[RESENHA #673] O menino do dedo verde, de Maurice Druon

APRESENTAÇÃO

Tistu não é uma criança como as outras. Ele os empurra seus polegares verdes para dentro da terra e coisas mágicas acontecem! Encantador e sensível como O pequeno principe, O menino do dedo verde é um clássico da literatura francesa para crianças grandes e pequenas. 

Era uma vez Tistu...Um menino diferente de todo mundo. Com uma vidinha inteiramente sua, o pequeno de olhos azuis e cabelos loiros, deixava impressões digitais que suscitavam o reverdecimento e a alegria. As proezas de seu dedo verde eram originais e um segredo entre ele e o velho jardineiro, Bigode, para quem seu polegar era invisível e seu talento, oculto, um dom do céu.

O menino do dedo verde encanta gerações de leitores no Brasil e no mundo, há pelo menos cinco décadas, com a mensagem de esperança do menino que transforma tudo o que toca. A mágica história de Tistu, garoto com raro poder de semear o bem por onde passa, é uma aventura fantástica com final singelo e extraordinário. 

RESENHA

O menino do dedo verde é um clássico da literatura que ganhou fama global por tratar de assuntos sérios repletos de questões humanitárias e filosóficas de forma clara e inocente. Lançado originalmente em francês em 1957, a obra consagrou-se como uma das obras necessárias para se ler antes de morrer, ainda que não tenha obtido o mesmo status que o livro o pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, o livro mostra-se prolífico na arte de transmitir valores à todas as gerações. Druon através de sua obra tece críticas ao modelo educacional vigente, as particularidades de cada criança, a inocência inexplorada, a incapacidade dos adultos em compreender os dons e talentos das crianças, bem como a pluralidade de dons individuais de cada aluno em sala de aula.

A obra fala sobre Tistu, batizado originalmente de João Batista. O garotinho relutou com a escolha do nome ainda bebê, ele chorava e berrava, porém, seu nome permaneceu. Então com o tempo, como se tudo confirmasse, as pessoas não se habituaram ao seu nome, então ele foi apelidado de Tistu. 

Nesse dia, como quase todos os bebês em idênticas circunstâncias, o coitadinho protestou, gritou, ficou vermelho de chorar. Mas as pessoas grandes, que não compreendem os protestos dos recém-nascidos e teimam em sustentar suas idéias pré-fabricadas, garantiram com a maior firmeza que o menino se chamava mesmo João Batista. Mas em seguida, mal a madrinha de manga comprida e o padrinho de chapéu preto o recolocaram no berço, deu-se um fato curioso: as pessoas grandes já não conseguiam pronunciar o nome que lhe haviam dado, e puseram-se a chamá-lo de Tistu.

Tistu não gostava de estudar, ou não entendi bem as aulas, o que o fazia adormecer entre as aulas, e claro, ser expulso, por não ser considerado com os outros. O episódio fez com que  Sr. papai, o coloque para ter aulas particulares com o Sr. Trovão, gerente da fábrica de canhões do pai, bem com o jardineiro da fábrica, bigode. Por mais que o garoto não se empenhe nas aulas escolares, ao ter toda atenção para o seu ensino em casa, o garoto começa a desenvolver e construir pensamentos e comentários cada vez mais ácidos acerca da humanidade, ecologia e sobre os homens.

A partir deste ponto, o autor começa a construir uma poética acerca da existência de características pré-moldadas e consistentes, como as escolhas que não fazemos ou a decisões que outras pessoas tomam por nós (como a escolha de nosso nome), bem como a finitude de informações e opiniões que se formam no decorrer de nossa vida. Assim, Tistu começa a se mostrar insatisfeito e começa a questionar a realidade através dos estudos e de sua vivência com o Sr. Bigode, o jardineiro da fábrica de canhões de seu pai.

Então, o Sr. Bigode nota que o garoto possui um talento inexplorado e curioso: ele possui a ponta dos dedos verdes, entre outras palavras, flores eram concebidas em toda superfície ao serem tocadas pelo garoto, despertando a admiração do Sr. Bigode, que decide manter o talento do garoto em segredo.

Após conhecer a realidade existente em locais como cadeia e hospitais, através de suas conversas com o Sr. Bigode, o garoto decide que, talvez, a tristeza destas pessoas possam ser amenizadas de alguma forma. Ele então decide silenciosamente fazer com que flores brotem nestes locais, tudo veladamente. A iniciativa do garoto faz com que os encarcerados pelas cadeias afetadas por sua iniciativa desistam da fuga, bem como em hospitais.  

O Sr. papai fazia questão de frisar que a Fábrica de canhões era uma excelente iniciativa, que, como sabemos, era o sustento principal da família, mas as palavras do Sr. papai já não ecoavam com os efeitos esperados sobre o garoto:

— Tistu, meu filho, nosso negócio é excelente. Canhão não é como guarda-chuva, que ninguém quer comprar quando faz sol. Ou como chapéu de palha, que fica na vitrina quando chove. Canhão sempre se vende, seja qual for o tempo!

Tistu decide mostrar publicamente seu talento e começa auxiliar o pai em um novo negócio: uma fábrica de flores, porém, ele se abala ao ouvir de seu pai que o jardineiro que o fez refletir tanto sobre a vida e participou de sua educação, estava dormindo. Esta alegoria fez com que o garoto ficasse triste e confuso. Tituse decide, que, talvez, o Sr. Bigode precisava revê-lo, então ele constrói uma escada de flores até o céu para visitá-lo, o que claro, provoca grande alegria no Sr. Bigode, mas tristeza profunda em todos os que ficaram abaixo da escada, uma vez que Tistu faleceu.

O AUTOR

Maurice Druon nasceu no ano de 1918, na capital da França, Paris. Uma curiosidade do autor é que um de seus antepassados também era escritor e tinha nacionalidade brasileira. Odorico Mendes, bisavô de Druon, trabalhava como jornalista e político, além de escrever e traduzir obras famosas.

No entanto, Odorico Mendes não era o único parente de Maurice que tinha relação com a literatura. O autor Joseph Kessel era um dos tios de Druon, e juntos escreveram o “Canto dos Partidários”, que serviu como hino para grupos de resistência na Segunda Guerra Mundial.

Foi em 1946, então, que Maurice Druon se consagrou nos livros, ganhando o Prêmio Goncourt pela obra As Grandes Famílias, junto a diversos outros prêmios que chegaram para prestigiar a famosa novela.

Além de O Menino do Dedo Verde, outras obras que se destacaram na carreira de Druon são a série Os Reis Malditos e, como já citada, As Grandes Famílias, que com certeza irão agradar os fãs do escritor.

[RESENHA #624] Surfista Carioca, de Éric Rebière



APRESENTAÇÃO 

Um jovem carioca se lança no sonho de viver do surfe neste que é o livro de estreia de Éric Rebière, atleta acostumado a desafiar ondas gigantes. Além das aventuras no mar, a obra contextualiza a rotina de uma família no subúrbio carioca, na década de 1990. A história retrata a adolescência e juventude do protagonista, Gabriel, e suas disputas contínuas com o irmão, Alexandre, sob a educação ora amorosa, ora severa do pai. Também são narradas suas primeiras experiências amorosas, as saídas à noite, em que frequentava os bailes funks da região, e a vivência no bairro, marcada por regras de convívio impostas pela violência. A obra expõe o contraste entre a periferia e a Zona Sul, o que é observado pelo jovem durante suas incursões para as disputas em categoria de base. Em sua jornada, Gabriel descobre um novo mundo no meio do esporte e é convidado para um desafio de arrepiar: uma viagem ao Peru, repleta de lições, encrencas e ondas gigantes. 

Éric Rebière é um surfista profissional franco-brasileiro. Nascido e criado em Arraial do Cabo, mudou-se em 1998 para a Europa e, atualmente, vive entre Anglet, na França, e La Coruña, na Espanha. Faz parte da elite mundial de surfistas de ondas gigantes, o Nazaré Tow Challenge, único evento dessa modalidade organizado pela World Surf League. Éric é o único participante que também fez parte do World Championship Tour, no qual apenas os 32 melhores surfistas do mundo competem. Acumula dezenas de vitórias em circuitos amadores no estado do Rio de Janeiro. Foi três vezes campeão na Europa, duas vezes profissional e uma em circuito amador. É conhecido em Nazaré por ser um “mestre” em pilotagem de jet ski, tendo colocado Maya Gabeira na onda que lhe rendeu seu primeiro recorde Guiness. Além disso, é faixa preta de jiu-jítsu e empresário. Organiza dois eventos internacionais de ondas grandes na Galícia: o Illa Pancha Challenge e o Coruña Big Waves. Leitor voraz, inspira-se nas experiências de um grupo de amigos surfistas para escrever.

RESENHA

A obra de Éric fala sobre um jovem carioca que parte em uma jornada repleta de desafios em busca do seu sonho de se tornar um surfista profissional. Essa história incrível é contada por Éric Rebière, um atleta renomado por enfrentar corajosamente ondas gigantes. Além das empolgantes aventuras no mar, o livro também mergulha na realidade cotidiana de uma família que vive no subúrbio carioca durante a década de 1990. Através dos olhos do protagonista, Gabriel, testemunhamos sua adolescência e juventude, repletas de rivalidades constantes com seu irmão Alexandre. A educação que recebem do pai oscila entre o amor e a severidade, moldando suas personalidades e influenciando suas escolhas. A narrativa também explora as primeiras experiências amorosas de Gabriel, suas animadas saídas noturnas para os famosos bailes funks da região e a vivência no bairro, onde as regras de convivência são ditadas pela violência que permeia a área. Essas experiências contrastam fortemente com a realidade da Zona Sul, e o jovem protagonista observa essa disparidade durante suas incursões em competições de base.

Em sua jornada rumo ao sucesso no surfe, Gabriel descobre um novo mundo no meio desse esporte apaixonante. E, como se não bastasse, ele recebe um convite que lhe proporcionará uma experiência arrebatadora: uma viagem ao Peru, onde enfrentará ondas gigantes e aprenderá lições valiosas, ao mesmo tempo, em que se envolve em situações complicadas. O livro aborda a formação de Gabriel no subúrbio, bem como sua crescente paixão pelo surfe, o sonho de viver de competições, as rivalidades com outros competidores, as paixões à flor da pele, o anseio por mais uma onda, os problemas advindos com a inveja de outros competidores, o primeiro amor, dentre outras descrições acerca da vida do protagonista. A obra se consolida como um vento de frescor em meio ao calor, a escrita de Éric narra não apenas uma história de um surfista, mas também todo seu empenho em viver seu sonho e todos os flashs de felicidade que o tomavam pela expectativa de viver de seu sonho. Uma obra deliciosamente refrescante para os leitores aficionados por um ar puro em meio ao caos das metrópoles. 


Análise de Livro
Capa do Livro

Avliação geral

Surfista Carioca é um livro de contos ficítios que poderia facilmente falar sobre a vida de um garoto carioca qualquer. O autor transmite em seu seio uma série de descrições poéticas sobre as praias, ondas e sobre a ansiedade por mais uma onda. Gabriel é resiliente, forte e sonhador, sua busca é implacável, assim como seus desejos. O trabalho gráfico elaborado pela Sophia Editora torna o livro ainda mais mágico, nota-se que houve um cuidado com toda diagramação e com a finalização da obra. Certamente, esta obra é uma onda de frescor nos tempos calorosos que enfrentamos.

Comentários

[RESENHA #623] Somos feitos de história, de Luisa Aguiar

Somos feitos de história é um livro de crônicas em forma de diário que abarcam o início da pandemia em 17 de março de  2020 e se finaliza em janeiro de 2022, escrito pela professora e oftalmologista carioca Luisa Aguiar, publicado no Brasil através da editora Autografia, a obra consta com 291 páginas. 


O título e a capa da obra descrevem o conteúdo. Podemos observar a capa com uma imagem de uma montanha gigante com uma persona em seu topo. A imagem representa a pequenez da existência humana perante os acontecimentos e o universo, como grãos de areia no meio do deserto, que pode ser um forte simbolismo de que somos frágeis perante ao universo e aos acontecimentos do cotidiano. O título, uma alusão ao processo dessa caminhada através da montanha [vida] e de todo processo de aquisição de identidade e força através dos obstáculos, que, por muitas das vezes, mostram-se maiores do que nós. Mas como poderemos observar, não somente na constância da história em curso do real cotidiano, ma também na obra, uma constante superação em um dia após o outro em anos turbulentos e carregados de dor e medo se fazem presente.

A obra de Luisa é uma grande sacada. Sua iniciativa me lembrou a obra 2022, o ano em que o mundo parou, do projeto apparere, do qual tive a honra de fazer parte. Em ambas as obras, poderemos observar que, assim como em todos os lares, com Luisa e seus filhos, não foi diferente. O medo do desconhecido, as inúmeras mortes que acometeram o Brasil, os leitos de hospitais superlotados, os cemitérios repletos de covas semiabertas para o funeral daqueles que ainda estavam em vida, porém, na zona de risco, puseram-nos a pensar na finitude da vida, na morte incerta, no medo do tempo de cárcere imposto pela pandemia, e as repletas notícias trágicas, custaram nossa economia e nossa sanidade mental.

No primeiro relato, terça-feira, dia 17, Luisa comenta sobre como esperava e acreditava que o cárcere da pandemia fosse um exagero, ou pelo menos ela gostaria que fosse assim. Ela fechou o consultório de oftalmologia onde trabalhava e ficou em casa observando toda onda de acontecimentos pela tevê e por amigos. O pior medo de todos, talvez, era a insegurança promovida pela pandemia. Um mês ou dois de cárcere? O tempo passava e nada sufocava mais que a incerteza.

Sempre é mais fácil acreditar que o problema está mais distante e que não tem relação com o nosso mundinho. Difícil acreditar que não estamos no controle [...] (pag. 13 -- in terça-feira, dia 17).

No dia 11, quinta-feira, a autora nos consta sobre a triste notícia do falecimento de uma conhecida. Suas palavras não tecem surpresa ou luto, apenas insegurança, que nos é confirmada por sua frase sem pudor: quando é que essa merda vai acabar? Três meses de cárcere, quarentena, privação. É nítido que ela estava exausta psicologicamente, a sequência de notícias sobre mortes e mais mortes era algo rotineiro, com o qual não gostaria de participar.

Me pergunto se ela está entendendo que não pode sair e que não podemos entrar. Nos vemos de longe, raramente. (p. 42 -- in quinta-feira, dia 11).

Fevereiro de 2021, segunda-feira, dia 01. Um amigo próximo perde a mãe para o COVID. Isso faz com que a autora vasculhe suas lembranças e memórias dos momentos antes da pandemia. Os momentos de reflexão acerca da vida começam a mexer profundamente com o emocional da autora, sua vida começa a perder, de certa forma, o sentido, é como se a insegurança fizesse parte de sua rotina.

Penso em mim, que um dia também sentirei saudade do colo da minha mãe e nos meus filhos que sentirão saudades minhas. (p.161 in -- Fevereiro de 2021, dia 01).

A obra também se parece muito com os descritos no diário de Anne Frank, onde a autora, assim como Luisa, descrevem os dias passando vagarosamente, repleta de medos e temores por si e sua família. Em ambas as obras poderemos entender a ótica caótica da vida longe daqueles que amamos e da incapacidade que temos de protegê-los, tudo isso somado ao fato de que não podemos, sequer, fazer algo por nós e por nossa família. Nada é pior do que se sentir exatamente abandonada por suas próprias convicções.

Em síntese, a obra da autora é um emaranhado poético e triste acerca da pandemia, da morte e da vivência diária com o desconhecido. O livro é uma ótima pedida para uma dose reflexiva e poética de nossas vidas e incertezas.

[RESENHA #622] Como fazer amigos e influenciar pessoas, de Dale Carnegie

Arte gráfica / post literal / todos os direitos reservados

APRESENTAÇÃO

DALE CARNEGIE (1888-1955) foi um escritor e palestrante americano. Nascido numa família pobre no Missouri, escreveu livros que marcaram época e que venderam mais de 50 milhões de exemplares em dezenas de idiomas ao redor do mundo.O legado de Carnegie, no entanto, vai além de seus livros: anos antes de publicar Como fazer amigos e influenciar pessoas, ele fundou a Dale Carnegie Training, que ministra cursos de desenvolvimento pessoal, vendas, treinamento corporativo, oratória e habilidades interpessoais. Criada em 1912, hoje é uma organização internacional presente em mais de 90 países.

RESENHA

Arte gráfica / post literal / todos os direitos reservados

Como fazer amigos e influenciar pessoas é um livro de autoajuda escrito pelo autor americano Dale Carnegie no ano de 1936, sendo considerado um dos precursores das relações sociais. O livro estabelece parâmetros que fomentam e estreitam laços na comunicação, sendo considerado uma das obras mais famosas e lidas ao redor do mundo, com incríveis 30 milhões de cópias vendidas. A obra foi publicada no Brasil pela editora sextante.

Dale Carnegie descreve 30 princípios para se tornar uma pessoa mais amigável e influente. Esses princípios incluem:

1. Evite criticar, condenar ou reclamar. Em vez disso, adote uma postura positiva e focada em soluções.

E não adianta criticar, porque isso coloca a pessoa na defensiva e, em geral, faz com que ela tente se justificar. A crítica é perigosa porque fere o precioso orgulho do indivíduo, atinge seu senso de importância e desperta ressentimento.

2. Dê apreciação honesta e sincera. Seja autêntico em suas palavras de reconhecimento, evitando elogios falsos.

3. Desperte um desejo ansioso nas pessoas. Motive e inspire os outros a agirem de acordo com seus objetivos.

4. Seja genuinamente interessado nas outras pessoas. Pratique a escuta ativa e esteja presente durante as conversas.

Precisamos entender que as críticas são como um pombo-correio: sempre voltam para casa.

5. Sorria. Um sorriso é contagiante e cria uma atmosfera positiva.

6. Lembre-se do nome das pessoas. O nome é importante e demonstra atenção e respeito.

7. Seja um bom ouvinte. Incentive os outros a falarem sobre si e pratique a escuta ativa.

8. Fale sobre os interesses da outra pessoa. Encontre pontos em comum para tornar a conversa mais interessante e envolvente.

9. Faça a outra pessoa se sentir importante. Reconheça o valor que ela traz e faça-a sentir-se apreciada.

Mas o livro também aborda outros tópicos divididos em quatro sessões, sendo:

Parte Um: Técnicas Fundamentais para Lidar com Pessoas (3 princípios):

1. Não critique, condene ou reclame.

2. Dê apreciação honesta e sincera.

3. Desperte um desejo ansioso nas outras pessoas.


Parte Dois: Seis Maneiras de Fazer as Pessoas Gostarem de Você (6 princípios):

1. Torne-se genuinamente interessado nas outras pessoas.

2. Sorria.

3. Lembre-se do nome das pessoas.

4. Seja um bom ouvinte.

5. Fale em termos dos interesses da outra pessoa.

6. Faça a outra pessoa se sentir importante.


Parte Três: Como Conquistar as Pessoas para a Sua Maneira de Pensar (12 princípios):

1. Evite discussões.

2. Mostre respeito pelas opiniões dos outros.

3. Seja diplomático ao expressar suas ideias.

4. Comece de maneira amigável.

5. Consiga que a outra pessoa diga "sim" imediatamente.

6. Deixe a outra pessoa falar mais sobre si mesma.

7. Deixe a outra pessoa sentir que a ideia é dela.

8. Tente sinceramente ver as coisas do ponto de vista da outra pessoa.

9. Seja receptivo a mudanças e adaptações.

10. Elogie o progresso e o esforço da outra pessoa.

11. Proporcione à outra pessoa uma reputação positiva para zelar.

12. Estimule os outros a terem uma atitude positiva.


Parte Quatro: Seja um Líder: Como Mudar as Pessoas Sem Ofender ou Despertar Ressentimentos (9 princípios):

1. Comece com elogios e apreciação sincera.

2. Chame a atenção para os erros de maneira indireta.

3. Fale sobre seus próprios erros antes de criticar os outros.

4. Faça perguntas em vez de dar ordens diretas.

5. Deixe a outra pessoa salvar o rosto.

6. Elogie cada melhoria, por menor que seja.

7. Dê à outra pessoa uma reputação nobre a ser alcançada.

8. Incentive a cooperação em vez da competição.

9. Torne a outra pessoa feliz por fazer o que você sugere.

Em síntese, podemos dizer que nenhuma pessoa é mais agradável do que aquela que visa conhecer o outro. Procure falar sobre a outra pessoa, demonstrar interesse no que ela diz, sorria, preste atenção de forma clara e interrupta, realize perguntas e comente casos específicos ou semelhantes aos narrados por ela. Esteja pronto para apreciar, ouvir e questionar as respostas obtidas. Caso seu interesse seja algo além da amizade, como um interesse de negócio, analise o ambiente e o momento ideal para introduzir seus tópicos de forma agradável, seguindo o ritmo da conversa estabelecida, sendo sempre cordial e apto a ouvir, analisar e momento ideal para introduzir um novo tópico, aproveitando assim, o gancho cativado: a atenção. 

Portanto, a única forma de influenciar as pessoas é falar sobre o que elas querem e mostrar como alcançar o que desejam

Porém, é importante estabelecer que, as pessoas que procuram métodos de se comunicar melhor com pessoas via dicas e receitas mágicas, podem incorrer no pecado da mentira. É extremamente chato, para muitos, inclusive, mostrar-se interessado em alguém apenas pelo fato de possuir um interesse por trás da comunicação, o que pode causar a impressão de falsidade ou interesse disfarçado de simpatia. Estabeleça conexões com pessoas que buscam ou possuem o mesmo interesse que os seus, e/ou vise estabelecer uma conversa até chegar em um denominador comum. Ser educado e gentil é o gancho principal de toda boa amizade e comunicação, mas forçar uma conversa para parecer mais legal ou semelhante, é apenas uma tática de se mostrar forçado perante os outros. Não, não estou dizendo que o livro não funciona, ele funciona completamente, pois além de ensinar como se relacionar bem, a obra do autor também fomenta debates interessantes acerca dos vínculos estabelecidos entre as pessoas e seus reais interesses preexistentes ou que poderão surgir naquela ocasião através da divergência de ideias entre dois denominadores negativos.

O AUTOR

DALE CARNEGIE (1888-1955) foi um escritor e palestrante americano. Nascido numa família pobre no Missouri, escreveu livros que marcaram época e que venderam mais de 50 milhões de exemplares em dezenas de idiomas ao redor do mundo.O legado de Carnegie, no entanto, vai além de seus livros: anos antes de publicar Como fazer amigos e influenciar pessoas, ele fundou a Dale Carnegie Training, que ministra cursos de desenvolvimento pessoal, vendas, treinamento corporativo, oratória e habilidades interpessoais. Criada em 1912, hoje é uma organização internacional presente em mais de 90 países.

Lançamento: Erva Brava, de Paulliny Tort



SOBRE O LIVRO

As doze histórias que compõem Erva brava orbitam ao redor de Buriti Pequeno, cidade fictícia incrustada no coração de Goiás. Paisagem rara em nosso repertório literário, o Centro-Oeste brasileiro é palco de embates silenciosos, porém aguerridos, retratados neste livro com sutileza e maestria. Regida pelo compasso da literatura — que se ocupa de levantar perguntas, mais do que oferecer respostas —, a escritora brasiliense Paulliny Tort evidencia o nervo exposto de um país que desafia todas as interpretações.

Estão ali as relações patriarcais como a de Chico e Rita, em “O cabelo das almas”; a monocultura da soja que devasta o cerrado; o clientelismo rural que separa mãe e filha em “Matadouro” e a religiosidade sincrética de Dita, protagonista do conto “O mal no fundo do mar”. O rico encontro entre as culturas indígena e afro-brasileira também está em todas as histórias, as festas populares, como o cortejo de Reis que Neverson acompanha de sua moto em “Titan 125”. E, num conto final que coroa o livro como poucas coletâneas conseguem fazer, está também a revolta implacável da natureza diante da ação predatória do homem em “Rios voadores”.

A precisão e a cadência do texto nos convidam a ler em voz alta a prosa cristalina e imagética de Paulliny Tort. Por trás de uma escrita despretensiosa como os personagens de seus contos, ela revela a ironia necessária para dar conta, sem caricaturas ou preconceitos, de um país cruel e encantador.

TÍTULO
ERVA BRAVA
CAPA
FLÁVIA CASTANHEIRA
PÁGINAS
104
ISBN
978-65-89733-38-6
ISBN DIGITAL
978-65-89733-07-2
DATA DA PUBLICAÇÃO
08/10/2021

Ouça “Má sorte”, conto do livro Erva brava, de Paulliny Tort

Direção: Mika Lins.Edição: Julia Leite.Trilha sonora: Maria Beraldo.

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Lançamento - Tradução da estrada, de Laura Wittner


EM BREVE NAS LIVRARIAS

Tradução da estrada

Tradução da estrada é o primeiro livro da argentina Laura Wittner publicado no Brasil. Poeta e tradutora de mão cheia, Wittner combina essas duas atividades em versos que operam uma apurada reflexão sobre nossa forma de nomear o mundo a partir do cotidiano e dos afetos. Ao viver, pronunciamos as palavras, mas também somos pronunciados por elas.
 
Os poemas de Wittner trazem um tempo singular que é, de certa forma, como o tempo da tradução: lento, reflexivo e que tem o encontro como horizonte. Como “traduzir” a estrada, os percursos, a própria vida? E como ver o doméstico, os gestos simples, o dia a dia com os filhos, as coisas que não percebemos habitualmente?
 
Ao citar o norte-americano William Carlos Williams, de quem se aproxima no gesto de tocar as palavras com precisão, Wittner coloca “as ideias nas coisas”, mas também transforma as coisas com as ideias, gestos, ritmo e andamento preciso e tocante do livro.
 
Se o horizonte de Tradução da estrada é o do encontro, que seus poemas possam tocar leitoras e leitores para que todos sigam juntos pela estrada, em busca do que mais importa.


TÍTULO | TRADUÇÃO DA ESTRADA


TÍTULO ORIGINAL | TRADUCCIÓN DE LA RUTA


AUTORA | LAURA WITTNER


TRADUTORAS | ESTELA ROSA E LUCIANA DI LEONE


FORMATO | 13,5 X 20 CM


PÁGINAS | 80


ISBN | 978-65-84574-85-4


R$ 59,90 | R$ 39,90 (E-BOOK)


ENVIO PARA ASSINANTES | JULHO


LANÇAMENTO NAS LIVRARIAS | 1/8/2023


QUEM ESCREVE


Laura Wittner nasceu em Buenos Aires, em 1967. É autora, entre outros, de Lugares donde una no está [poemas 1996-2016] (2017) e Se vive y se traduce (2021), longo ensaio sobre tradução, além de livros infantis. Traduziu autores como Katherine Mansfield, James Schuyler e Leonard Cohen. Tradução da estrada é seu primeiro livro publicado no Brasil.

Balanço afiado: estética e política em Jorge Ben

 



LANÇAMENTO DE AGOSTO

Balanço afiado: estética e política em Jorge Ben

Marcado pelo hibridismo formal e temático, Balanço afiado: estética e política em Jorge Ben é uma conversa cheia de ginga em que Allan Da Rosa e Deivison Faustino (Nkosi) constroem uma reflexão sofisticada sobre música, relações raciais, sociabilidades e masculinidades negras a partir da obra do mestre Jorge Ben, utilizando o que chamam de filosofia maloqueira.

A diversidade dos temas cingidos pelas composições de Jorge Ben e a desenvoltura com a qual Da Rosa e Faustino transitam entre eles são, a um só tempo, herança e práxis do pensamento negro de vanguarda. Essa profundidade só poderia ser lida a partir de uma linguagem que convida o leitor a participar, junto com os autores, de uma conversa entre amigos, seja no WhatsApp, numa ligação telefônica ou numa mesa de bar. Assim como na obra de Ben, o elevado e o mais simples estão comungados.

Jorge Ben é um catalisador dos elementos da alquimia que forma a música brasileira e, com um trabalho singular, que escapa da estrutura de notação musical ocidental — fato exemplificado em Balanço afiado por meio das partituras, ou melhor, chulas, magistralmente dissecadas pelo maestro Allan Abbadia —, une-se à beleza das andanças que Da Rosa e Faustino, ora como autores, ora como personagens, realizam entre partidas de futebol de várzea, a festa carioca em devoção a São Jorge, salas de aula das universidades e grandes rodas da intelectualidade negra brasileira.

Além dos pontos de encontro, Da Rosa e Faustino trabalham habilmente os contrapontos da recepção de Jorge Ben, discutindo os meandros entre segregação e intimidade que estão na base do racismo à brasileira. Com texto de orelha de KL Jay, posfácio de Edimilson de Almeida Pereira e a parceria inédita entre as editoras Fósforo e Perspectiva, a pluralidade e, ao mesmo tempo, as encruzilhadas de ideias e práticas contidas no livro se elevam para contestar as fronteiras modernas entre estética e política. 

TÍTULO | BALANÇO AFIADO: ESTÉTICA E POLÍTICA EM JORGE BEN


AUTORES | ALLAN DA ROSA E DEIVISON FAUSTINO


PARTITURA | ALLAN ABBADIA


POSFÁCIO | EDMILSON DE ALMEIDA PEREIRA


CAPA | ALLES BLAU


IMAGEM DE CAPA | MANUELA NAVAS


FORMATO | 13,5 X 20 CM


PÁGINAS | 288


PAPEL | PÓLEN NATURAL 80 G


ISBN FÓSFORO | 978-65-84568-95-2


R$ 89,90 | R$ 59,90 (E-BOOK)


ENVIO PARA ASSINANTES | SETEMBRO


QUEM ESCREVE


Allan Da Rosa é angoleiro e historiador. Mestre e doutor em Imaginário, Cultura e Educação pela USP. É autor de Ninhos e revides: estéticas e fundamentoslábias e jogo de corpo (Nós, 2022), Águas de homens pretos: imaginário, cisma e cotidiano ancestral em São Paulo (Veneta, 2021), Pedagoginga, autonomia e mocambagem (Jandaíra, 2019), Zumbi assombra quem? (Nós, 2017) e Reza de mãe (Nós, 2016).

Deivison Faustino, também conhecido como Deivison Nkosi, é estudioso malokeiro, sociólogo e professor da Unifesp e do Instituto Amma Psique e Negritude. É autor de Colonialismo digital (Boitempo, 2023), Frantz Fanon e as encruzilhadas (Ubu, 2022) e Frantz Fanon: um revolucionário, particularmente negro (Ciclo Contínuo, 2018).

Lançamento - Sobre a certeza, de Wittgenstein



Sobre a certeza

No longo processo em que Wittgenstein se ocupa de algumas de nossas certezas mais banais — “Eu sei qual é o meu nome”, “Existem objetos físicos” —, nós o vemos chegar a um espantoso resultado: a expressão linguística dessas certezas inevitavelmente nos traiá. No exato momento em que julgamos manifestar as verdades mais triviais, nossa linguagem demonstra sua precariedade e simplesmente falha. Mas isso não significa, insiste o filósofo, que deveríamos suspeitar de tais certezas. Significa apenas que nossa confiança deve repousar não na linguagem (em nossa expressão da certeza), mas em nossa ação (no que fazemos ao agir com certeza).

“No princípio era o ato.” Nesse verso, que Wittgenstein empresta de Goethe, manifesta-se talvez o leitmotiv deste livro. O que ele nos diz é que qualquer tentativa de apontar para os fundamentos de nossas certezas terá que ir além da linguagem. Não na direção de algum tipo de transcendência; tampouco na direção de qualquer esfera que se possa chamar de conceitual. Antes, há um mistério que teremos de resgatar daquele verso do Fausto: até mesmo o que nos parece mais evidente, até mesmo o que nos parece pura e simplesmente lógico, só pode revelar-se em nossa ação — no modo contingente e humanamente instável como agimos.

Que o leitor não se deixe enganar pela simplicidade desse resultado. A partir dele, Wittgenstein oferece respostas profundas a alguns dos mais sérios (e antigos) desafios de céticos e realistas. Ao reavaliar o papel que a certeza desempenha em nossos jogos de linguagem, o grande filósofo reformula, com surpreendente originalidade, uma de suas intuições mais fecundas, que o acompanha desde seus primeiros escritos. Em um embate de dois anos consigo mesmo, registrado em anotações que se estendem até a véspera de sua morte, ele nos leva a ver por um novo ângulo o caráter a um só tempo evidente e indizível de nossas certezas fundamentais.

TÍTULO | SOBRE A CERTEZA


TÍTULO ORIGINAL | ÜBER GEWIßHEIT


AUTOR | LUDWIG WITTGENSTEIN


TRADUÇÃO, ORGANIZAÇÃO, APRESENTAÇÃO E VOCABULÁRIO CRÍTICO | GIOVANE RODRIGUES E TIAGO TRANJAN


POSFÁCIO | PAULO ESTRELLA FARIA


CAPA | ALLES BLAU


FORMATO | 13,5 X 20 CM


PÁGINAS | 328


ISBN | 978-65-84568-94-5


ISBNE-BOOK | 978-65-84568-68-6


R$ 89,90 | R$ 59,90 (E-BOOK)


LANÇAMENTO NAS LIVRARIAS | 14.9.2023

LANÇAMENTO DE SETEMBRO

Lançamento: Exterminem todos os malditos, de Sven Lindqvist



LANÇAMENTO DE SETEMBRO

Exterminem todos os malditos

Na novela clássica de Joseph Conrad, Coração das trevas, o capitão inglês Marlow é enviado ao interior do continente africano para resgatar o mercador Kurtz durante o auge do imperialismo britânico. Personagem do cânone ocidental, é Kurtz quem pronuncia uma das frases mais famosas da literatura inglesa: “o horror, o horror”. É dele também o imperativo que serve como ponto de partida a este livro: “Exterminem todos os brutos!”, a mais precisa tradução da forma como a população local foi tratada pelos invasores.

Em 1992, o historiador e escritor sueco Sven Lindqvist embarca em uma viagem à África Central e escreve esta crítica anticolonial europeia. Misto de análise literária, diário de viagem e investigação histórica baseada em fontes primárias, trata-se de um verdadeiro mapeamento geográfico-cultural que implode gêneros e noções pré-concebidas. Nele, Lindqvist propõe a tese de que há uma relação direta e íntima entre a violência colonial contra os povos africanos e o genocídio perpetrado no continente europeu contra os judeus e outras minorias.

Para construir esse raciocínio, o autor explora as raízes e consequências nefastas do colonialismo, sobretudo a dominação belga no Congo, que chegou ao cúmulo de pertencer à pessoa física do rei Leopoldo, mas também os projetos imperialistas na Tanzânia, Níger, Ruanda, Burundi e outros territórios. O autor mostra como se gestou uma pseudociência a partir da ideia de superioridade racial que justificava a exploração, a escravização e o extermínio em massa de pessoas negras. E se hoje é senso comum que a branquitude europeia inventou o racismo, o autor frisa que isso não é suficiente: “Não é conhecimento o que nos falta. O que nos falta é a coragem de olhar para aquilo que sabemos e tirar conclusões”.

Mais de trinta anos após sua publicação, a leitura de Exterminem todos os malditos ­— que foi adaptado em minissérie homônima pela HBO — continua urgente por apontar com clareza que as feridas do passado ainda ardem no presente, e que a injustiça histórica continua a afetar as relações entre os países e povos, bem como o tratamento que alguns recebem em razão de sua origem étnica.


TÍTULO | EXTERMINEM TODOS OS MALDITOS: UMA VIAGEM A CORAÇÃO DAS TREVAS E À ORIGEM DO GENOCÍDIO EUROPEU


TÍTULO ORIGINAL | UTROTA VARENDA JÄVEL


AUTOR | SVEN LINDQVIST


TRADUÇÃO | GUILHERME DA SILVA BRAGA


PREFÁCIO | ATHENA FARROKHZAD


CAPA | RAFAELA RANZANI


FORMATO | 13,5 X 20 CM


PÁGINAS | 248


PREÇO | R$ 89,90


DATA DE LIVRARIA | 26.9.2023



QUEM ESCREVE


Sven Lindqvist foi doutor em história da literatura pela Universidade de Estocolmo, doutor honoris causa pela Universidade de Uppsala e obteve um magistério honorário do governo sueco. Escreveu mais de trinta livros, a maioria sobre imperialismo europeu, colonialismo, genocídio e guerras. Seguindo o estilo aforístico de Nietzsche, desenvolveu uma forma literária que combina o pessoal com o político, misturando investigação histórica, viagens e reportagens literárias. 

[RESENHA #619] O despertar da consciência cósmica - o Deus adormecido, de Tasso de Abreu


APRESENTAÇÃO

''O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA CÓSMICA — O DEUS ADORMECIDO'' — tem por objetivo apontar a relação atitudes x abusos x credulidade. Visto que algumas vezes a pessoa, por comodismo ou por desatenção, submete-se a pitorescas situações, que nenhum mal haveria, não fosse o fato de esses deslizes fomentarem a ganância daqueles que, em sua soberba, aproveitam de inocentes.

Esta obra questiona fatos, mantendo, porém, o respeito ao direito de escolha de cada um. A fé é um suplemento| necessário ao homem, portanto, acreditar não se nivela a excluir-se, entregando sua jornada e competência a outro de igual necessidade. Aquele que crê, acredita primeiro em si, em sua capacidade, em sua competência, em seu valor. Daí, as demais coisas lhe serão acrescentadas. Cada ser é um milagre, e as escolhas de cada um determinarão suas conquistas.

RESENHA

O despertar da consciência cósmica é um livro de ficção escrito pelo autor Tasso de Abreu. O livro é uma pesquisa pessoal do autor acerca do processo (ou ausência dele) de pensamento crítico de cada indivíduo acerca dos dogmas e dos paradigmas das religiões.

Antes de iniciarmos uma análise acerca da obra, primeiramente, faz-se necessário analisar o contexto do chamado despertar da consciência. O despertar da consciência é um termo que se refere ao processo de se tornar consciente (durante atos e processos de reflexão e pensamento) de si, de suas emoções, pensamentos, padrões de comportamento e do mundo ao seu redor. É um momento de autodescoberta e questionamento, no qual a pessoa começa a refletir sobre sua existência, propósito de vida, valores e crenças.

Esse despertar pode ser desencadeado por diferentes experiências, como eventos traumáticos, encontros significativos, práticas espirituais, estudos filosóficos ou simplesmente uma busca interna por significado e sentido. À medida que a pessoa se torna mais consciente, ela pode começar a questionar as narrativas e condicionamentos sociais, buscando um maior alinhamento com seus valores e uma compreensão mais profunda de si mesma e do mundo.

O despertar da consciência é um processo individual e contínuo, pois estamos sempre em evolução e aprendizado. Pode trazer uma sensação de liberdade, autenticidade e conexão com algo maior, além de uma maior responsabilidade em relação às escolhas e ações. No entanto, também pode ser desafiador, pois pode envolver confrontar medos, enfrentar a desconstrução de crenças antigas e lidar com a incerteza.

A síntese principal do livro deu-se por intermédio de uma série de acontecimentos na vida do autor, o que o colocou a se questionar acerca do porquê das coisas serem como são e os motivos que tornam a vida como ela é. Suas reflexões iniciaram-se buscando o entendimento mais assertivo acerca da vida cotidiana, das decisões, e claro da religião e de todos os dogmas estabelecidos por ela. Observa-se que o autor procura a todo instante estabelecer linhas de raciocínio lógico (falhas) na religião com o mundo contemporâneo, procurando analisar claramente a relação pobreza x fracasso x tristeza e religião.

A tese central da obra é uma crítica ao modo com o qual se desenvolvem as religiões, seus pensamentos arraigados em preceitos estabelecidos em suas observações com o decorrer dos anos. O autor defende a ideia de que a religião, como estabelecida na atualidade, é apenas uma forma de pensamento e comportamento arcaica e fundamentada, de pouca lógica ou raciocínio, tornando o ato de crer apenas algo genético, não racional e intuitivo. Desta forma, acreditamos em algo sem questionar ou hesitar, pois assim nos foi apresentado, não nos atendo aos detalhes que norteiam os ritos religiosos ou sua existência como fomentador de idealizações passadas e retrógradas ao pensamento geral e comum.

Para elucidar suas provocações, o autor faz recortes temporais de passagens da bíblia, pouco elaborados acerca da existência da necessidade de pensamento, observadas a seguir:

O próprio Jesus, entidade fundamental do cristianismo, líder idolatrado de uma infindável série de denominações religiosas, já teria afirmado, de acordo com o evangelho de Tomé, o “ver para crer”: “Quem não conhece a si, não conhece nada; mas quem se conheceu, veio a conhecer, simultaneamente, a profundidade de todas as coisas” (pág. 24).

E mais:

E, ainda, no Evangelho apócrifo de Tomé, encontramos: “O reino de Deus está dentro de vós e também em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, sereis conhecidos e compreendereis que sois o filho do Pai Vivo. Mas se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis a pobreza” (pág. 24).

Em síntese, o autor visa reafirmar a necessidade de que o leitor deva buscar respostas a fim de se conhecer profundamente, como estabelece a necessidade descrita pela própria bíblia.

O propósito do livro é dividido em duas partes, que, como propõe o autor: a primeira parte discute de forma maçante e nada convincente as dúvidas e provocações do homem em relação à vida e a morte, chamado "a era das dúvidas". A segunda parte, uma análise empírica e pouco elaborada e fora dos eixos e do foco central, o autor desenha agressivamente o descortinamento do véu que separa o universo dos homens e de Deus, o grande fomentador de rivalidades, medos, guerras e angústias, que, de certa forma, provocam no homem mais crenças e pensamentos pouco fundamentados na razão. A ideia que se passa é que não, este não é um livro sobre como pensar claramente fora dos eixos da religião, o que me pareceu muito mais um livro contra a figura do Deus cristão, pelo fato de que, o autor se atém unicamente em citar passagens da bíblia, mas não de outros livros, e todas as suas dúvidas e questionamentos fundamentam-se unicamente no universo da religião cristã, bem como suas citações demasiadamente cansativas da bíblia, ou seja, uma perda de foco totalmente exaustiva e que torna a leitura extremamente cansativa e maçante.

Para comprovar o uso exagerado de passagens da bíblia, ainda que o autor se atenha em dizer religião, e não religião cristã, como sua própria obra trata, poderemos observar passagens da bíblia nas páginas 55, 56, 80, 85, 86, 105, 113, 114, 115 e demais páginas, há pelo menos dez citações em cada capítulo da obra.

Talvez o livro possa ser reescrito por alguém que, de fato, tenha algo interessante a dizer sobre a real necessidade do pensamento e da lógica humana para fugir de todos os preceitos estabelecidos na sociedade com mais foco, estudo, lógica e com menos recursos exagerados no uso de sinônimos falhos e antíteses fracas para fomentar seus pensamentos. Ou, devo dizer, que o autor reescreva esta obra em uma nova edição com um título mais interessante, visto que seu foco foi menos pensamento e mais religião cristã. No mais, uma obra interessante durante os momentos de ócio.  

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