Graça.”
Hamlet representa esse tipo de homem, cujo traço mais marcante é o pessimismo, a melancolia. O mundo que o cerca encontra-se repleto de indícios maléficos: o casamento da mãe com o tio trazendo a suspeita da traição, a revelação da verdadeira causa da morte do pai através da visão do fantasma, a visita de Guildenstern e Rosencrantz acentuando o sentido de hipocrisia de sua existência. “Há algo de podre no Reino da Dinamarca.” A frase, proferida por um dos oficiais em guarda durante a aparição do fantasma, revela a existência de um mistério que ameaça a sobrevivência do Reino. Hamlet é o herói que deve salvar o Reino de sua destruição.

A aparição do fantasma do Rei morto exige do Príncipe uma decisão.  “Assim, estás obrigado a vingar-te, quando me ouvires”. O relato do fantasma sobre as circunstâncias de sua morte abre caminho para inúmeros acontecimentos que, precipitando-se um após o outro, deixam-no cada vez mais confuso. Hamlet se vê diante de um amontoado de ruínas. “Oh! Mulher profundamente depravada! Oh! Canalha, canalha, canalha maldito e sorridente!” Nada mais lhe parece seguro. O Reino que deveria herdar de seu pai lhe fora usurpado por um tirano vil, um assassino que mata o Rei para apossar-se do trono e da Rainha, um homem que pode sorrir sendo um “canalha”. A corrupção se espalha. A degradação dos de cima ameaça contaminar os de baixo. O poder não caminha mais lado a lado com a virtude. A Dinamarca corre um sério risco e o Príncipe Hamlet é chamado a agir. A voz que vem do além o lembra de seu compromisso para com o Reino e para com a honra. “Não permitas que o leito real da Dinamarca seja uma cama para incontinência sexual e incesto amaldiçoado”. A vingança torna-se, a partir de então, o principal objetivo de Hamlet que passa a não medir as palavras usadas para atingir seu alvo.

Hamlet usa palavras que parecem sem sentido. Palavras que são manipuladas como um jogo, como um enigma que o inimigo percebe mas ao mesmo tempo não consegue decifrar. O segredo é a alma de sua vingança. Porém o jogo com as palavras, o uso dos artifícios de linguagem, das metáforas corporais representando os vícios humanos, tudo isso é alimentado pelo estado de melancolia do Príncipe. A tristeza que o acompanha o faz ver o mundo através de imagens que constroem uma nova ordem de sentidos. O luto é transfigurador do mundo vazio, repovoando-o com novos significados. “Pois ocorre com o melancólico no início o que acontece com alguém que tenha sido mordido por um cão raivoso: tem sonhos terríveis, e temores da razão”.

Loucura e melancolia encontram-se bastante próximas tanto no personagem de Hamlet quanto em Ofélia, que, exposta a seguidos infortúnios, não consegue resistir perdendo a razão. Em Hamlet, a melancolia acentua a visão, predispondo a um aguçamento dos sentidos, da intuição – “Oh! Minha intuição profética! Meu tio?”. As suas suspeitas confirmam-se através das palavras do fantasma que acusa o irmão – atual Rei – pela sua morte.

O sarcasmo é outro complemento à tristeza que o envolve, uma espécie de adereço cênico que lhe permite estabelecer um distanciamento com relação aos demais personagens. Guildenstern, Rosencrantz, o Rei, a Rainha e principalmente Polonius são os alvos prediletos de sua atitude sarcástica.

A dúvida que age sobre Hamlet é típica do período barroco. A desconfiança de Hamlet com relação à aparição do fantasma e às palavras por ele proferidas representa, de um lado, uma dúvida quanto aos sentidos e, de outro, uma ruptura com a metafísica. A preocupação em questionar os sentidos só pode prevalecer em um contexto de não transcendência absoluta, o que não significa, contudo, um desligamento dos princípios religiosos, já que a culpa vivida pelo Príncipe, em grande parte, remete ao cristianismo. “No decurso da ação trágica o herói assume e internaliza essa culpa, que segundo os antigos estatutos é imposta aos homens de fora, através da infelicidade. Ao refleti-la em sua consciência de si, o herói escapa à jurisdição demoníaca”.

O drama de Hamlet é o drama de um homem que deseja separar o ser do parecer. O verdadeiro do falso. Que suspeita da arte, do teatro, da representação. Que despreza o artifício, desconfia das palavras. “Palavras, palavras, palavras”, responde ele a Polonius quando este lhe pergunta sobre o que estava lendo. Palavras como as proferidas pelo ator que de um modo abominavelmente absurdo pode “forçar a sua alma a acordar-se à concepção do papel que ele representa e que, pela ação emocional da mente sobre o corpo, todo o rosto se torna pálido, lágrimas saltam nos olhos, a fisionomia se desespera, a voz fica entrecortada e todas as expressões corporais se modelam segundo a parte que ele imagina”. Palavras, como ele próprio as usa, para blasfemar. Palavras que substituem o agir.
Inépcia, apatia, o estado de espírito sombrio do melancólico leva-o a furtar-se à ação. O corpo não merece atenção. Hamlet admite: “ultimamente, e porque motivo ignoro, perdi toda a minha vitalidade, abandonei todos os exercícios físicos habituais. E na verdade eu me sinto num estado de espírito tão deprimido que agora a terra não parece para mim uma estrutura fecunda e maravilhosa, inserida num universo ordenado mas um promontório em abandono e estéril”. As imagens da natureza decaída e do corpo em estado de abandono revelam, a despeito da busca da espiritualidade, do desejo de transcendência, da negação da carne, uma postura profundamente imanente.

A noção de destino no drama de Shakespeare caracteriza-se por uma forte nota de luteranismo. A ausência da Graça, a idéia – ligada à doutrina da predestinação – de que não há como mudar o destino, coloca o homem diante de um absoluto vazio. “Desde que homem algum conhece algo sobre a condição da vida de que se separa, desde que não pode julgar o que os outros anos lhe reservam – por que deveria temer que a morte chegue logo?” A morte não faz, nesse caso, a menor diferença: “se é agora, não é para depois; se não é para depois, será agora, se não é agora, acontecerá todavia. Estar maduro para a morte é tudo”.
Matar ou morrer não faz a menor diferença. O que está em jogo é a honra. Vingar-se, essa é a questão. Talvez, nem tanto pela morte do pai, mas por si mesmo, pela ameaça que pesou sobre sua vida. A transformação do personagem Hamlet acontece quando este descobre a trama montada pelo tio para matá-lo. Depois disso, a decisão tomada e o drama de consciência que até então consumia o personagem dá lugar a uma atitude mais firme. A decisão de lutar com Laertes é acompanhada por um mau pressentimento. No entanto, nada mais importa.
O duelo entre Hamlet e Laertes definirá o destino dos demais personagens do drama. Morrem o Rei e a Rainha e finalmente Hamlet e Laertes. Ambos percebem que o mesmo destino os unia. Ambos desejavam vingar a morte do pai; acabaram vítimas de um tirano que os usou para eliminar um inimigo. A solução final é o perdão. Hamlet e Laertes se conciliam para que a culpa de um não caia sobre o outro. Extingue-se a culpa, porém a morte do Príncipe acaba revelando sua impotência. Sua morte, ao contrário da morte do herói na tragédia grega, não significa a vitória dos deuses, o restabelecimento da ordem. Sua morte não significa sequer a salvação do Reino da Dinamarca. Quando Fortimbrás entra no salão do palácio depara-se com uma cena totalmente inesperada. Não há ninguém para fazer-lhe oposição apenas um monte de cadáveres. Fortimbrás se apossa do trono, enquanto Horácio se prepara para relatar o ocorrido.

O significado da tragédia de Hamlet ultrapassa a atuação do herói; encontra-se no conjunto da trama, nos “atos de adultério, de assassinato e incesto, de julgamentos divinos manifestados em acidentes aparentes, de mortes causais de mortes instigadas pela perfídia e que se tornaram compulsórias e, de planos mal calculados que recaíram sobre as cabeças de seus maquinadores”. A morte de Hamlet aponta para o vazio da existência, para a impossibilidade de salvação do ser humano. No entanto, o drama do herói transcende a morte. Através do relato a história é preservada. Sua salvação reside na possibilidade da trama ser outra vez encenada. Na possibilidade, que é exclusiva à cena teatral, da apropriação do tempo. Na possibilidade da reprodução daquele momento único, de delírio dionisíaco, que caracteriza a tragédia em sua origem. No resgate da “palavra originária” encontramos, enfim, o elo de ligação entre “Tragodie” e “Trauerspiel.

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