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Resenha: O homem que explodiu o presidente, de Thiago Barrozo

Foto: Arte digital

APRESENTAÇÃO

Um ex-professor, ex-alcoólatra, ex-pai de família.Um homem atormentado pelo passado encontra num bilhete de loteria premiado a oportunidade de vingança que sempre almejou. Seu algoz? Ninguém menos que o Presidente da República. Uma jornada arriscada onde uma prostituta suicida, um amigo sem memória, um advogado assassino e um traficante vaidoso embaralham os conceitos de certo e errado; onde a morte não é a última das consequências, mas, sim, o início de um longo caminho. Afinal, como bem disse Shakespeare, é a tentativa, e não o ato, o que nos aniquila.


RESENHA

A obra o homem que explodiu o presidente é uma obra de ficção escrita por Thiago Barroso, publicado pela editora flyve. O enredo se inicia com um enunciado provocante, sobre como o personagem, Otelo, matou o presidente e a si próprio usando explosivos, ele documentou tudo de forma antecipada em fitas de audio documentadas em um estojo de alumínio dentro da gaveta de uma mesa.


Bom, se você está ouvindo esta gravação é porque encontrou as fitas no estojo de alumínio dentro da gaveta da mesa. Elas estão numeradas e é melhor escutá-las na sequência. Você pode ouvir fora de ordem se quiser, mas garanto que vai ser mais difícil desse jeito.


Otelo narra que sua jornada começou após ter ido comprar uma roupa de presente para o aniversário de seu amigo, Celembra, no brechó de Maria Flor, onde, por coincidência, encontrou um bilhete premiado da mega-sena e um cartão com um número rabiscado. 


Se tivesse escolhido o outro botão, jamais encontraria o comprovante da Mega-Sena. Nem o com-provante, nem o cartão com um número de telefone rabiscado à mão.


Otelo esconde um passado acerca de um acidente que ocorrera consigo, sobretudo, com seu amigo Celembra, que sofreu com um linchamento que o fez desenvolver uma amnésia retrógrada.


Hoje ele é uma espécie de irmão mais novo pra mim, mas houve um tempo em que ele entendia das coisas. Um tempo em que o Pátio do Colégio era nossa casa e ninguém me chamava de Otelo, Eu era simplesmente "o Novato". Você nunca esquece a primeira noite na rua. O frio da madrugada, o movimento das sombras, a superfície áspera da calçada. Leva um tempo até você fechar os olhos e conseguir relaxar. Um tempo ou uma garrafa de Corote - o que seu corpo absorver primeiro.


Após confirmar os números do bilhete, Otelo, decide procurar pelo dono da camisa para descobrir quem era o ganhador do bilhete premiado, porém, Dona Flor não conhecia o proprietário doador da camiseta, o que o fez tomar partido e ligar para o número que estava junto ao bilhete. Quem atendeu ao número foi Vivian, uma mulher grávida com pensamentos suicidas que estava em um envolvimento com Robson, o dono do bilhete, que, não por coincidência, estava desaparecido desde sua viagem à Itália. Vivian vivia escondida a mando de Robson para se proteger dos inimigos que ele fez, sobretudo, de um homem chamado Salvatore. Otelo então decide reencontrá-la outras vezes até levá-la em uma das suas visitas para casa de Dona Flor, dizendo-a ser sua prima.


Em uma noite, Dona Flor e Otelo assistem ao fantástico e veem uma notícia acerca da morte de Robson no exterior, onde Vivian deseja a morte de Salvatore. Otelo e Salvatore não se conheciam de fato, eles apenas se envolveram em um acidente de trânsito, onde ele e o até então, senador, Fernando Messias Cardoso, que dirigia sozinho um Pajero blindado preto quando bateu contra o Ford Ka vermelho de Otelo após ser flagrado dirigindo bêbado. O acidente ocasionou em Otelo ferimentos graves na cabeça, mas não em punições para o senador, levando em consideração que ele teve Salvatore como seu advogado na defesa, o que o fez sair ileso. Este acontecimento foi o primeiro ponto para Otelo desejar a morte de Fernando Messias Cardoso, pelo menos até o segundo momento em que Robson fora morto, deixando Vivian desamparada e grávida.


Após todos estes acontecimentos, ocorre na história outros desdobramentos que fazem a narrativa ganhar forma visceral. A forma como o autor trabalhou o desejo de vingança, de Otelo, seu passado, a história de Robson e Vivian, a relação de afeto e cumplicidade de Celembra, Dona Flor, Bira e o Francês são pontos fortes na narrativa, eles são responsáveis por amenizar os acontecimentos e desenhar contornos entre os conflitos, o que torna a história mais palpável, mais próxima da realidade. O mais impressionante no enredo é, que, saber que Otelo mata o presidente nas primeiras páginas e a arma do crime, não influenciam em nada na história, apenas torna-a melhor, alimentando a curiosidade do leitor em desbravar cada uma das fitas para entender todos os percursos de Otelo até a consumação. Uma história instigante e cativante, difícil não ler.

[RESENHA #982] Norton, de T.R. Sacoman

Norton é um garoto que, como toda criança nascida no início da década de 1980, gosta de jogar bola na rua com os colegas, subir nas árvores da praça e olhar as estrelas, mas que vê sua vida mudar quando, aos sete anos, ouve seu avô chamá-lo de “mariquinhas”.

Entre a descoberta do significado dessa palavra e o entendimento de seus sentimentos, Norton travará uma luta contra quem ele realmente é. Na tentativa de atender às expectativas de sua família, irá magoar a si e aos amigos mais próximos, até descobrir o verdadeiro amor.

Uma história emocionante de descobertas e de busca por identidade numa época em que ser diferente era arriscar a própria existência. Mas o que é a vida senão um grande risco?


RESENHA


Norton é um livro interessante em sua premissa, mas, que, infelizmente, não se destaca muito dos outros livros do mesmo gênero. O autor busca em seu livro com 396 páginas desenvolver a caminhada da história de Norton, desde a descoberta de sua sexualidade até a chama do primeiro amor. Norton mora com seus pais, ele é descrito um garotinho meigo e atencioso, o que acaba provocando em sua mãe pensamentos de que, talvez, seja necessário fazer algo a respeito, uma vez, que, ele precisava ser influenciado por hábitos de homens, dentre outras coisas que estamos habituados à ouvir em relação à descoberta da sexualidade. O comportamento da mãe rente ao filho desperta comentários na família que se torna ainda mais incomodada com o filho pelas diversas conversas que pairam no ar sobre o fato de Norton andar rodeado de garotas e gostar de fofocar, como diz sua mãe. O pai de Norton é o típico pai que não quer acreditar em nada do que estão espalhando, então, desta forma,  ele busca inserir o garoto em seu dia-a-dia para apresentar à ele o universo masculino com mais afinco, como leva-lo para assistir um jogo de futebol em sua companhia, o que faz Norton querer entrar em um time de basquete, uma vez, que, seu pai acha, que, de alguma forma, seria um esporte de homem.


Deixando um pouco de lado a vida de Norton com a família, do outro lado, temos a vida escolar de Norton que é rodeada de preconceito, chacotas e abusos. Norton possui algumas amigas com nomes peculiares: a Rê, a Lu, e a outra Lu, Lu R. A partir deste ponto, o autor trabalha a proximidade entre os personagens e os encontros fomentados pela sexualidade entre Norton e seu primo Caio. Caio é descrito como uma figura masculina respeitada pela mãe de Norton, por sempre estar acompanhado de uma garota diferente. Caio é enrustido, e abusa de Norton em diversos momentos da narrativa. Norton chora em todos os encontros, mas, pasmem, ele acaba gostando (uma narrativa problemática que levanta questões e debates acerca da existência de que, talvez, ele só seja gay por ter sido, em síntese, fruto de abuso).


Norton estava com raiva. E nojo. Caio havia abaixado suas calças, deixando seu pau à mostra. Ereto. Duro. [...]

- Não precisa chorar. É só um beijinho! Além disso, eu disse que faríamos coisas de homem. Homens brincam com outros homens, só não beijam na boca. Eu e seu irmão brincamos sempre.

Caio colocou as mãos dentro das calças de Norton. Palpou-lhe. Lágrimas corriam pelo seu rosto. Caio ria. Parecia estar se divertindo com a situação. Mais do que isso, parecia gostar do que estava fazendo.

- Vamos, faz em mim também. Vamos fazer juntos.

Norton obedeceu. Apesar do medo que sentia de ser pego e do ódio que nutria por Caio, a sensação do toque da mão do primo era agradável. [...] Norton sentiu, pela primeira vez, a sensação do gozo. Era bom.


Após este encontro, a insistência de Caio e de uma de suas amigas, Rê, em ficar com Norton são latentes e nojentas. Ela sabe que ele é gay, mas suas insistência doentia em querer-lhe é algo extremamente estranho, sobretudo, se levarmos em consideração de que eram amigos de longa data. Caio, primo, namorava e insistia freneticamente usando o discurso de amar Norton para possuí-lo novamente. A narrativa segue acrescentando novos personagens, novos garotos, novos romances, e novos relacionamentos que se desfazem por conta de segredos, intrigas e revelações. Caio chega defender Norton de um outro rapaz, Fernando, de uma nova tentativa de abuso, sob a justificativa, claro, de amor.


O autor também realiza a introdução de uma outra figura na narrativa, Hugo. Norton o conhece no time de basquete e eles desenvolvem uma química, que em suma, é interessante, eu diria que é o melhor ponto da narrativa de toda obra. Hugo namora uma moça de nome Lívia. Apesar do bullying sofrido por Hugo, a narrativa ganha forma com a evolução das conversas e da forma como o autor construiu a revelação da sexualidade de Hugo. A obra se finaliza com um final que deixa possibilidades para uma continuação. Espero eu, que, nesta nova obra, o autor trabalhe um relacionamento mais maduro e menos repleto de tantos tabus relacionados ao meio gay. A questão da família de Norton também é muito bem elaborada e toda ausência de apoio da família é apenas um quadro frequente do que a maioria dos gays passam em casa ao se revelarem ou demonstrarem diferentes dos outros garotos.



Ah, e a diagramação da obra está impecável. 
 Adquira o livro no site oficial da editora Flyve: https://flyve.com.br/387/norton

[RESENHA #974] Sinto muito por não sentir mais nada, de Tutu Machado

Foto: Arte Digital / Canva / Direitos Reservados

Começar pelo fim pode ser errado, mas também conceitual. Pode ser esquisito, mas também necessário. Pode ser sobre o que já foi, mas também sobre o que é hoje. Partindo de um término abrupto, o poeta recolhe seus cacos e remonta o espelho como quer. Pode ser doído, mas é seu remédio. Em sinto muito por não sentir mais nada, o autor tenta dar sentido ao sentimento (e à falta dele). O jeito que encontrou para amenizar a dor do término de um relacionamento longevo foi escrever enquanto acompanhava a evolução do próprio luto. O que não virou lágrima, virou poesia; e hoje é livro. Hoje é livre. Quem já passou por baixo do rolo compressor que é um “adeus” vai entender tudo nestas páginas. Nelas, o final é triste e feliz — primeiro um, depois o outro.


RESENHA



Em "Desculpe por não sentir mais nada", Tutu Machado nos convida a mergulhar em uma obra que começa pelo fim, desafiando as convenções e nos levando por uma experiência conceitualmente enriquecedora. Pode parecer estranho, talvez até necessário, mas o autor tece suas palavras de forma a construir uma narrativa que nos leva a refletir sobre o que já foi e o que é hoje.

Partindo de um término abrupto, o poeta recolhe os cacos de seu coração partido e reinventa a si mesmo através da escrita. Enquanto acompanha a evolução de seu próprio luto, Machado busca dar sentido ao sentimento e à sua ausência. Através das palavras, ele transforma a dor em remédio, fazendo com que aquilo que não se converteu em lágrima se torne poesia. Assim, o livro nasce, livre como uma ave em pleno voo.

Nestas páginas, o autor nos convida a uma jornada íntima que toca a alma daqueles que já passaram pelo rolo compressor de um "adeus". Com uma mistura única de tristeza e felicidade, Tutu Machado nos conduz por caminhos complexos do coração humano. Suas palavras transbordam de emoção e verdade, levando-nos a compreender profundamente essa experiência universal.

"Desculpe por não sentir mais nada" é mais do que uma obra poética, é um convite à reflexão sobre o amor e as despedidas em uma relação que se findou abruptamente. É uma ode à superação, à resiliência e à capacidade do ser humano de transformar dor em arte. Neste livro, encontraremos palavras que nos desafiarão a encarar nossas próprias dores, a ressignificar nossos términos e, quem sabe, encontrar a liberdade que tanto buscamos. Embarque nessa jornada poética e deixe-se levar pelas profundezas do sentimento e pela força transformadora das palavras de Tutu Machado. "Desculpe por não sentir mais nada" é um lembrete poético de que, mesmo nas maiores despedidas, sempre há uma possibilidade de renascimento.

A obra começa com uma dedicatória ao próprio autor, o que revela que, talvez, a obra tenha sendo escrita durante um período tortuoso de sua vida em um término de um relacionamento paulatinamente frequente e constante. A obra segue com pedidos de desculpa sinto muito por não ser(mos) mais nada, o que revela que, ainda que despedaçado, o autor nos convida à entender a ótica da perda entre dois indivíduos que estão, em igual, sofrendo pela despedida do findar de uma relação.


O autor segue sua poética analisando os motivos pelos quais o término ocorreu:


tentar te mudar foi errado
me mando; você é quem manda
e pra me mudar tô ferrado


Uma forma de ilustrar que as circunstâncias da relação estavam em seu êxtase profundo, onde ambos não se conectavam como antes. No verso 'tentar te mudar foi errado', o autor nos revela que encontrou impedimentos ao deparar-se com uma pessoa completamente oposta ao que se esperava. A narrativa ainda sugere que ambos eram resilientes em dar o braço a torcer pelo outro em 'você é quem manda', revelando assim, que ambos estavam dispostos à mudar o outro, não a si próprio, porém, o verso segue em 'e para me mudar tô ferrado',  revelando que, ambos possuíam problemas e estavam desconexos em não buscar dentro de si motivos que causaram a ruptura no racionamento e a vontade interna de não se mudar pelo outro por não haver reciprocidade.


eu já não conheço mais ninguém
e quem me conhece já sabe
só quero reconhecer alguém
que me lote do que me cabe


Os versos acima revelam que o autor sente-se desconhecido por si de forma profunda, ao afirmar não conhecer mais ninguém, o autor também revela sua dificuldade em entender os outros e as mudanças existentes nas pessoas, mas segue dizendo 'quem me conhece já sabe', revelando, que, todos o conhecem de forma interna para saber como ele funcionava, mas e a si próprio? 'só quero reconhecer alguém', é uma forma de tentar descobrir em palavras e ações de forma automática o que o outro tem a oferecer fazendo-lhe o parceiro que lhe falta. Mas, ainda assim, o eu lírico do poema revela uma dificuldade constante em esquecer o parceiro, o que significa que o relacionamento foi dotado de uma profundidade conexa e firme, mas também rasa e temporária, revelado nos versos 'e se quiser voltar', deixando as expectativas de uma mudança futura em aberto.

Seguindo a poética, ao autor descreve:


mudança forçada
triângulo das permutas
para trocar de endereço
sem pagar multa
sem pagar muito


O eu lírico do poema expressa sua infelicidade em perceber que a relação tornou-se apenas uma série de permutas, onde ambos só se davam por vencidos em prol de uma mudança no outro, não sendo assim, uma relação de cumplicidade, mas de barganha, tornando o relacionamento monótono e problemático. Ao declarar 'para trocar de endereço', o autor refere-se ao sentimentalismo e a forma como ele enxergava a si próprio, em outras palavras, mudar quem se é para agradar o outro, algo que como ele menciona nos próximos versos sem pagar multa/sem pagar muito é estranhamente complicado.


[RESENHA #683] Humano, de Yan V.S. Machado

Arte gráfica / Este livro merece estar em um quadro, para que todos possam ver sua beleza.

APRESENTAÇÃO

Milênios atrás, os gregos avisaram: “Conhece-te a ti mesmo”. Mas duvido que alguém consiga ir até as profundezas de si e voltar para contar a história. Nós somos o grande mistério, escondendo nossas faces de nós mesmos e dos outros. Fingimos saber quem fomos, somos e podemos ser a cada minuto do dia, porém basta parar e refletir um pouco, e logo não queremos pensar mais. Talvez não exista nada a temer mais do que espelhos. Os reflexos que estão fora e, principalmente, os que estão dentro de nós. Somos fortes e fracos, tão complexos, mas tão simples. Rimos, choramos, nos apaixonamos com a mesma facilidade com que quebramos. No fim, somos humanos, e isso basta para dormirmos a noite, mesmo quando descobrimos que os monstros não estão embaixo, e sim em cima das camas. Não tenho ideia de como você lerá esses versos, se vão te fazer companhia em uma noite fria ou no calor de um ônibus lotado. Não sei se te tocarão com o mesmo significado que tinham quando brotaram de mim, porém não é essa a mágica da coisa? 

RESENHA

Humano, palavras lapidam pedaços de nós é uma obra de Yan Victor Silva Machado, também sua primeira obra. Publicado pela Alma, selo de poesia da editora Flyve, a obra tem como foco a análise da psiquê humana por meio da poesia. A obra se divide em quatro partes, que somam entre si uma unidade de sentido. O recurso psicológico adotado nas palavras do autor é reflexo do percurso metodológico do curso de psicologia que ele cursa.

Como descrito na apresentação da obra, este livro é uma busca pelo reconhecimento e conhecimento do eu interior. As poesias giram em torno dos mistérios que envolvem a tomada de decisão humana, bem como os caminhos obscuros e os percursos adotados perante a vida. A obra também analisará de forma concisa e objetiva os medos e os anseios da mente humana. A primeira divisão da obra, intitulada “monstros em nós”, é uma análise profunda da tomada de decisões e caminhos da mente humana por meio de erros, fracassos ou escolhas mal resolvidas. Como dito no poema “vozes”, “tenho medo que me destrua. A voz que escuto parece não ser sua”. Essa é uma confissão autodeclarada de alguém que está com problemas mal resolvidos em relação a si próprio e ao descontentamento do fim de uma relação. O desfecho de um grande ápice amoroso. Assim sendo, sua problemática segue o assombrando em “esse eco só vai continuar”. O problema descrito no poema de abertura segue sendo explorado no poema seguinte, “solos de vidro”, onde o autor faz alusão a uma flor que migrou do solo para um solo carregado de vidros, onde, claro, não pode florescer, pois, como o poema se finaliza, “solos de vidro não são para flores, pois solos de vidro não guardam amores”. Levando em consideração que toda a primeira parte carrega um forte sentimento de perda de identidade, de amor e de abandono, podemos, de fato, concluir que este capítulo remete a uma série de reflexões profundas acerca das relações humanas, das dependências emocionais e do agravamento de sentimentos por delírios e problemas emocionais, que, em síntese, precisam ser tratados, mas que, poeticamente falando, são lindos e intensos.

A segunda parte da obra intitulada “metanoia” é uma parte que aborda o processo de ressignificação e superação. O poema de abertura, “estações”, é a descrição perfeita de como somos acometidos por reflexões e pensamentos que moldam quem somos durante momentos específicos da nossa vida, como durante o processo de conhecimento de alguém para se amar. O poema nos fala sobre alguém que está precavido emocionalmente. Ele entende que essa pessoa trouxe um frescor e uma novidade que antes se fizeram ausentes, mas ele também entende que todo frescor pode se tornar em frio ou dependência. Então, diferente do narrado anteriormente no primeiro capítulo, aqui, há uma poderosa introspecção poética sobre amor próprio: “uma andorinha só pode não fazer verão, mas um coração bem ancorado não vai ser despedaçado por uma simples estação”. Já o poema ''ciclos'' é o reconhecimento de que tudo se finda, e claro, uma poderosa reflexão de que ''um círculo que se encerra traz renovação''.

A terceira parte da obra, “fragilidade”, fala sobre os resquícios de alguém maltratado pelo amor. O eu lírico do poema traz em suas palavras reflexões acerca dos impasses emocionais tomados pela vida, que tornaram as relações mais complexas e baseadas em insegurança. No poema “quebrado”, o autor nos diz: “Mas você me fez assim, deixou marcas em mim, me acorrentou, e o pior de tudo é que você me amou”. As marcas das relações passadas também ecoam por todos os poemas e se fazem ainda mais presentes no poema “anacronismo”: “Não consigo parar, não consigo seguir, só consigo sentir o presente esvair” e, novamente: “Mesmo quando devia me sentir completo, isso sempre acaba parecendo incerto”.

O quarto e último capítulo da obra, intitulado “histórias”, é o resumo de todos os outros efeitos. Aqui, o autor tece belíssimas reflexões de resiliência e autocrítica: “Quem construiu os degraus do passado?”; "Cada um carrega o seu próprio portal, um caminho só seu, um mundo individual”. Em síntese, o autor cria uma atmosfera altamente inflamável, seus poemas penetram a alma e o sentimento de impotência e fraqueza. Sua escrita é poderosa e verossímil, e não há o que se dizer, apenas sentir. Certamente, espero que o autor trilhe caminhos sob essa mesma ótica e perspectiva, pois brilhará na poesia como nunca alguém brilhou. Uma leitura apaixonante.

[RESENHA #679] Acorrentada pela mente, de Claudia Carvalho

APRESENTAÇÃO

Ser filha de uma portadora de doença psiquiátrica, além de não ser bom, traz muito sofrimento. Não é bom, porque você não pode contar com a mãe em nenhum momento, pois ela quem precisa de ajuda. Traz sofrimento, além de sensação de abandono, rejeição e, como se não bastasse, ainda tem o preconceito em todo lugar que você passa. Preciso destacar que os rótulos que recebi foram duros de aguentar, como: Aquela ali é a filha da doida; Claudia tem duas caras; Nossa, que gênio difícil a Claudia tem!; Será que ela é doida igual à mãe dela?

Sentia-me diferente o tempo todo e ficava com muito medo de ter herdado o transtorno afetivo bipolar que ela tinha. Minha mãe biológica não está mais entre nós, ela se foi aos 58 anos de idade e eu sinto muito, porque só agora percebo a dimensão do peso que ela carregava nos ombros. 

Espero profundamente que essa obra literária desperte pessoas que ainda não se atentaram para esse e outros transtornos que dificultam a vida, como, manter um relacionamento, permanecer num emprego, preservar amizades. Hoje me trato com psiquiatra, hipnoterapia, medicamentos, meditação e, a melhor parte, aprendi a me amar e a cuidar daquela criança que ficou abandonada lá atrás. Garanto que este livro irá te surpreender! 

RESENHA

Acorrentada pela mente é um livro biográfico escrito pela autora e jornalista capixaba Cláudia Carvalho, lançado através do selo Voe da Editora Flyve. O livro apresenta como proposta a exposição dos acontecimentos na vida da autora em relação à doença mental da mãe.

Já no primeiro capítulo a autora aborda sobre como sua mãe quase a abortou enquanto ainda estava internada em um manicômio, apresentando quadros graves e diversas tentativas de acabar com a gestação. A introdução é realizada em poucas linhas, sem grandes detalhes ou proporções, com uma apresentação trabalhada com poucos detalhes e pouco foco, o que não fomentam maiores esclarecimentos acerca deste período.

A narrativa segue uma ordem não-linear abordando temáticas sobre um episódio em que sua mãe tentou jogá-la de uma ponte para se afogar em um rio próximo, um episódio de hepatite A causados pela contaminação (e talvez ingestão) de água poluída por na época morar próximo de um ribeirão, abusos sexuais sofridos por parentes, depressão na primeira gravidez, a fome e os problemas decorrentes da ausência de apoio, auxílio ou socorro, o pai desconhecido, os períodos difíceis com os apelidos que as pessoas lhe davam pela condição de sua mãe, dentre tantos outros.

Por mais que obras biográficas sejam em sua essência impactantes, acredito que, a autora descreveu sua história com pouco foco e trabalho. As histórias de desenlaçam na mesma proporção e rapidez com as quais se diluem, não há um trabalho introdutório de cada episódio em sua vida, tudo é jogado ao ar de forma desmedida e sem nenhum empenho descritivo acerca dos períodos, talvez, por ausência de lembranças, pela pouca idade durante os períodos difíceis em sua vida, pela infância tomada ou por qualquer ausência de esforço de pesquisa que fomentasse grandes debates e descrições dos acontecimentos.

Ainda que a doença da mãe seja o ponto principal da narrativa, a obra em si, fala basicamente sobre a vida da autora e do impacto da doença da mãe em sua vida. Ela descreve períodos difíceis para lidar com os acontecimentos, tornando assim, o acontecimento central secundário, uma vez que toda noção de dor e sofrimento da mãe é basicamente eliminada, não havendo assim, noção da filha em relação à dor da mãe, criando assim, uma teia de acontecimentos que sempre retornam ao ponto de loucura da mãe, colocando-a como vilã e causadora de todos os problemas, uma vez que, um problema mental a impedia de participar da vida da filha como noutros lares.

A descrição chave da obra não está nos capítulos, mas na descrição da obra, quando a autora cita: Ser filha de uma portadora de doença psiquiátrica, além de não ser bom, traz muito sofrimento. Não é bom, porque você não pode contar com a mãe em nenhum momento, pois ela quem precisa de ajuda. Traz sofrimento, além de sensação de abandono, rejeição e, como se não bastasse, ainda tem o preconceito em todo lugar que você passa.

O que podemos perceber é que não, a autora não herdou a doença da mãe, apenas se afundou profundamente em uma depressão tomada por lembranças horríveis de seus períodos com sua mãe e as dificuldades da vida, o que a fez buscar ajuda e auxílio para retomar sua vida.

Uma obra interessante para uma leitura rápida, mas há diversos pontos que necessitam de uma repaginação, talvez, numa segunda edição com mais afinco, detalhes e confissões mais descritivas.

A AUTORA

Claudia Carvalho, 49, reside atualmente em Piúma, litoral sul do ES; é mãe de dois filhos, graduada em Letras/Língua Portuguesa-Literatura, amante da natureza, dos livros e apaixonada por uma boa conversa entre familiares e amigos.  Filha primogênita, criada por sua avó materna, em Guaçuí, sul do ES, devido sua mãe biológica apresentar, ainda na gestação, problemas psiquiátricos graves, Claudia teve uma infância e adolescência não muito fáceis. Filha de um pai desconhecido, fato que a incomodava muito na juventude e vida adulta também. Tudo sempre foi muito difícil de compreender. Mudanças constantes no humor, que a levavam ao fundo do poço e a traziam à superfície em longos ou curtos espaços de tempo.  Neste livro a autora fala sobre os momentos mais difíceis que marcaram sua alma. Aqui, nestas linhas, talvez você, leitor(a), se identifique com alguma situação e passe a se ajudar ou ajudar alguém que conheça com uma história parecida.   

[RESENHA #597] O garoto que salvou o pop punk, de Alexander Cooper


APRESENTAÇÃO

Já pensou como seria viver em um mundo onde guitarras, baterias e bandas de Rock são proibidas? Janick e sua turma não tinham conhecimento sobre o que era nada disso, pois no passado, com o avanço do movimento Punk, o governo do mundo todo decidiu proibi-las. Porém, com a ajuda de um velho sábio, o grupo de adolescentes rebeldes enfrenta muitas dificuldades para conseguir lutar pelos seus sonhos, ao som de músicas bastante inspiradoras.

RESENHA


O garoto que salvou o pop punk é um livro de ficção [distopia] escrito pelo autor Alexander Cooper e editado pela editora Flyve. A obra é, segundo o autor, um resgate dos anos dourados do pop punk na cultura brasileira que foi perdendo fãs e adeptos com o passar dos anos, desta forma, o livro funciona como um mecanismo de conexão entre o leitor e o estilo musical. O enredo é totalmente desenvolvido dentro de uma analogia com a realidade, o autor trabalhou a noção de abandono e esquecimento real [da diminuição do público do pop punk] assimilando-a com uma proibição no enredo, em síntese, a obra é uma forma de mostrar que é possível resgatar o estilo musical que imperou por longos anos nas rádios e no gosto popular, funcionando como um catalizador e resgatador de bons momentos, músicas e shows, a fim de provocar no leitor, não apenas o resgate pelo gosto pelo pop punk, mas pelos tempos áureos e solenes destes momentos na vida das pessoas.

O primeiro capítulo do livro welcome to my life, é também título de uma canção de uma banda de rock intitulada simple pan, que teve seu lançamento no ano de 2004, permanecendo nas paradas por quase dez anos consecutivos. Assim como na letra da música, o personagem, Janick Zem, encontra-se em uma fase em que ele sente como se ninguém o ouvisse, como se quisesse fugir ou se sentir vivo novamente, como quando tocava em sua banda com seus amigos da escola: Colson e Landon.

[...] minha garagem é grande, assim podemos ensaiar sem problemas. Como não temos muitos artistas pelo mundo, não é difícil conseguir agradar, e as músicas são fáceis de tocar e cantar. Criamos nossa banda faz dois anos e a chamamos de ''idiotas'' -- welcome to my life, p. 9

o capítulo dois, kill the dj, alusivo à música de da banda Green Day, narra o episódio em que os garotos descobrem um novo ritmo em ascensão das baladas - música eletrônica -  providos por uma máquina por intermédio de uma pessoa chamada Dj (p.11), o que provocou exaustão e ansiedade nos membros da banda, que tentaram se enquadrar no novo estilo musical para não perderem público, até descobrirem que de fato, aquele não era o ritmo da banda. A noite foi marcada pela tristeza do não comparecimento do público esperado, o que os lembrou do dia em que tocaram no colégio, que foi tão ruim quanto.

Deste momento em diante a narrativa ganha forma, aqui, os garotos encontram um novo integrante, aprendem novos instrumentos, gravam, tocam em alguns lugares, encotram-se com haters e claro, a proibição do gênero musical, o que impactaria de forma negativa toda história construída pela banda, o que ocasionou em um julgamento que foi acompanhado por milhares de pessoas que assistiam o julgamento:

[...] chegamos fazendo piadas com os jornalistas sobre a situação: tanta coisa pior no mundo acontecendo e tem gente querendo problematizar algo que não tem nada de mais. -- o julgamento, p.101 - grifos meus. 

Enfim, a obra é interessante, mas todo enredo é construído com pouco foco e clareza, a narrativa se desenvolve demasiadamente de forma descontínua, fazendo toda linha temporal dos acontecimentos não possuir nenhum grau de tensão ou surpresa, tudo ocorre de forma líquida e de forma esperada, quando abrimos a torneira sabendo que toda água irá pelo ralo. O intuito da mensagem é interessante, mas muito subestimado e elaborado com pouco foco, talvez, o autor possa reescrever a obra em um ou dois volumes dando foco e ênfase nas vias de fato, pois pela quantidade de acontecimentos descritos e a rapidez com as quais se finalizam (como no capítulo o julgamento, que é de fato, um dos principais da obra, que se finaliza em apenas quatro páginas, com um desfecho nada interessante e pouco elaborado), a quantidade de páginas torna-se incompatível. Um ótimo livro para quem gosta de leituras curtas e se identifica de alguma forma com o gênero proposto. 

[RESENHA #596] Convencional 80s, de Rodrigo Seara

APRESENTAÇÃO

No seu livro de estreia, Rodrigo Seara nos apresenta 12 contos que transitam por diversos gêneros e sensações, desde o horror repulsivo ao romance de beira de estrada. São histórias fortes, bem elaboradas e baseadas na experiência de alguém que ocupa seu tempo livre com muito “rock”, filmes e autores perturbados.

RESENHA


Convencional 80s e outras histórias é o primeiro livro do autor mineiro  Rodrigo Seara. Editado pela Flyve editora, o livro possui em sua estrutura um emaranhado de contos de terror em suas páginas, cada qual com sua particularidade criativa. As narrativas dialogam-se em categorias não arbitrárias do imaginativo popular, os contos desenvolvem-se em poucas páginas como crônicas e delineiam acontecimentos de horror reflexivo, em suma, o autor desenvolve os contos com uma crítica social nas entrelinhas, a obra torna-se palpável para todo leitor que deseja uma nova experiência descritiva no universo do terror.

O primeiro conto, a velha no telhado, é um conto inovador que ocorre de forma rápida entre a pausa inicial do primeiro acontecimento para o desenvolvimento do clímax, o que torna a leitura mais popular, sobretudo, por sua descrição lenda-urbana sobre uma senhora de dedos longos, queixo fino e unhas quebradas que arranha a madeira de uma antiga antiga e assombra um garoto gorducho, que passa então, a deter o medo em si tendo como reflexo a iniciativa de nunca mais jantar. O motivo, é claro, torna tudo ainda mais lúdico e criativo.

Em, uma noite arrasada, o autor traz um miniconto reflexivo acerca de um escritor em busca da escrita perfeita para um evento literário, a obra é extremamente convidativa, desenvolvendo um enredo único com uma atmosfera de suspense tenso e reflexivo. Apesar de ocupar apenas uma lauda, o conto é um fomento essencial à obra.

Convencional 80s nome homônimo à um conto presente na obra, é um conto sobre quatro amigos que se encontram para o jantar até o desfecho inesperado da noite regrado de muito flashback internacional e conversas embaraçosas e difíceis em meio ao matrimônio. O conto perfeito para alusão presente na obra.

Em síntese, a obra de Rodrigo Seara é um livro incrivelmente bem elaborado e desenvolvido, sua narrativa prolífica demonstra traços de um grande escritor que esmiuça detalhes dos acontecimentos até o último segundo, sua obra, em primeira instância, é um emaranhado poético e sofrido repleto de tensão e horror, como a proposta apresenta. Um livro para se ler todo de uma só vez.

O AUTOR

Rodrigo Seara nasceu em 2003, em Ipatinga, no interior de Minas Gerais. Amante dos filmes antigos, viciado em “rock” clássico e jogos de combate em tempo real, encontrou na escrita a melhor forma de expressar sua engenhosidade criativa.Seu conto de estreia, “Noite Arrastada”, foi um dos selecionados para compor a antologia “+Humor, Por Favor”, do selo Off Flip. E agora lança sua primeira obra solo neste livro de contos.

[RESENHA #595] O poder transformador da comunicação, de Allan Marques


APRESENTAÇÃO

"Você é quem você diz que é. Você faz o que você diz que é capaz de fazer. Você tem o que você diz que merece ter. Você chegará aonde você diz que é capaz de chegar" 

Já se perguntou como um simples carpinteiro conseguiu se tornar conhecido em todo o mundo como Jesus Cristo, o filho de Deus? E qual seria a probabilidade de um músico que perdeu a sua audição conseguir realizar o inimaginável: compor músicas apesar da surdez? E como poderia um homem que perdeu o seu filho primogênito criminosamente, além de ter sofrido os horrores dos campos de concentração nazistas, onde morreram parentes, amigos e esposa, ainda assim ser capaz de reunir forças para viver uma vida longa e feliz? Todas essas histórias e muitas outras que você encontrará neste livro, são reais e só foram possíveis de acontecer por causa da existência de um poder capaz de exercer o domínio sobre todas as coisas, inclusive aquelas aparentemente impossíveis. Convido você a conhecer esse poder que habita em cada um de nós para que seja capaz de usá-lo a seu favor e, assim, mudar a rota do seu destino.

RESENHA

Eu nunca nunca gostei de livros de autoajuda, certa vez, uma amiga me disse que os livros deste gênero só ajudam os responsáveis por sua escrita, desde então, me dediquei a não ê-los mais, pelo simples fato de ter em mim essa convicção não nasceu dentro de mim, mas da experiência de outra pessoa sobre algo pela qual eu não havia experienciado. Que triste engano eu estava. O livro o poder transformador da comunicação, de Allan Marques é uma proposta diferente da qual estamos habituados, sua escrita é menos focada na resolução de problemas, e mais no poder existente dentro do querer mudar e sentir essa necessidade de se conhecer a ponto de conseguir desenvolver qualquer habilidade ou planejamento por meio do poder da crença em si mesmo, e isso é o oposto do qual estamos habituados.

A obra não é um convite dogmático religioso, nem sequer se propõe a tal como imaginamos, ela é além de nossas expectativas, o autor usa uma escrita fluida dentro de aspectos linguísticos que fomentam uma série de reflexões acerca de grandes personalidades e influências artísticas e sociais para descrever o quão longe podemos chegar apenas acreditando em nosso próprio potencial. É claro, a maioria dos livros de autoajuda possuem um gatilho semelhante, mas aqui, não há uma formula mágica para o desenvolvimento de uma válvula de escapa, pelo contrário, ela nos convida a olhar ao nosso redor e conhecer nossos focos e objetivos, que agora, não mais se encontram em estagnação concreta, mas objetiva, em suma, a escolha de permanecer igual ou mudar torna-se linear, não decisiva.

Para tal, o autor inicia a obra fazendo um paralelo do mundo existente atual, para ele, o cérebro é uma máquina do tempo poderosa capaz de transformar nossos dias, pelo simples fato de sermos a única espécie capaz de navegar entre passado, presente e futuro, e esse poder usado de forma errônea pode nos levar à parada reflexiva, tornando nossos dias reflexos constantes do ontem e do amanhã, não sendo focado no agora. Esse poder de reflexão ocasiona em depressão, ansiedades e sentimentos de impotência. A narrativa do autor, procura, de certa forma, estabelecer uma conexão entre o que fazemos que fomentam nossas problemáticas e o que deixamos de fazer quando nos encontramos paralisados pelo medo e pela incerteza.

A industria do entretenimento fatura milhões todos os anos, e isso se deve, talvez, ao fato de que as pessoas recorrem constantemente à uma válvula de escape para os próprios problemas, ignorando a existência de momentos que necessitam de um ponto final e de uma parada reflexiva, uma vez que a fuga da realidade proporciona e fomenta momentos de tensão ansiosa e depressiva, uma vez que tornamo-nos reféns daquilo o que ignoramos e não se é resolvido.

Toda narrativa é focada no poder do desenvolvimento do intelecto humano, não somente sua capacidade de criar e inovar coisas todos os dias, mas por sua ferramenta mais poderosa: a da reflexão. O subconsciente nos possibilita um exercício constante de reflexão e crescimento em nós e em nossos caminhos, projetando-nos para onde desejamos ou almejamos estar.

O que já foi escrito pode ser reeditado. O que foi programado pode ser reprogramado. O que foi destruído pode ser reconstruído. Basta saber utilizar as ferramentas certas e da forma correta. -- Allan Marques, p. 9

O ser humano é único, cada um de nós possui histórias e momentos que moldam quem somos, como enxergamos tudo ao nosso redor e como reagimos à notícias, momentos e aos mais diversos sentimentos. Uma mesma experiência traumática entre duas pessoas possui singularidades e particularidades diferentes, isso porquê o que afeta um de uma maneira, não necessariamente afetará o outro. Para tal, faz-se necessário do uso da programação neurolinguística.

A Programação Neurolinguística (PNL) é uma abordagem que explora a relação entre os processos neurológicos (neuro), a linguagem (linguística) e os padrões de comportamento aprendidos através da experiência (programação). Ela foi desenvolvida na década de 1970 por Richard Bandler e John Grinder, com o objetivo de entender e modelar a excelência humana.

A PNL parte do princípio de que nossos pensamentos, emoções e comportamentos estão interligados e influenciam uns aos outros. Ela explora como as pessoas processam e dão significado às informações, como constroem suas crenças e como esses processos afetam sua comunicação e comportamento.

O funcionamento da PNL baseia-se em técnicas e estratégias que visam identificar e modificar padrões de pensamentos e comportamentos limitantes, buscando substituí-los por padrões mais positivos e construtivos. Isso é feito através de várias abordagens, como a modelagem de comportamentos de sucesso, a reestruturação de crenças limitantes e a utilização de técnicas de comunicação eficaz.

Os benefícios da PNL para a vida do ser humano são diversos. Algumas das principais vantagens incluem:

1. Autoconhecimento: A PNL ajuda as pessoas a entenderem melhor a si mesmas, seus pensamentos e emoções, permitindo uma maior consciência de si e dos outros.

2. Melhoria na comunicação: Através do estudo e aplicação da linguagem e da comunicação, a PNL proporciona ferramentas para uma comunicação mais eficaz e assertiva, melhorando relacionamentos pessoais e profissionais.

3. Desenvolvimento de habilidades: A PNL pode ajudar a desenvolver habilidades específicas, como liderança, negociação, resolução de conflitos e persuasão, através da modelagem de pessoas bem-sucedidas nessas áreas.

4. Superar limitações e crenças limitantes: A PNL oferece técnicas para identificar e modificar crenças e comportamentos limitantes, permitindo que as pessoas superem obstáculos e alcancem seus objetivos.

5. Melhoria no desempenho: Através da aplicação da PNL, é possível aumentar o desempenho em diversas áreas, como esportes, carreira profissional e desenvolvimento pessoal.

6. Gestão emocional: A PNL oferece ferramentas para lidar com emoções negativas, como medo, ansiedade e estresse, permitindo uma maior gestão emocional e bem-estar emocional.

É importante ressaltar que a PNL é uma abordagem que pode ser aplicada em diferentes contextos e áreas da vida, e seus benefícios podem variar de acordo com a pessoa e a forma como é utilizada. É recomendado buscar profissionais qualificados e certificados em PNL para uma aplicação adequada e segura dessa abordagem.

A obra também estuda os efeitos do medo e da depressão na vida do ser humano, apresentando momentos e figuras importantes da história para ilustrar o poder da tomada de novos caminhos e horizontes por meio do poder da iniciativa. Em suma, uma obra primorosa, pronta para todo leitor desbravar e se reencontrar em suas páginas.

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